Após conduzir milhares de foliões em dois blocos durante o carnaval, Aline Calixto ainda quer mais. Neste sábado (4/3), a cantora volta ao Bloco da Calixto para uma ressaca da folia, com convidadas especiais e participação de outros atos do carnaval de BH durante a festa. Com ela, sobem ao palco Pri Glenda, do bloco Juventude Bronzeada, além de Dona Ana Eliza – matriarca do samba de BH e compositora da velha guarda, com mais de 700 canções registradas. Para Aline, a forte presença feminina na construção da festa de rua em BH demonstra a potência de uma luta coletiva. “Fico imensamente feliz com o número cada vez maior de mulheres à frente da nossa festa. Seja na produção, na comunicação, tocando instrumentos, compondo, cantando, puxando trios. Isso mostra a nossa força em várias frentes. Ter a presença crescente das mulheres na cadeia produtiva do carnaval diz muito sobre os espaços que queremos e vamos ocupar”, ela observa.

Na capital, os blocos fundados e tocados por mulheres são pensados como espaços seguros para mães e crianças, além de endossarem o discurso contra assédio e violência de gênero – tanto na comunicação e preparação para o desfile como durante o cortejo. “O fato é que um carnaval com mais mulheres nos possibilita uma maior escuta sobre nossas pautas, fortalece nossa luta contra o machismo e a misoginia”, diz Calixto, que neste ano homenageou mulheres que fizeram história no mundo da música em seu desfile. O repertório de sábado será similar ao do carnaval, com canções de Beth Carvalho, Elza Soares, Marília Mendonça, Maria Bethânia, Ludmilla, Anitta e Gal Costa, entre outras estrelas. 

O Filhas de Clara, outro bloco da cantora, também presta homenagem ao trabalho de uma grande artista. Fundado em 2019, é totalmente formado por mulheres e dedicado ao legado da mineira Clara Nunes, com repertório de samba. O ritmo é especialidade de Aline, integrante de uma geração vibrante de sambistas que ajudaram a consolidar BH na cena nacional. Mas no carnaval, ela explica, é hora de passear por outros gêneros. “Eu canto samba o ano inteiro, quando chega no carnaval, dou uma roletada por outras bandas, me permito cantar um pouco de tudo que gosto. O Bloco da Calixto tem samba, mas ali ele não é o carro chefe”, diz a artista. Sobre o trio elétrico, ela interpreta sucessos de divas estrangeiras como Madonna, Beyoncé e Rihanna – mas não abre mão de cantar D. Ivone Lara.

A abertura da Ressaca de Carnaval fica por conta do Bloco Afro Periférico OriSamba, da Vila Senhor dos Passos, na Pedreira Prado Lopes. Fundado no terreiro de umbanda Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente, o bloco leva ao carnaval de rua as belezas, cores e ritmos da cultura afro-brasileira. No repertório, uma homenagem às mulheres do axé e às orixás femininas, as Iabás. Neste caminho, o desfile do Orisamba se integra perfeitamente à homenagem que o Bloco da Calixto propõe às mulheres e ao feminino.

Bloco da Calixto – Ressaca de Carnaval
04/03 (sábado) no Catavento Cultural (Rua Ozanam, 700 – Ipiranga)
Abertura da casa: 16h. Início dos shows: 18h
Ingressos a R$ 20 disponíveis no Sympla