'Comadres' conta história de rivalidade entre vizinhas no interior de Minas, mas usou capital como cenário
O estilo de vida do interior de Minas – com muros baixos, vizinhos que tentam saber de tudo e fofocas em níveis bem altos – serve como pano de fundo para a história de Natal do filme ‘Comadres’, que estreia na tela da TV Globo na tarde do dia 24/12. A trama acompanha os conflitos de duas vizinhas que se detestam e mantêm viva uma rivalidade que já dura 50 anos, apesar de morarem uma ao lado da outra. A chegada de um novo padre na paróquia, somada à organização de uma peça sobre o Natal, são os fatores que podem transformar a história das duas.
O filme rodado em BH traz nos papéis principais duas atrizes de destaque na dramaturgia do estado. Rita Clemente, diretora, atriz, professora e uma referência para o teatro mineiro, dá vida à vizinha Terezinha. Na TV, ela estreou na minissérie ‘A Cura’ (2010) e passou por novelas como ‘Liberdade, Liberdade’, ‘Amor à Vida’ e ‘A Vida da Gente’. Já sua rival, a comadre Guiomar, é interpretada pela pernambucana Magdale Alves, que há anos mora e atua em BH, colecionando passagens por filmes como ‘Amarelo Manga’ (2003), ‘Árido Movie’ (2006) e o curta ‘Eletrodoméstica’ (2005).
“Com muito humor, o filme deixa a mensagem de que polarização é uma bobagem porque cada um tem o seu pensamento e o respeito deve ser mútuo”, adianta Magdale. A história da briga entre as duas vizinhas alcança um significado maior e mais universal, à medida em que o conflito é alimentado por ambas as partes até virar uma implicância de estimação. “Comadres passa uma mensagem muito clara sobre o quanto o ódio entre pessoas pode arruinar projetos, famílias e uma comunidade inteira. O filme oferece muitas outras reflexões, tudo com muito humor, o que é o melhor”, diz Rita Clemente.
A produção tem roteiro e direção assinados por mulheres, e a história cria situações em que a rivalidade feminina é questionada e apontada como um problema. “O filme aborda a armadilha do machismo estrutural sobre a competição feminina, tão estimulada na nossa sociedade. É também por uma personagem feminina que isso é denunciado: Natália, a neta de uma das protagonistas, apresenta a elas e ao público o conceito de sororidade”, antecipa a roteirista Pilar Fazito.
Como as gravações ocorreram em Belo Horizonte, a produção do longa precisou adaptar parte da Vila da Infraero e do Aeroporto da Pampulha para criar um cenário de cidadezinha interiorana. “Foi um trabalho impecável. A produção conseguiu encontrar casas que tinham um muro igual ao que eu havia imaginado”, conta a roteirista Pilar Fazito. “Na história, o muro é essencial porque simboliza a resistência que as mulheres nutrem uma pela outra”, ela explica.
O próprio aeroporto foi transformado na rodoviária da cidade fictícia de Ibiaci, onde o longa se desenrola. As partes internas das casas também foram usadas como cenário, e para isso foram necessárias reformas em boa parte dos cômodos. “Não usamos a cozinha original de nenhuma das casas. Tivemos que construir cenograficamente. Tínhamos pouco tempo para as filmagens, então a logística era uma parte fundamental para entregar tudo no prazo. E o resultado foi incrível, muito gratificante”, comemora a diretora de arte, Carolina Gomes.