Gustavo Giacchero começou no mundo dos vinhos tomando a bebida “de garrafão” e já ocupou o posto de Embaixador dos Vinhos Alentejo
O sommelier mineiro Gustavo Giacchero, que está à frente do serviço de salão do restaurante Pacato, em Lourdes, é o novo Embaixador do Vinho Verde no Brasil. Promovido pela Comissão de Vinicultura da Região dos Vinhos Verdes, em Portugal, o título tem duração de um ano e visa aumentar a notoriedade e o conhecimento sobre os vinhos da região em território brasileiro por meio de degustações, sugestões de harmonização e viagens por outras cidades e estados do Brasil.
Esta não é a primeira vez que o itabirano radicado há 40 anos em Belo Horizonte recebe um título de Embaixador. Em 2020, ele foi eleito para o mesmo posto, só que dos Vinhos Alentejo, concurso promovido pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana de Portugal, que tem no Brasil o seu maior mercado internacional, em valor e em volume de litros. Gustavo, que começou no mundo dos vinhos tomando a bebida “de garrafão”, também já atuou como gerente de alimentos e bebidas do Hotel Fasano, em BH, que inclui o restaurante Gero e o bar Baretto.
Confira abaixo a entrevista do Sou BH com o novo Embaixador do Vinho Verde no Brasil.
Você lembra a primeira vez que tomou vinho? Foi amor ao primeiro gole?
Comecei tomando “vinho de garrafão” em festas de exposição rural pelo interior de Minas. Confesso que não foi amor à primeira vista. Mas lembro perfeitamente quando foi a primeira vez que comprei e tomei uma garrafa de vinho fino. Foi em 2002, um argentino, o San Telmo Malbec, e foi a primeira vez que consegui identificar nuances aromáticas e gustativas que andava lendo em algumas teorias. A partir deste momento, afirmo que foi amor à quase primeira vista.
O que te motivou a buscar a carreira de sommelier?
Tive a oportunidade de morar por um tempo na Itália. A intenção era estudar web designer no Instituto Europeu de Designer, em Torino. Por lá tive a oportunidade de fazer alguns extras de garçom e comecei a ter contato mais direto com o vinho. Fiz alguns cursos básicos para iniciantes por lá, nada de mais. Mas quando voltei para o Brasil, em 2005, vi um mercado totalmente carente de profissionais e uma demanda grande para sommelier. Aí sim me dediquei de corpo, alma e muitas taças para a profissão. E foi um caminho sem volta.
Como é seu dia a dia como sommelier?
Muito estudo. Eternamente! Tem que dedicar à leitura, tem que ser curioso. É um mundo muito amplo de informações, e nunca se sabe tudo. Muito trabalho nos salões dos restaurantes ou no piso de loja. E muitas, muitas horas diárias de dedicação. E “litragem”, né? Tem que degustar vinhos diariamente. É raro, muito raro um dia que não se degusta um vinho.
Quais as vantagens de ser um sommelier? E as desvantagens?
O conhecimento! Conhecer os vinhos, a cultura, a geografia, a história e principalmente as pessoas de vários países. O vinho é um elemento socializador desde que o mundo é mundo, e viver disso é uma benção. Do ponto de vista das desvantagens, a sua vida social fica muito restrita. Este é o preço caro a ser pagar para ser um bom sommelier.
Como foi o processo para se tornar Embaixador do Vinho Verde no Brasil? Muitas viagens para Portugal?
Fui convidado para participar da primeira edição do SomMeet Vinhos Verdes, que aconteceu em novembro do ano passado. Foi uma semana de imersão na região dos Vinhos Verdes, conhecendo pelo menos três vinícolas por dia. Entre nós, tinham sommeliers do Canadá, Estados Unidos, México, Portugal, Rússia e eu e mais dois do Brasil. Além de conhecer muito sobre a região, sua cultura, história, gastronomia e vinhos, foi uma ótima oportunidade de conhecer de perto sommeliers de outros países. No final, fizemos uma prova para termos o certificado do SomMeet 21, e tive a honra de ser aprovado.
Há outros embaixadores no Brasil ou você é o único? Você conhece embaixadores dos vinhos verdes de outros países?
No Brasil fui escolhido para ser o Embaixador dos Vinhos em 2022, que para mim é uma honra e uma responsabilidade muito grande — e uma baita felicidade, já que é a segunda vez que ocupo este cargo, porém de regiões diferentes. Em 2020, fui Embaixador dos Vinhos Alentejanos depois de ter ficado em primeiro lugar entre os brasileiros em um torneio que aconteceu em terras portuguesas em fevereiro daquele ano. Conheço bem o Embaixador dos Vinhos Verdes no México, que é o Ivan Galvan Gonzales, um dos sommeliers que estava comigo no SomMeet do ano passado.
O que faz e quais são as responsabilidades de um Embaixador do Vinho Verde? Há um treinamento prévio para a função? O que vem pela frente com essa nova função?
O principal objetivo é difundir os vinhos e a cultura do Vinho Verde por nosso país. E inserir esses vinhos na nossa cultura, na nossa gastronomia e nos nossos hábitos, que para um país tropical como o Brasil, será uma tarefa fácil, pois são vinhos que tem tudo a ver com a gente. Já temos degustações programadas para São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, que não poderia ficar de fora. E talvez apareçam outras cidades pelo país. Além das divulgações em revistas e redes sociais em geral. Em novembro, estarei novamente em Portugal para encerrar o ano como Embaixador, e trazer ainda mais conteúdo pra gente. Os brasileiros podem esperar por muito conteúdo novo que está acabando de sair do forno, ou melhor, da garrafa. Muitas degustações, muitas sugestões de harmonização e muitas viagens pelo nosso Brasil, levando a cultura deste belo vinho português que tem tudo a ver com nós brasileiros.