Autor de histórias fantásticas que marcaram a literatura mundial, Franz Kafka (1883-1924) também é responsável por uma narrativa que nunca escreveu. Conta-se que em sua cidade natal de Praga, na República Tcheca, o escritor teria encontrado uma menina que chorava após ter perdido sua boneca. Reza a lenda que, comovido, o criador de ‘A Metamorfose’ passou a escrever cartas e enviá-las à criança, como se fossem narradas pela boneca, que estaria em viagem ao redor do mundo. Essa interação nunca comprovada, que fascina leitores do autor modernista há décadas, é contada no espetáculo musical ‘Kafka e a Boneca Viajante’, que faz temporada em BH até 9/10 no CCBB (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários). Ingressos a R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 estão à venda pela internet e nas bilheterias do teatro. 

Em montagem ágil e com narrativa não linear, a peça alterna entre passado, presente e futuro enquanto desdobram-se as ações do Sr. K, vivido por André Dias, sua esposa Dora, interpretada por Lilian Valeska, e a menina Rita, papel de Carol Garcia. As cartas de K. para a pequena abrem porta para um mundo ficcional dentro do espetáculo onde a protagonista só poderia ser, é claro, a boneca Brígida, interpretada por Alessandra Maestrini. 

A base para a construção de ‘Kafka e a Boneca Viajante’ nos palcos é um livro homônimo do escritor catalão Jordi Sierra i Fabra, que ganha vida a partir da adaptação de Rafael Primot. “O livro é curto, voltado ao público infanto-juvenil e conta essa história de uma maneira simples. O desafio foi fazer um espetáculo um pouco mais profundo, levando para o universo adulto. E aí resolvi trazer elementos da vida de Kafka para a história da própria garota, coisas que o escritor passou na infância dele, como a relação conturbada com o pai. E também referências a seus livros”, explica Primot. 

O portal entre os dois mundos e os três tempos da história é costurado com recursos de metalinguagem. “O jogo cênico proposto pela dramaturgia do Rafael tem uma agilidade e eu entendi que tinha que fazer uma brincadeira teatral, com os atores se arrumando em cena, se maquiando, lembrando que é um jogo, uma brincadeira. É um combinado, um faz de conta que todos, inclusive a criança, sabe que não é real”, observa o diretor João Fonseca.  

A trilha do musical traz canções de grandes artistas brasileiros como Caetano Veloso, Candeia, Cartola, Chico Buarque, Djavan, Lenine, Raul Seixas e Rita Lee, além de composição inédita assinada por Fonseca com o diretor musical Tony Lucchesi, que também assina os arranjos. “Eu e o João tivemos liberdade para escolher canções que pudessem contribuir com a dramaturgia, ficassem orgânicas dentro do que a cena pede. E durante o trabalho com os atores nos ensaios, outras ideias foram aparecendo. Há ainda uma canção original que eu e João compusemos, cantada pela menina, num momento muito emocionante”, adianta Tony.

‘Kafka e a Boneca Viajante’
De 28/9 a 9/10 no CCBB (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)
Quinta, sexta e segunda às 19h; sábado e domingo às 17h
Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada), à venda pela internet e nas bilheterias do teatro (de quarta a segunda, das 10h às 22h)
Classificação: livre (recomendado a partir de 6 anos)
Duração: 80 minutos
Mais informações: (31) 3431-9400