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Cantora mineira viraliza com música do Cruzeiro na Irlanda

Performance nas ruas de Dublin foi visualizada mais de 850 mil vezes no Instagram


Créditos da imagem: Reprodução @jessicalimaoficial_
Jéssica Lima se apresenta nas ruas de Dublin com camisa do Cruzeiro

Pedro Grossi

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26/06/24 às 14:20
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Mineira de Belo Horizonte, a cantora Jéssica Lima se mudou este ano para Dublin, capital da Irlanda, para alavancar a carreira musical. Além do repertório eclético que canta nos pubs da cidade, a artista apresenta, nas ruas, músicas que fazem sucesso nas arquibancadas brasileiras. A canção ‘Ah, ser Cruzeiro é bom demais’, versão para o clássico ‘Anunciação’, de Alceu Valença, foi lançada há sete anos em sua página no YouTube e ouvida mais de 127 mil vezes. A música, interpretada numa praça de Dublin recentemente, teve mais de 850 mil visualizações no Instagram e havia sido adotada pela torcida cruzeirense no Mineirão em 2022, na histórica campanha que marcou a volta do clube à série A do Brasileirão.

Na entrevista a seguir, Jéssica Lima fala da sua paixão pelo Cruzeiro e dos desafios e conquistas da nova vida na Europa.

O que te inspirou a cantar uma música do Cruzeiro nas ruas de Dublin? 

Eu canto músicas do Cruzeiro em todos os lugares. Na semana que gravei o vídeo (em maio de 2024), o Cruzeiro vinha sendo muito criticado pelo momento, pelas escolhas da gestão e resultados dentro de campo. Eu tentei passar uma positividade de alguma forma e, por meio da música, eu consigo apoiar e ainda espalhar essa mensagem para todos os torcedores. Quando eu gravei a música pela primeira vez, em 2015, e o próprio Cruzeiro postou, a repercussão foi fantástica e a partir daí muita gente passou a me conhecer como a “menina do vídeo”. ‘Ah ser Cruzeiro é Bom Demais’ transmite o sentimento de pai/mãe para filho, e representa tudo que aprendi dentro de casa. 

Como você se sentiu ao ver o vídeo viralizando nas redes sociais? 

A mesma sensação de quando eu ouvi mais de 50 mil torcedores cantando Ah Ser Cruzeiro é Bom Demais, no Mineirão. É muito gratificante conseguir transmitir o sentimento Azul e Branco por meio da minha música. Nesse jogo, Cruzeiro x CSA, em 2022, quando nunca fomos tão cruzeirenses, meu pai cantou com a torcida de braços abertos e eu sabia que naquele momento ele só queria agradecer pela dimensão que as coisas tinham tomado. 

Qual foi a reação das pessoas ao seu redor quando você começou a cantar? 

Aqui em Dublin tem muito brasileiro, então sempre que eu canto músicas brasileiras na rua, o pessoal para e canta pelo menos um pouquinho. Com ‘Ah Ser Cruzeiro é Bom Demais’ não foi diferente, e acredito que consegui fazer as pessoas se sentirem em casa! 

Como começou sua paixão pelo Cruzeiro? 

Literalmente de berço! A família do meu pai e da minha mãe são Cruzeiro, graças a Deus. 

Você acompanha os jogos do Cruzeiro mesmo morando fora do Brasil? Como você faz para se manter atualizada? 

Tem sido muito complicado aqui, viu? Os jogos na maioria das vezes são 1h da manhã, mas eu tenho dado meus pulos. Durmo mais cedo e coloco o despertador para o horário de jogo. Assisto tudo, inclusive o pós jogo, na Cruzeiro Sports, e só depois  vou dormir. No dia seguinte, haja disposição para acordar cedo e assistir aula. Mas tem sido muito mais fácil nessa nova fase do time. Para me manter atualizada, eu assisto muitos canais relacionados ao Cruzeiro na academia, no ônibus e sempre que tenho algum tempo livre. Isadora minha esposa fica no meu pé. É futebol o dia inteiro.

Qual é o seu momento mais memorável como torcedora do Cruzeiro? 

O dia que eu cantei todas as músicas de arquibancada, na Caravana do Cruzeiro, em Conselheiro Lafaiete para mais de 10mil pessoas, com a presença do Ronaldo! Ali eu senti bem de perto a força da música e o amor da torcida pelo time.

Quando e como você começou sua carreira como cantora? 

Comecei minha carreira com nove anos, cantando para os amigos do meu pai nas resenhas de domingo no bairro Salgado Filho (zona Oeste de BH). Alguns meses depois, meu pai comprou nosso primeiro equipamento de som e então comecei a me apresentar no bar do Marcelo, Bar da Fátima e depois pelos demais bares em BH. Com 12 anos, fui finalista do programa Jovens Talentos no Raul Gil e sinto que, depois disso, muita coisa mudou. 

Quais são suas principais influências musicais?

Eu gosto muito de sertanejo e fui acompanhando as fases e evoluções do sertanejo ao longo da minha carreira. Então, desse gênero específico, são muitas referências. Mas na minha casa sempre fomos muito ecléticos. Isso me ajudou a ingressar nos casamentos e não sair desse estilo de eventos. Quando cheguei em Dublin, vi o quão importante era o compilado de DVDs que meu pai tinha de artistas como Bon Jovi, que estou cantando bastante aqui nos pubs.

Como a música tem desempenhado um papel na sua vida em Dublin? 

Eu também vivo de música aqui em Dublin. Tem sido incrível. Por aqui existe muito reconhecimento, os artistas são importantes. Quando eu toco na rua, posso ver o carinho que os irlandeses têm por música. Fora os turistas, que ficam encantados. 

O que te levou a escolher Dublin como seu novo lar?

Dublin não era nosso destino inicial, mas depois de algumas pesquisas descobrimos que a Irlanda é uma porta de entrada para quem tem interesse em ter experiências fora do Brasil. Além do visto de estudante permitir trabalhar algumas horas semanais, a cena musical na Irlanda é muito forte e isso foi essencial para nossa escolha. 

Como tem sido a adaptação à vida na Irlanda? Você sentiu alguma diferença cultural significativa? 

Sinto muita diferença principalmente na comida. Aqui eles comem praticamente batata e peixe e sempre muita fritura, já que existem muito mais pubs do que restaurantes mesmo. Mas a experiência tem sido muito boa. Estou desenvolvendo o inglês e as pessoas aqui são bem “mineiras” no jeito de ser. Os irlandeses no geral têm uma energia massa e puxam assunto até no ponto de ônibus (principalmente os mais velhos). Não dá pra deixar de comentar sobre o clima. Chegamos no meio do inverno e a adaptação foi bem difícil. Além dos fortes ventos, tem a chuva, que embora seja leve e passageira, faz a gente sentir ainda mais frio. Acabamos de entrar no verão e acredito que com o termômetro batendo 20°C, as coisas  vão melhorar! 

Quais são seus planos para o futuro, tanto na música quanto na vida pessoal? 

Não estou muito agarrada em planos. Quero ser feliz e aproveitar a vida. Meu trabalho me permite ter uma liberdade geográfica e financeira, então estou aproveitando disso. Meu objetivo com a música é conseguir fazer a diferença na vida das pessoas. Seja com um sorriso, uma lembrança boa ou simplesmente tocando o coração com uma música especial. 

Você pensa em voltar a viver no Brasil algum dia ou pretende continuar sua jornada internacional? 

Também ainda não sei ao certo. Mas pretendo ir ao Brasil para assistir aos jogos no Mineirão com a minha família e amigos pelo menos duas vezes no ano. 

Que conselhos você daria para outros brasileiros que estão pensando em morar fora do país? 

Só venham. É uma jornada difícil, mas se é algo que você tem vontade, tenha clareza dos seus objetivos e venha. Vale a pena. Mas a dica principal é: pesquise sobre o destino, conheça e se conecte com pessoas que já vivem no lugar, peça relatos e assista a vídeos sobre a vida por lá. Isso ajuda muito a alinhar as expectativas e deixa o processo um pouco mais leve.