Cultura

Correção: Obra de Tavinho Moura e Fernando Brant não foi reconhecida pela Unesco

Organização afirma em nota que "a notícia não é verdadeira. Jornais e sites receberam um documento falso"


Créditos da imagem: Secult/MG
O documento falso enganou até o governo de Minas Gerais, que por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, chegou a publicar uma matéria em seu site, no domingo (2), comemorando a "conquista para cultura de Minas Gerais"

Redação Sou BH

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01/01/22 às 00:00
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O Sou BH errou ao divulgar que a obra musical conjunta de Fernando Brant e Tavinho Moura, integrantes do Clube da Esquina, foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Em nota divulgada na noite desta segunda-feira (3), a Unesco afirma que “jornais e sites receberam um documento falso, com a logomarca da UNESCO e a assinatura do diretor-geral adjunto de Cultura da Organização, sr. Ernesto Ottone, que foram utilizadas sem autorização”.

O documento falso enganou até o governo de Minas Gerais que, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, chegou a publicar uma matéria em seu site, no domingo (2), comemorando a “conquista para cultura de Minas Gerais” sobre a notícia em que a obra musical conjunta dos compositores mineiros Fernando Brant (1946-2015) e Tavinho Moura havia sido reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Nota da Unesco na íntegra

“Em relação às informações divulgadas por alguns meios de comunicação e em redes sociais na última semana, sobre a suposta inclusão da obra musical dos artistas Fernando Brant e Tavinho Moura na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização esclarece que, a despeito da relevância e da importância do trabalho musical dos artistas mineiros:

A notícia não é verdadeira. Jornais e sites receberam um documento falso, com a logomarca da UNESCO e a assinatura do diretor-geral adjunto de Cultura da Organização, sr. Ernesto Ottone, que foram utilizadas sem autorização.

O documento cita o nome de Lucas Guimaraens como embaixador da UNESCO. Essa informação é falsa. A referida pessoa não é embaixadora da UNESCO.

A Organização destaca que a inclusão de um bem na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade não é uma decisão unilateral de um Estado-membro. Tal inclusão segue um procedimento definido pelo Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO. Cada Estado-membro do Comitê prepara uma lista tentativa de práticas e expressões culturais em seu território, que representem a diversidade do patrimônio imaterial e contribuam para uma maior consciência sobre sua importância. Cabe salientar que essa é uma atribuição do governo de cada Estado-membro. Anualmente, o referido Comitê Intergovernamental avalia as candidaturas dos Estados-membros e decide sobre novos bens a serem incluídos na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

A última reunião do Comitê ocorreu em novembro de 2021. A obra musical dos artistas mencionados não constava na lista de avaliação do Comitê. A lista com os bens já inscritos na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO pode ser encontrada no seguinte link: https://ich.unesco.org/en/lists (em inglês).

A UNESCO lamenta e repudia a disseminação de qualquer informação ou notícia falsa. A Organização lidera iniciativas nesse sentido: recentemente, com o apoio de especialistas, pesquisadores e profissionais de comunicação, lançou o manual “Journalism, Fake News & Desinformation”, com o objetivo de somar esforços no combate à desinformação e orientar jornalistas sobre as práticas de investigação de alta qualidade. A publicação pode ser acessada aqui: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000265552

Com o avanço da COVID-19 nos últimos dois anos, a UNESCO conduziu outra ação de combate à desinformação durante a pandemia. Uma parceria com o Instituto Serrapilheira e a Agência Lupa produziu conteúdos analíticos para a Folha de S.Paulo e o portal UOL, a partir da checagem de dados na plataforma CoronaVerificado. A base de checagens organizou informações verificadas por sites e agências de fact-checking em toda a América Latina, além da Espanha e de Portugal.

A UNESCO está apurando a origem do material falso mencionado anteriormente, que cita sem autorização a Organização, bem como tomará as providências cabíveis para responsabilizar os autores do documento”.