Gastronomia

‘Patrimônio gastronômico de BH’, Bar do Bolão completa 60 anos

Em comemoração, estabelecimento sexagenário lança novos pratos no cardápio e fecha parceria com cervejaria mineira


Créditos da imagem: Arquivo PBH
Atualmente, o Bolão está em sua terceira geração, formada por Karla Rocha, Carlos Henrique, Luiz Cláudio, Luciana e Márcia, que é irmã do fundador e pertence também a segunda geração

Thiago Alves

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12/10/21 às 12:07
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Conhecida como a “capital dos botecos”, Belo Horizonte possui somente 10 estabelecimentos gastronômicos com 60 anos ou mais de existência. O icônico Bar do Bolão, no Santa Tereza, é um deles. Fundado em 12 de outubro de 1961 pelo casal José da Rocha e Maria dos Passos com o nome de ‘Bar Rocha & Filhos’, ele funcionava onde era o extinto ‘Bar do Seu Spíndola’, na Rua Estrela do Sul, 39, no mesmo bairro.

Lá era vendido um pastel feito na casa do ‘Seu Rocha’, na rua Mármore, e levado por seu filho mais novo, Zé Maria, para ser comercializado no bar. Entretanto, no trajeto de poucos metros entre a casa e o bar grande parte dos pasteis era comprado pelas pessoas na rua mesmo, restando poucas unidades para serem vendidas no estabelecimento.

Zé Maria, então, aprendeu a fazer um tempero especial para uma macarronada. Este novo prato, que era feito num pequeno fogareiro, fez sucesso com a clientela e foi necessário investir em um fogão maior para dar conta dos pedidos. Nessa época, já instalado no endereço atual, na Praça Duque de Caxias, 288, o bar era chamado pelos frequentadores de ‘O Espaguete do Bolão’, tamanho o sucesso do macarrão.

Na década de 1990 foi criado o Bolão II, que funciona na esquina das Ruas Mármore e Tenente Durval, e oferece o mesmo cardápio do endereço tradicional. Em ambas as unidades, é possível experimentar o espaguete à bolonhesa criado pelo Zé Maria por R$ 27.

Foto: Marina Fernandes

Além desse prato que fez e continua a fazer sucesso com a clientela, outra pedida frequente dos clientes é o Rochedão (R$ 31), que leva arroz, feijão, batata, bife e ovo. Ambos os pratos são o ‘carro-chefe’ do Bolão que, antes da pandemia e durante os tempos áureos, servia cerca de 500 refeições por dia, quase 15 mil pratos em um mês.
Foto: Marina Fernandes

Atualmente, o Bolão está em sua terceira geração, formada por Karla Rocha, Carlos Henrique, Luiz Cláudio, Luciana e Márcia, que é irmã do fundador e pertence também a segunda geração. “O segredo é, sem dúvida nenhuma, o amor. Quando se trabalha com amor, não tem como dar errado. Como dizia meu tio Bolão: ‘nunca gostei de ervas, meu negócio é alho, sal e amor’. Temos essa premissa de cozinhar com carinho e afeto para chegar a mesa dos nossos clientes uma comida caseira”, explica Karla Rocha, que é neta do fundador do bar.

Foto: Arquivo pessoal

Em sua história, o Bolão já sobreviveu a ditadura militar, hiperinflação, desvalorização do real, trocas de governos e agora pandemia do novo coronavírus. Para Karla, de todas essas crises, a pior para o negócio foi a ocasionada pelo Covid-19. Em agosto do ano passado, quando os bares só podiam funcionar por delivery e o faturamento do Bolão caiu mais de 80%, a casa correu o risco de fechar as portas. “Seguramos com foco, fé, resiliência e muito trabalho. Além disso, uma andorinha só não faz verão. Sem os nossos colaboradores, amigos, parceiros e clientes, não estaríamos aqui com essa memorável marca de 60 anos”, afirma Karla.

Entre as novidades dos 60 anos do Bolão estão a volta de pratos antigos e que já fizeram sucesso na casa, como os filés tornedor e à francesa, além da parceria com a cervejaria mineira Läut, que disponibiliza chope e cervejas em garrafa da marca. Segundo João Roberto Pires, diretor comercial da Läut, essa conquista é muito importante pra cervejaria, pois agrega valor a ambos. “A Läut está em franco crescimento no mercado e agora abraça um ponto turístico de BH”, afirma.

Foto: Marina Fernandes