Cultura

Documentário “Não há sol a sós” apresenta a história do Morro das Pedras

Protagonizado por artistas, empreendedores e moradores do Morro, o filme conta com participações de Elza Soares, Carlinhos Brown, Fernanda Takai e Maurício Tizumba


Créditos da imagem: Dodó Silva
Transitando entre o empreendedorismo, o dia-a-dia de seus moradores e as artes cênicas, urbanas e visuais, o documentário amplia os sentidos e aproxima o público de uma das maiores comunidades da Grande Belo Horizonte

Redação Sou BH

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11/10/21 às 11:22
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“Não há sol a sós”, criação híbrida e coletiva que, entre relatos de vidas e montagens de dança e música, aborda a história do Morro das Pedras já está disponível, gratuitamente, no YouTube. Protagonizado por artistas, empreendedores e moradores do Morro, o filme conta com participações especiais de nomes do cenário cultural brasileiro de renome internacional, como Elza Soares, Carlinhos Brown, Fernanda Takai, Mônica Salmaso, Adriana Moreira e Mauricio Tizumba. O filme  traz cenas gravadas em estúdio e áreas externas do Morro das Pedras e no palco do Palácio das Artes.

Dirigido pelo artista audiovisual, produtor e roteirista Chico de Paula em parceria com Lilian Nunes, o trabalho exibe a criatividade e o talento local através de cada número criado, ampliando e reverberando a diversidade de vozes e talentos do Morro das Pedras. Transitando entre o empreendedorismo, o dia-a-dia de seus moradores e as artes cênicas, urbanas e visuais, o documentário amplia os sentidos e aproxima o público de uma das maiores comunidades da Grande Belo Horizonte.

“Esse trabalho se configura a partir das particularidades que os personagens que estão envolvidos demonstram. Acho que o maior desafio é preservar a identidade e característica de cada participante. Para mim, as âncoras são os artistas do Morro das Pedras. É a comunidade. Essa comunidade é que foi se impondo cada vez mais com a sua personalidade e suas características dentro de uma diversidade muito grande de abordagens, de olhares, de formas de falar, de se comportar, de pensar. O desafio maior é conseguir preservar e respeitar o que é uma fala e postura da comunidade. Não importa o formato, o excesso de tecnicismo no tratamento do conteúdo. Isso não é o que me interessa em nenhum momento. O que me interessa é a melhor forma de preservar e respeitar a característica e identidade de cada pessoa envolvida nesse trabalho. Porque é esse conjunto de identidades que vai nos dar um pouco da dimensão do que é a comunidade do Morro das Pedras”, explica o diretor Chico de Paula.

Repertório musical

Para criar o eixo narrativo, foram selecionadas canções da MPB com temas baseados nos valores, sonhos e expectativas indicados no levantamento do Mapa Afetivo, a primeira etapa da edição 2020/21 do Programa Somos Comunidade. A pesquisa selecionou canções consagradas de autores como Ary Barroso, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Beto Guedes, Gonzaguinha, Lenine, Arnaldo Antunes, além do compositor do Morro das Pedras U-Gueto. No total, 13 músicas compõem a grande crônica afetiva da realidade do Morro, comum às periferias das grandes cidades brasileiras.     

“O fio condutor, o que harmoniza, é a entrega e o afeto.  É a certeza de que a arte salva, que arte é essencial, de que ela é tão essencial quanto o ar, a água, quanto o alimento, quanto o afeto. Ela faz parte desse belo pacote que todo ser humano precisa. Somos todos inclassificáveis, somos gente para brilhar e no sol não há sol a sós. Temos que estar juntos para cuidarmos uns dos outros. Nada fazemos sozinhos”, conta o diretor musical, Gilvan de Oliveira.

Figurino e cenário

As alunas mais novas da Escola de Artes fizeram desenhos de suas rotinas de aulas que foram utilizados em seus próprios figurinos. Da página #favelaumafotopordia, de Horacius de Jesus, saíram imagens projetadas nos cenários e estampadas em figurinos de grupos de balé clássico. O fotógrafo Edi Silva também cedeu imagens para os cenários e junto a Raisson Lucas e Mari Flor Canuto, oficineiros do Somos Comunidade, somaram o resultado de seus trabalhos em instalações de fotos e grafite produzidas por professores e alunos nos muros da Graminha, cenário do clipe de uma das canções. Mari Flor grafitou também os figurinos das danças urbanas e produziu ilustrações que marcam lembranças preciosas da comunidade durante o documentário. Camisas doadas por médicos cooperados da Unimed-BH foram customizadas para vestir os bailarinos de um dos grupos convidados.

Foto: Elcio Paraíso

Comunidade participativa

A participação de dezenas de organizações, lideranças, empreendedores, artistas e moradores do Morro das Pedras na construção do Somos Comunidade foi ativa e constante. Muitas vocações e expectativas contempladas durante as etapas do projeto foram identificadas no HackaCom, encontro que discutiu propostas de alavancagem e desenvolvimento de negócios, além de apontar as demandas por formação profissional percebidas pela comunidade.

Este potencial foi amplamente aproveitado também na produção do documentário “Não há sol a sós”. Mais de 30 pessoas do Morro das Pedras foram contratadas no apoio direto às demandas de produção, gravação, logística, transporte, segurança, limpeza, alimentação e preparação dos locais de gravação. Estes moradores também indicaram os becos, vielas, lajes, locais de gravação e, principalmente, personagens marcantes da comunidade para o adequado registro de imagens e depoimentos conforme as previsões de roteiro. 

Assista no player abaixo o documentário “Não há sol a sós”

O filme é o produto da etapa final do Programa Somos Comunidade edição 2020/21, patrocinado pelo Instituto Unimed-BH e realizado em parceria pela Coreto Cultural.