Símbolos da Mata Atlântica, animais são os primeiros da espécie Mico-leão-preto nascidos ao longo de 61 anos do zoo da capital
Neste domingo (28) é comemorado o Dia do Mico-leão-preto e a
data será celebrada de forma diferente no Zoológico de Belo Horizonte. Isso
porque, no último dia 6, nasceram dois filhotes gêmeos da espécie, símbolo da
Mata Atlântica.
O mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) é uma
das espécies de primatas mais raras e ameaçadas do mundo. Ocorrendo apenas no
oeste do estado de São Paulo (nos remanescentes de Mata Atlântica), o animal já
foi considerado extinto da natureza por muitos anos e, ainda hoje, sua situação
é grave por ser criticamente ameaçado de extinção.
Os filhotes do Zoo de BH são os primeiros da espécie
nascidos ao longo dos seus 61 anos e resultam da chegada de um macho de 5 anos
de idade, em julho de 2020, para viver com a fêmea, de 7 anos, que embora tenha
tido outro parceiro desde que chegou ao Zoo, não chegou a reproduzir. Ambos os
adultos vieram da mesma instituição em momentos distintos, a Fundação Parque
Zoológico de São Paulo, por meio do Plano de Ação Nacional para Conservação dos
Mamíferos da Mata Atlântica.
O sexo dos filhotes do Zoo de BH ainda é desconhecido.
Isso porque durante os primeiros dias de vida, técnicos adaptam a rotina de
cuidados para promover o mínimo de contato possível, reduzindo possíveis
perturbações à família e situações de estresse aos animais, que estão dedicados
a cuidar da cria. Nesta espécie, inclusive, não é raro ver o pai carregando os
filhotes, já que os machos são bastante participativos nos cuidados com a
família.
Valéria Pereira, chefe da seção de mamíferos do Zoo de BH,
explica que a formação do casal, mesmo com pouco tempo de convívio, e o sucesso
da reprodução são bastante favorecidos quando existem condições ideais:
cuidados técnicos adequados, boa infraestrutura de recintos e equipe
qualificada e experiente para o manejo geral da espécie. Dentro do manejo
correto, destaca-se a manutenção de apenas um macho e uma fêmea no recinto,
além de suas crias. “Com mais machos ou mais fêmeas, podem ocorrer disputas e
até mortes”, comenta.
Os jovens filhotes de mico-leão-preto nascidos no Zoo de BH
devem permanecer no mesmo recinto dos pais por muito tempo, independentemente
do sexo ainda a ser descoberto. Valéria explica: “as crias precisam aprender a
cuidar de filhotes para também se prepararem para serem bons pais no futuro.
Isso faz parte do nosso desejo em continuar contribuindo para a conservação
dessa espécie por meio dos Planos Nacionais”.
A permanência dos filhotes no mesmo recinto dos pais ao
longo dos anos também estabelece uma hierarquia, impedindo que cruzamentos
consanguíneos aconteçam, uma vez que os pais são os dominantes do grupo.
Somente em caso de o pai ou a mãe morrerem é que a hierarquia se desestabiliza,
demandando o manejo dos demais membros para formação de novos grupos, com
indivíduos de sangue diferente. “Na natureza, estas dispersões de indivíduos
que vão atingindo a maturidade sexual ocorrem naturalmente. Já sob cuidados
humanos, torna-se necessário intervir para realizar novos pareamentos entre os
indivíduos”, completa Valéria.
Portanto, os visitantes do Jardim Zoológico de BH poderão
presenciar a família convivendo em seu recinto por bastante tempo ainda. Até
que os filhotes cresçam mais um pouco, pede-se ao visitante que continue,
especialmente agora, respeitando as normas gerais de visitação consciente ao
Zoo: manter o silêncio ao redor dos recintos (especialmente desta jovem família
de primatas), não tentar chamar a atenção dos animais, não deixar resíduos de
alimentos ou nem tentar alimentar os animais e zelar pela tranquilidade do
espaço para o bem-estar de todas as espécies.