Cultura

Cia. de Dança Palácio das Artes completa 50 anos e lança vídeo rememorativo

'Eco' propôs aos bailarinos embarcarem numa viagem ao passado, revisitando recordações e lembranças


Créditos da imagem: Divulgação
Com direção de Anahí Poty, Léo Garcia e Maíra Campos, bailarinos da CDPA, e trilha sonora do compositor Dan Maia, "Eco" representa o amadurecimento da produção audiovisual do grupo

Redação Sou BH

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26/02/21 às 13:02
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Fundada em 1971, a Cia. de Dança Palácio das Artes completa 50 anos em 2021. E para rememorar parte da história e, ao mesmo tempo, estabelecer conexões com o presente e o futuro, a Companhia lança neste sábado (27), às 10h, o vídeo “Eco”, em que bailarinos embarcam numa numa viagem ao passado, revisitando recordações e lembranças que ecoam nos corpos, nas paredes, nos espaços e nos caminhos percorridos pelo grupo até o momento. A exibição do vídeo será no Instagram e no Facebook da Fundação Clóvis Salgado (FCS). 

Com direção de Anahí Poty, Léo Garcia e Maíra Campos, bailarinos da CDPA, e trilha sonora do compositor Dan Maia, “Eco” representa o amadurecimento da produção audiovisual do grupo. Devido à pandemia, a partir de março de 2020, os artistas foram desafiados a reinventarem seus processos de trabalho, substituindo o palco e a sala de ensaio presencial por criações de obras audiovisuais.

“Eco mostra que as bailarinas e os bailarinos estão mais experientes em relação ao formato de vídeo coletivo adotado no ano passado. No entanto, o processo de criação continua sendo coletivo, mas dessa vez, se compararmos com as outras produções do ano passado, há uma direção que, como a própria palavra sugere, propõe um direcionamento mais certeiro no cenário, figurino e enquadramento da câmera. Além disso, é visível que os artistas hoje estão mais íntimos com o processo de gravação”, revela Maíra Campos.  

Corpos Sinápticos 

Instigados pela “viagem ao tempo”, que rememora os 50 anos da Cia. de Dança Palácio das Artes, os bailarinos propuseram à direção convidar artistas que fizeram parte da história da CDPA para dialogar com o atual elenco durante os processos de criação de 2021. O primeiro convidado do ano é Tuca Pinheiro, pesquisador em dança contemporânea, que auxiliou o grupo na criação de Eco, sendo uma espécie de provocador. Por meio de três encontros virtuais, o pesquisador instigou os bailarinos a resgatarem o conceito de “corpos sinápticos”, utilizado no processo de criação de PPP (Primeira pessoa do plural).

“Na época desse espetáculo eu estava estudando muito a sinapse, um assunto da neurociência. A sinapse é basicamente uma informação que o indivíduo propõe para o sistema nervoso e quando ela chega aos neurônios toma um rumo diferente. Comecei a pensar como seria isso num corpo, quando você programa um determinado movimento. Em algum momento, esse movimento toma um caminho próprio de acordo com a necessidade de expressão do corpo. Então, em “Primeira pessoa do plural” eram corpos que estavam o tempo todo em processo, proporcionando o movimento processual, que poderia ser alterado por um padrão neurológico, desde que essa mudança não comprometesse o todo do espetáculo, ou seja, o coletivo”, explica Tuca.

Em “Eco”, há cenas com movimentos e expressões que fogem do padrão convencional, resultado do processo aplicado pelo pesquisador. “O Tuca é um grande provocador do corpo que vai além da coreografia. Ele diz uma frase que eu gosto muito, que é ‘o sujeito da ação está na própria ação’. Aí, eu entendo como a não necessidade de sublinhar algo coreograficamente falando e, sim, ter um corpo aberto às possibilidades. Então, Eco fala muito do indivíduo no coletivo. Existe uma proposta em comum, mas cada corpo assimila as provocações de forma distinta, através da subjetividade de cada artista”, pontua Léo Garcia, um dos diretores do vídeo.