Saiba como reduzir as crises psicológicas enquanto estiver isolado
Em momentos de tensão como a crise epidêmica que estamos
vivendo devido ao coronavírus, as pessoas tendem a sofrer mais, já que as
incertezas sobre a doença e os isolamentos sociais para a prevenção acabam nos
tornando mais frágeis. Aqueles que já são diagnosticados com algum transtorno
mental, como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), a depressão e a ansiedade,
estão mais sujeitos a sofrer com as crises.
O TOC é marcado, em geral, por uma série de hábitos executados
constantemente e de forma involuntária. Segundo
o psicólogo Flávio Luiz Gomes, alguns teóricos da área tratam a doença como um
mal estar que não é esperado pelo paciente e que implica em um sofrimento,
tendo em vista que a compulsão, ainda mesmo que a pessoa perceba o que está
fazendo, não consegue impedir.
Normalmente os rituais são desenvolvidos nas áreas de
limpeza, checagem ou conferência, contagem, organização, simetria e
colecionismo. Os graus do transtorno podem variar ao longo da evolução da
doença.
Em momentos de epidemias como o que vivemos, as doenças
psicológicas podem aumentar ou não. No caso do TOC, essa evolução vai depender
da pessoa e de qual tipo de transtorno ela possui e de que modo ela está
impactada pelo surto da doença. De acordo com o terapeuta, se o paciente já
tiver a tendência de lavar as mãos, ou algo relacionado à limpeza, por exemplo,
provavelmente isso será amplificado. “Por uma questão de ansiedade, quando
consideramos que o TOC tem relação com esse quadro, ou por um fator de risco
real, como é o caso do Covid-19, o transtorno de uma pessoa pode ser
potencializado tendo em vista que ela irá justificar seus atos com isso”, explica.
Os meios de tratamento já conhecidos implicam em terapia junto
a um psicólogo e um suporte psiquiátrico, com uma medicação que irá diminuir o
quadro de ansiedade e vai ajudar a pessoa a se acalmar, evitando assim uma
possível crise de pânico. Existem, também, algumas terapias alternativas como
as cognitivas comportamentais, que são focadas nos sintomas do TOC.
Para tentar evitar que os transtornos sejam intensificados,
o psicólogo orienta que os tratamentos já rotineiros não sejam interrompidos.
Mesmo à distância, é essencial que essas pessoas mantenham contato com seu
médico e terapeuta. “Hoje nós temos recursos que podem fazer com que o paciente
faça uma consulta online, seja por Skype, chamada de vídeo ou qualquer outro
recurso de mídia. Interromper o tratamento nunca é indicado, além disso, é
necessário sempre tomar as medidas de higiene e evitar se expor a fatores que
possam aumentar a ansiedade”, afirma.
No caso de outros tipos de transtornos, como a depressão, o
confinamento da quarentena também pode agravar o quadro clínico e gerar crises
da doença. Assim, não interromper o tratamento também é essencial, além de, na medida do possível tentar se exercitar, mesmo que dentro de casa, fazer atividades
constantes, e criar formas de entretenimento, como ler algum livro, ouvir
músicas e ver filmes. Outro passo importante é entrar em contato com as pessoas
mesmo que virtualmente, e assim, evitar a solidão.
De acordo com Flávio, evitar o excesso de informações sobre,
no caso, o coronavírus, ajuda as pessoas já diagnosticadas com os transtornos
mentais a não agravarem o seu quadro clínico. “O paciente tem que buscar meios
de se entreter e evitar ficar focado em notícias apenas sobre o vírus. Não é
negar a realidade, e sim não se expor a informações que estimulam a depressão,
ansiedade e o TOC”, explica.