A atriz conversou com o Sou BH e, além de falar sobre a peça, abriu seu coração com histórias de vida e carreira
“Devemos
compreender sem ilusão o que realmente somos, e não o que pensamos ser e, com
coragem, realizar nossa transformação. Ser agora, no presente. O futuro é uma
consequência vivida do presente e não fruto de aspirações de uma mente ociosa,
que deixa sempre essa transformação para depois.” Damos início a temporada
de entrevistas especiais de 2020 com o trecho do livro Violetas na Janela,
história psicografada pela médium Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho. Não por
acaso, nosso primeiro bate-papo do ano foi com a atriz Ana Rosa, que retorna a BH com a peça homônima ao livro em duas sessões nesta sexta (13), às 18h (sessão extra) e às
21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec.
Desde
seu nascimento, Ana Rosa vive em meio à arte. Seu avô, Capitão Juvenal Pimenta,
era proprietário do Circo Teatro Novo Horizonte. A companhia, que viajava por
todo o país, também foi palco de sua estreia, aos 15 dias de vida. “No circo,
sempre que havia uma apresentação e era preciso um recém-nascido, ao invés de
se colocar uma boneca, colocava-se um bebê. Foi assim que aconteceu comigo e
minha peça de estreia foi ‘O Mundo não me Quis’”, conta. Ana relembra ainda
que, à época, não era uma escolha ser artista para aqueles que nasciam no
picadeiro. “A partir dos dois anos, no circo, as crianças começavam a ir para o
palco e treinar os números com os pais, tios, avós. O meu primeiro número como
circense, por exemplo, foi aos nove anos fazendo trapézio”, completa.
Mas
não foi apenas na carreira artística que Ana começou cedo. Aos 16 anos casou-se
com seu primeiro marido, o ator e comediante Dedé Santana, com quem inaugurou
uma emissora, a TV Alvorada, em Brasília. “Nós viajávamos com o circo do Dedé por
todo o Brasil e quando chegamos à capital federal, que ainda não havia sido
inaugurada, fomos convidados pelo diretor artístico da emissora para fazermos
alguns teleteatros. Naquele tempo não havia muitos artistas, principalmente por
lá. Aí, minha sogra, minha mãe, meu cunhado, Dedé e eu participamos da
inauguração apresentando teleteatros ao vivo”, lembra.
Nas
excursões pelo país, muito ao contrário do que muitos podem imaginar, as
dificuldades e os empecilhos foram muitos. “Existiram várias barreiras que
tivemos de ultrapassar. Naquele tempo, por exemplo, meu avô abriu uma trilha
com um facão para passar uma caminhonete que carregava o material do circo e
quebrou a perna. Era quase um ato de bandeirante chegar ao interior do Brasil”,
recorda Ana.
A
chegada à TV como atriz contratada também foi algo que aconteceu
inesperadamente para Ana Rosa. Em 1964, ela recebeu um convite de Cassiano
Gabus Mendes, então diretor artístico da TV Tupi, para protagonizar Alma
Cigana, na qual, inclusive, ganhou Troféu Imprensa de Revelação do Ano. “Nessa
época, eu estava fazendo uma temporada de teatro e fui à Tupi participar dos programas
‘Almoço com as Estrelas’ e ‘Clube dos Artistas’. Nisso o Tatá (chamando
carinhosamente o ator Luiz Gustavo), me viu dançar e falou para o Cassiano que
havia uma menina com uma cara meio diferente, que dançava e parecia uma cigana.
Em seguida, me chamaram para um teste, acabei passando e estrelei a novela que
foi a primeira gravada em videotape na Tupi”, recorda com carinho.
Depois
da estreia em telenovelas, foram inúmeros os sucessos de Ana na televisão, o
que levou, anos mais tarde, seu nome ao Guinness Book Brasil como a atriz que
mais participou de novelas. “Um dia encontrei o jornalista Ismael Fernandes,
que estava fazendo o lançamento de seu livro, Memória da Telenovela Brasileira,
e ele me contou que Leda Nagle o havia perguntado se ele sabia quem foi o ator
ou a atriz que mais fez telenovelas no Brasil. Aí ele disse que era eu e me
perguntou o que eu achava de enviar o material catalogado para o Guinness.
Tempos mais tarde, enviei todo a material e entrei para a versão brasileira da
publicação nos anos de 1997 e 1998”, explica.
Agora,
em Belo Horizonte, Ana Rosa volta a apresentar seu espetáculo ‘Violetas na Janela’, pelo quinto ano consecutivo. A peça retrata com simplicidade as
experiências de Patrícia, uma garota que desencarnou aos dezenove anos e
acordou numa Colônia Espiritual onde a vida continua. “A peça tem um tema muito
bonito e que desperta a curiosidade das pessoas, mesmo aquelas que não são
espíritas. Inclusive, nosso intuito não é fazer a cabeça de ninguém. Nós
apresentamos um espetáculo muito bonito, com uma trilha sonora linda e que
emociona muito as pessoas”, conclui.