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Artista surdo traduz em dança a experiência como PCD no espetáculo 'Mouco'

Funarte

Artista surdo traduz em dança a experiência como PCD no espetáculo 'Mouco'

Evento encerrado
  • Gratuito

Data

11/11/23 até 12/11/23

Sab, Dom | 20:40 - 21:20


Créditos da imagem: Luisa Machala/Divulgação
Montagem inspirada na própria experiência é ferramenta de afirmação para bailarino Uyan Vilela, sob direção de Ítalo Augusto
Montagem inspirada na própria experiência é ferramenta de afirmação para bailarino Uyan Vilela, sob direção de Ítalo Augusto

Surdo desde o nascimento, Uyan Vilela já tinha algum tempo de convívio com a deficiência quando aderiu ao uso de um aparelho auditivo. Nos primeiros contatos, descobriu que o dispositivo gera um ruído semelhante à microfonia quando entra em contato com a pele ou superfícies em movimento. Anos mais tarde, o som caótico que rompeu aquele silêncio anterior foi captado e transformado em trilha sonora de 'Mouco: Uma Dança para a Sociedade', solo que o bailarino apresenta neste fim de semana (11 e 12/11) na Funarte (Rua Januária, 68 - Centro). "Esse ruído também norteou as estruturas de improvisação, os corpos que queremos trazer em movimento para essa conversa sonora e sensorial com o público", explica Uyan. Ingressos gratuitos estarão disponíveis na bilheteria do local.

O espetáculo é uma parceria de Vilela com o diretor Ítalo Augusto. Juntos, eles captaram os áudios do aparelho auditivo e transformaram-nos em uma trilha que remete ao caos. A provocação inicial que deu origem a 'Mouco' também veio de Ítalo, que propôs a Uyan escrever sobre sua vivência como pessoa com deficiência (PCD). "Essas escritas foram feitas a partir de um exercício de revisitação da memória da minha experiência como ‘d-eficiente’ auditivo, a partir dessa revisitação foi proposto uma escrita de palavras, frases e jogos que deram início e norte ao processo criativo do trabalho", explica o dançarino. 

A preparação deu origem a um espetáculo que trata, em sua concepção, de aceitação e inclusão. As demandas primordiais da comunidade PCD foram percebidas pelo dançarino como propulsoras de sua própria arte, que ele enxerga como ferramenta de afirmação. "Esse processo foi muito valioso, me fez mergulhar em memórias que recriam meu olhar e me fazem perceber que a minha condição de PCD foi o maior impulsionador. Outra coisa que o processo do trabalho me traz à tona é que, desde a infância, minhas ações em sociedade, mesmo que inconscientemente, já buscavam essa aceitação e a minha inserção. Acredito que isso é o que provoca  e estabelece meu fazer na dança e na arte com uma produção que seja política", ele aponta.

Em cena, o artista se move por sua coreografia cercado por silêncio, enquanto a plateia escuta a trilha sonora assinada pela dupla. O aparelho auditivo também entra na montagem como um recurso cênico e o espetáculo conta com acessibilidade em Libras feita pelo próprio Uyan, quando algum texto é exibido durante a performance. É também um espetáculo que representa a assinatura artística do intérprete: "'Mouco' para mim surge de um grito, um grito de existência, de necessidade de ser percebido em sociedade. Um grito que vem reafirmar meu lugar no mundo, que evidencia minhas diferenças, mas que essa diferença não nos inviabilize e que meu corpo seja ouvido, percebido e inserido", explica Vilela.

'Mouco: Uma Dança para a Sociedade'
Sábado e domingo (11 e 12/11), sempre às 20h40 na Funarte (Rua Januária, 68 - Centro)
Ingressos gratuitos disponíveis na bilheteria do local
Classificação: livre
Mais informações: (31) 99625-3293




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