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Pedro Neves aborda feridas coloniais e riquezas ancestrais na mostra 'Tripa'

Palácio das Artes

Pedro Neves aborda feridas coloniais e riquezas ancestrais na mostra 'Tripa'

Evento encerrado
  • Gratuito

Data

15/03/23 até 28/05/23

Ter, Qua, Qui, Sex, Sab | 09:30 - 21:00

Dom | 17:00 - 21:00


Créditos da imagem: Pedro Neves/Divulgação

No cortejo do Boi da Manta, tradição popular centenária da região de Pedro Leopoldo, a pessoa escolhida para vestir a máscara do boi e emprestar seu corpo ao personagem é chamado de Tripa. O festejo de pré-carnaval reúne pessoas fantasiadas, que escoltam alegorias de boi em desfile pelas ruas. Nascido naquele pedacinho de Minas, o folguedo representa encontro de culturas ancestrais africanas e ameríndias presentes na região. Interessado nas feridas sociais geradas pela colonização e guiado pelo conceito de mestiçagem cultural, o artista visual Pedro Neves escolheu Tripa como título de sua exposição solo, com 20 telas em formatos grande e médio, que ocupa a Galeria Genesco Murta no Palácio das Artes até 28 de maio.  

Aos 26 anos, o artista nascido no Maranhão e atuante em Belo Horizonte mantém pesquisa sobre o modo como as identidades brasileiras se formam e dialogam com o mundo exterior. Formado em Estudos do Patrimônio Cultural e praticante de capoeira Angola, Pedro considera em sua investigação artística as sequelas deixadas pelo processo colonial e as maneiras como esta trajetória levou à marginalização de pessoas pretas e indígenas, além de suas culturas. As obras apontam para a necessidade de reconstruir territórios, figurativos ou emocionais, por meio das artes, da filosofia, da imersão na natureza e do contato com a ancestralidade.

Em 'Tripa', as telas dividem-se por dois eixos baseados na materialidade da palha e da massa, um resgate simbólico que Neves traz de quando seu bisavô escolhia chapéus para o cotidiano no interior. "As obras de 'massa' possuem mais densidade na sua composição. Utilizo mais cores, mais texturas, construo mais estampas. São também obras de maiores dimensões, e em sua maioria giram em torno do universo das figuras humanas, pensando uma forma de abstrair a figuração", apresenta o artista.

Já no eixo 'palha', as telas são construídas a partir da vivência de Pedro com suas origens, além de carregarem ligações com a espiritualidade. "Nestas estão cenas de naturezas, moradias, feiras, temas que me atravessam e fazem pensar de onde vim. São obras com uma paleta de cor mais reduzida, feitas por sobreposição de linhas e pontos, até construir a imagem que almejo", ele explica.

A exposição foi montada como um trajeto circular porque o artista quis marcar o conceito de roda, como ele próprio o introduz. "A roda é muito presente nas tradições afro-brasileiras: rodas de samba, de capoeira, de candombe, candomblé, e várias outras. O que há em comum entre todas elas é que são inclusivas. Todas as pessoas dentro de uma roda têm uma função, seja bater palma, responder o coro, dançar ou ser puxador. Na roda todo espectador é também o artista", detalha Neves. "Minha intenção é que esse movimento circular traga uma sensação para que as pessoas se sintam parte das obras, e adentrem neste universo", ele completa.

'Tripa', por Pedro Neves
De 15 de março a 28 de maio na Galeria Genesco Murta, no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537, Centro)
Terça-feira a sábado de 9h30 às 21h; domingo das 17h às 21h
Retirada de ingressos na bilheteria do local
Mais informações: (31) 3236-7400

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