Algumas obras de Candido Portinari (1903-1962) são facilmente reconhecíveis para quem já teve contato com um dos mais célebres artistas plásticos brasileiros. Telas como ‘Os Retirantes’ (1944) e ‘O Mestiço’ (1934) estão nos livros escolares e são referência global sobre o legado do pintor paulista – mas sua produção incansável desde a infância deixou muitos registros, menos conhecidos, de outros caminhos que ele escolheu percorrer. “Poucos tiveram a oportunidade de se impressionar com o conjunto de técnicas e linguagens que atravessam a diversidade de sua obra, revelado em imagens tridimensionais, abstratas e realistas”, observa Marcello Dantas, criador e curador da mostra ‘Portinari Raros’, que reúne cerca de 200 obras menos conhecidas do artista em exposição no CCBB, até 7/8. As entradas gratuitas estão disponíveis on-line e na bilheteria do local.

Ocupando o terceiro andar e o pátio do prédio histórico na Praça da Liberdade, a mostra é dividida em núcleos a partir dos interesses pessoais de Portinari, manifestados em suas criações. “Para trazer à tona esses aspectos mais raros de sua produção, desenvolvemos alguns eixos, como sua paixão pela fauna e pela flora, imagens de sua infância, seu flerte com a abstração e a fascinação que teve, no final de sua vida, pela imagem simbólica de uma indígena Carajá, além da sua incursão nos palcos, assinando cenários e figurinos para o balé Iara”, acrescenta Marcello. 

No extenso acervo, algumas criações destacam-se pelo contexto histórico: ‘Baile na Roça’ (1923) foi pintada por Portinari aos 20 anos, enquanto estudante da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. O trabalho marca a primeira representação de uma cena com temática intensamente brasileira na carreira do artista, o que viria a tornar-se uma de suas principais características. A tela ficou perdida e distante dos olhos do público durante anos, nunca tendo sido resgatada pelo autor em vida. Já ‘A Morte Cavalgando’ (1955) é estudo pouco conhecido que deu origem ao painel ‘Guerra’, instalado na entrada da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 1956. Também estão na mostra a primeira cerâmica criada por Portinari, além de cenário e figurinos assinados por ele para o Balé Iara.

Mostra ‘Portinari Raros’
De 14/6 a 7/8 no CCBB (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)
Quarta a segunda, das 10h às 22h
Ingressos gratuitos disponíveis neste link e na bilheteria do local
Mais informações pelo site do CCBB