O encontro de três talentos afiados em áreas distintas deu origem a ‘BWV 988: Trinta Possibilidades de Transgressão’, espetáculo de dança contemporânea que chega pela primeira vez a BH para curta temporada, de 4 a 7/8, no CCBB (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários). Inspirados pela obra do alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), o pianista belo-horizontino Gustavo Carvalho somou-se à coreógrafa brasileira Jacqueline Gimenes e ao artista visual francês François Andes para a criação de um trabalho marcado por transgressão, questionamento às normas e pela instabilidade marcante no tom do próprio espetáculo, que se desdobra em cenários e figurinos mutáveis. Em cena, a bailarina é desafiada a redefinir movimentos pela presença de objetos com os quais interage, criando relações ainda mais dinâmicas entre coreografia e música. Ingressos a R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 estão disponíveis on-line ou nas bilheterias do centro cultural.

Solista e camerista de renome internacional, Carvalho debruçou-se sobre as trinta ‘Variações Goldberg, BWV 988’ (1741), de Bach, impulsionado pela troca de experiências com Gimenes – a bailarina é vencedora do Prêmio Klauss Vianna de Dança e tem passagens por companhias como o Grupo Corpo, a Companhia de Dança do Palácio das Artes e o Ballet da Cidade de São Paulo. Juntos, compartilharam com o público este processo de criação em diferentes estágios de desenvolvimento, através de performances e workshops em espaços culturais no Rio de Janeiro. Todas as interações com a plateia provocaram alterações e redefinições na elaboração do espetáculo, que ainda mantém esse tipo de permeabilidade às intervenções de quem o assiste.

François Andes integrou-se ao projeto para assinar cenário e figurino, que carrega inspirações no movimento surrealista francês dos anos 1920. “Olhar para a noite como uma paisagem virgem, habitada por uma vegetação densa e por uma fauna infinita de seres imaginários. A percepção da insônia como tempo/espaço para penetrar esse universo, assim como uma fronteira entre o real e o imaginário, o visível e o invisível, o consciente e o inconsciente. Noites brancas, vistas como a possibilidade de encontro com as nossas inquietudes e angústias existenciais, mas também com os nossos fantasmas e pulsões. Este reino das sombras, onde o que mais tememos é estar confrontado com a gente mesmo”, afirma o artista francês.

Oficinas gratuitas

A temporada do espetáculo em BH é acompanhada por duas oficinas e um bate-papo, todos com participação gratuita. A conversa acontece em 5/8 no CCBB, logo após a sessão de ‘BWV 988’, e vai reunir o elenco com Maria Raquel Fernandes, diretora do Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea (RJ). O espetáculo foi concebido no espaço da capital carioca, que contou com residências artísticas de Gustavo e Jacqueline – nestas experiências, os artistas promoviam trocas de vivências e experiências com usuários e egressos do sistema mental de saúde. 

“Dessa forma, num espetáculo que aborda questões ligadas à luta antimanicomial na sua reflexão sobre as noções de transgressão, a presença da psiquiatra Maria Raquel Fernandes enriquecerá bastante o debate sobre o papel da arte na luta antimanicomial. O trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea na ressignificação do território ocupado pela antiga Colônia Juliano Moreira é de grande relevância”, destaca Carvalho. 

Gimenes comanda oficina de expressão corporal baseada na condução do espetáculo

Jacqueline Gimenes conduz ainda, em 2 e 3/8, a oficina de expressão corporal ‘Transgressão: construção e desconstrução dos limites do corpo’. Ela parte do espetáculo ‘BWV 988’ para estudar as possibilidades de encontro e afastamento do corpo que dança em relação ao ambiente que o contorna. A oficina é destinada ao público adulto em geral, profissionais e estudantes de artes cênicas e artes do movimento. A iniciativa também é aberta às pessoas com necessidades especiais (PNE) e de diferentes classes econômicas e camadas sociais, sem nenhuma restrição. As inscrições gratuitas podem ser feitas através deste link.

Já entre os dias 4 e 6/8, de sexta a domingo, ocorre a oficina Transgressão dos Limites do Papel, com François Andes. O artista francês vai apresentar o “cadáver esquisito” (cadavre exquis), jogo proposto pelo movimento surrealista que tinha como propósito combinar, em uma mesma frase, palavras inusitadas e desconexas, alternando a vez de cada autor acrescentar novo elemento à sequência. Andes transpôs a ideia para o desenho à mão e propõe a aplicação da técnica em conjunto, com a criação de obras feitas por várias mãos e conectadas entre si. A iniciativa tem 25 vagas voltadas para jovens a partir de 16 anos e adultos, interessados em artes visuais, profissionais e estudantes de artes plásticas, especialmente desenho. As inscrições estão abertas neste link e o projeto também está preparado para receber PNE.

‘BWV 988: Trinta Possibilidades de Transgressão’
4 a 7/8, sempre às 20h no CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)
Ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) disponíveis on-line ou nas bilheterias do CCBB
Sessão de 5/8 seguida por bate-papo com o elenco e convidada
Classificação: 12 anos
Duração: 70 min

Oficina de dança “Transgressão: construção e desconstrução dos limites do corpo”
2 e 3/8, de 10h às 12h no CCBB BH
Vagas: 20
Inscrições: via formulário disponível neste link

Oficina “A Transgressão dos Limites do Papel”
4 e 6/8, das 14h às 17h e 5/8 das 10h às 13h no CCBB BH
Vagas: 25
Inscrições: via formulário disponível neste link

Para mais informações sobre as oficinas, consulte o Instagram da produção