Comemorado neste sábado (6/1), o Dia de Reis faz alusão à visita dos três reis magos ao menino Jesus e indica o fim das celebrações natalinas. Também conhecida como o dia de desmontar a árvore, a data marca o encerramento do Natal da Liberdade em BH e inspira a Folia de Reis que ocupará a Praça da Liberdade, a partir das 18h, com concentração em frente ao prédio do Iepha (Prédio Verde). A festividade reúne folias do interior de Minas e da capital, em cortejo conduzido por Maurício Tizumba e pelo músico Pereira da Viola. "A folia é das manifestações populares mais legítimas da nossa cultura. Ela exalta a arte, a religiosidade, o regionalismo e o nosso reconhecimento como ser humano enquanto celebra uma tradição universal", destaca Pereira, que é violeiro, cantor e atua como uma espécie de guardião do cancioneiro popular no Vale do Jequitinhonha.
Uma das expressões culturais mais difundidas e populares de Minas, a folia de reis é tradicionalmente celebrada com um cortejo festivo que ocupa as ruas enquanto toca, canta e dança músicas relacionadas ao festejo. Também são importantes as passagens do grupo pelas casas da região visitada, onde moradores presenteiam foliões com comidas e prendas. A manifestação da cultura popular tem raízes no sincretismo religioso e costuma ser repassada entre gerações. "Minha família sempre foi envolvida. Meu pai e meus tios cantavam e cresci acompanhando. Lembro de quando os foliões chegavam à minha casa e das ocasiões em que fui acordado no meio da noite com som da folia adentrando a nossa casa. Hoje, eu e meus irmãos, damos continuidade à essa tradição", observa Pereira. Os grupos participantes da folia na Praça da Liberdade incluem Folia de Santos Reis do Conjunto Paulo VI, Pastorinhas da Tapera, Folia de Santos Reis e São Sebastião com Proteção de São José, Folia de Reis de Dona Guidinha e Folia de Santos Reis de Vespasiano.
Para Tizumba — que há décadas trabalha a cultura mineira a partir de suas raízes afro-brasileiras e seus desdobramentos em símbolos, sincretismo e arte — a Folia é uma tradição carregada desde a infância. "Eu participo de folia de reis desde criança, quando aprendi a tocar cantar e dançar com um preto velho chamado Seu Evaristo, da região de Mocambeiro. Foi com ele que aprendi que essa cultura católica teve sua origem na Europa, mas hoje faz parte da nossa tradição, tomada principalmente pelos povos de origem negra, que foram responsáveis pela inserção dos tambores, batuques, sapateados, da dança e da alegria. Ao mesmo tempo, expressa a fé enquanto leva um pouco de alegria ao povo brasileiro", observa o multi-artista e capitão de congado belo-horizontino, recentemente indicado ao prêmio de Melhor ator da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes) por seu desempenho no musical 'Viva o Povo Brasileiro'.
Folia de Reis na Praça da Liberdade
Sábado (6/1) a partir das 18h em frente ao Prédio Verde (Iepha); cortejo segue pela alameda em direção ao Palácio da Liberdade
Evento gratuito e aberto ao público