A revolução digital guiada por inteligências artificiais, o trauma coletivo pós-pandemia e a ruptura democrática que afeta diferentes partes do mundo simultaneamente são ingredientes no caldeirão de onde Gerald Thomas extrai 'Traidor', espetáculo estrelado por Marco Nanini que faz temporada em BH entre 16 e 18 de março (sábado a segunda-feira), no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH (Rua da Bahia, 2244 - Lourdes).
Dupla célebre
A montagem marca o retorno da parceria de Nanini com o autor e diretor Thomas, inaugurada há 18 anos na peça 'Um Circo de Rins e Fígados'. Sucesso de crítica e público, o primeiro espetáculo da dupla funciona como ponto de partida para 'Traidor' e a nova obra faz referências ao texto anterior em diferentes pontos.
Assim como 'Um Circo...', a nova obra de Gerald Thomas foi escrita especialmente para o ator veterano, levando em conta as complexas nuances de sua performance e a admiração que o escritor dedica ao intérprete. "Que prazer é, mesmo que só de 18 em 18 anos, escrever pra ele e dirigi-lo, ter Marco Nanini pela frente é tudo", comemora o diretor.
Delírio cênico
Em cena, Nanini se vê isolado em uma ilha e acusado de algo que não cometeu. Em diálogos com a própria consciência, o personagem avança em reflexões sobre o próprio passado, presente e futuro, em uma revisita a fantasmas pessoais que não o abandonam. A tragicomédia confunde a ideia de ator e personagem em um exercício de delírio psicológico, onde Marco Nanini representa a si mesmo e ao arquétipo do próprio ofício.
As camadas do espetáculo, intrincadas, parecem ter sido desenhadas para representarem desafio à altura da versatilidade de um ator com quase sessenta anos sobre os palcos – o que de fato ocorreu, já que Thomas espelhou-se na potência do artista com quem escolheu trabalhar. A cenografia dá uma pista de que a concepção do trabalho parte justamente da figura de Marco, ao colocar o ator lado a lado com uma representação dele próprio como um boneco gigante – espécie de seu duplo – ao longo de praticamente todo o espetáculo.
"Nanini é o ator mais intenso que conheço. Não tenho dúvidas do que estou dizendo. Digo isso como diretor, mas também como autor. Como eu dirijo em pé, a um metro de distância dele, ouço cada respiração. Chego no hotel e continuo ouvindo a sua voz. Volto a ler o texto, faço a revisão e a voz. A voz do Nanini. Lá está, a voz. Cada respiração dele", diz Thomas.
Ingressos
As entradas estão à venda pela internet e na bilheteria do teatro, com sessões às 20h no sábado e na segunda-feira, ou às 19h no domingo. Setores e ingressos: plateia 1 a R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada); plateia 2 a R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada). Classificação indicativa: 16 anos. Mais informações: (31) 3516-1360.