O final do ano está chegando
e o Grupo Corpo, mais uma vez, encerra suas atividades presenteando o público belo-horizontino
com uma temporada de apresentações a preços populares. Serão apresentados, em
programa duplo, Sete ou Oito Peças para um Ballet e Gira, de 27 a 30 de
novembro, no Cine Theatro Brasil Vallourec. Os espetáculos acontecem às 20h:30.
Os ingressos, vendidos a R$
15 (meia) e R$ 30 (inteira), podem ser adquiridos pelo site Eventim ou na
bilheteria do teatro.
Sete Ou Oito Peças Para Um
Ballet teve sua estreia em 1994. A partir de oito temas surgidos da parceria
inédita entre o instrumentista e compositor norte-americano Philip Glass e o
grupo instrumental mineiro Uakti, o coreógrafo Rodrigo Pederneiras desvencilha-se,
pela primeira vez, do rigor formal que marca suas criações para construir uma
obra despojada, onde a partitura de movimentos emerge como uma série de
esboços, apontamentos ou estudos para uma coreografia. Inacabados, na
aparência. Mas irretocáveis, pela genialidade da forma. Como em uma pintura
contemporânea, onde as correções podem ser incorporadas ao resultado final, os
movimentos dos bailarinos do Grupo Corpo sucedem-se em variações que vão da
estética “suja” própria dos ensaios a um primoroso acabamento formal.
O cenário de Fernando
Velloso e os figurinos de Freusa Zechmeister buscam nos primórdios da corrente
minimalista da pintura americana a inspiração para as listras em verde, azul e
tons de amarelo que dão identidade visual ao espetáculo, enquanto o branco
reina absoluto na iluminação de Paulo Pederneiras.
Já o espetáculo Gira,
estreou em 2017, trazendo para os palcos os ritos da umbanda – religião nascida
no Brasil, resultado da fusão do candomblé com o catolicismo e o kardecismo. Exu,
o mais humano dos orixás – sem o qual, nas religiões de matriz africana, o
culto simplesmente não funciona – é o motivo poético que guia os onze temas
musicais criados pelo Metá Metá para Gira.
Alimentado pela experiência
em ritos de celebração das religiões, Rodrigo Pederneiras (re)constrói o
poderoso glossário de gestos e movimentos a que teve acesso.
Concebido como uma
instalação, o não-cenário assinado por Paulo Pederneiras cobre com o mesmo tule
negro os corpos dos bailarinos sempre que estão fora da cena, transformando-os
em éter, e as três paredes da caixa-preta, criando uma ilusão quase espectral
de infinito.
Nos figurinos, Freusa
Zechmeister adota a mesma linguagem para todo o elenco, independente do gênero:
torso nu, com a outra metade do corpo coberta por saias brancas de corte
primitivo e tecido cru.