Toca (sempre) Raul!
Por Camila de Ávila, jornalista do Sou BH
Há 25 anos, a música brasileira perdia o “maluco beleza”. O cantor e
compositor Raul Seixas, que será homenageado em show na Praça da Estação, cumpriu 26 anos de carreira, com 17 discos lançados e fãs
de várias idades e épocas. De acordo com o Dicionário Houaiss da Música Popular
Brasileira, do pesquisador e musicólogo Ricardo Cravo Albin, Raul foi o
percussor do rock nacional. Quem viveu sua geração se lembra de canções como
“Mosca na Sopa” e “Al Capone” e, quem não viveu na década de 1970, auge de sua
carreira, conhece, ainda assim, clássicos como “Metamorfose Ambulante” e “Tente
Outra Vez”. Mas a que se atribui tanto sucesso? Selecionamos 25 curiosidades
sobre o artista. Vem ver!
1.
Era
baiano e afirmava que era herdeiro e descendente de Elvis Presley e Luiz
Gonzaga. Isso porque sempre ouviu rock e gostava muito do ritmo. Mas em viagens
em que acompanhava o seu pai (que era funcionário da Rede Ferroviária) pelo
interior da Bahia, ouvia muito de Gonzagão, sofrendo influências do mestre do
forró;
2.
Sua banda,
Relâmpagos do Rock, formada com seus irmãos Délcio e Thildo, foi a primeira a utilizar
guitarras elétricas na Bahia;
3.
Foi casado
com a filha de um pastor norte-americano e neste período, entre 1966 e 1974,
sobreviveu dando aulas de inglês e de violão. Tentou carreira no Rio de
Janeiro, depois voltou para Salvador, retomando os estudos na faculdade de
filosofia;
4.
Foi o
primeiro artista brasileiro a misturar o rock com o baião e outros ritmos
nacionais;
5.
Gravou uma
versão da canção dos Beatles “Lucy in the sky with Diamonds” que se chamava “Você
ainda pode sonhar”, na década de 1960;
6.
Fez sua
primeira turnê a convite de Jerry Adriani. A viagem foi pelo norte do país e,
na época, Raul cantava na banda The Panters. Depois de um tempo, se tornaram a
banda de apoio de Adriani;
7.
Trabalhando
na gravadora CBS, Raul produziu discos de Jerry Adriani, Sérgio Sampaio, Trio
Ternura, Diana, Tony e Frankie e Renato e seus Blue Caps;
8.
Os
interesses de Raul eram por filosofia, em especial metafísica e ontologia (parte
da metafísica que trata da natureza, realidade e existência dos entes),
psicologia, história, literatura e latim;
9.
A revista
Rolling Stone colocou o artista, em 2008, na 19º posição na lista dos Cem
Maiores Artistas da Música Brasileira;
10. Também na Rolling Stone, mas na lista
dos Cem Maiores Discos da Música Brasileira, estão duas obras de Raul. Ocupando
o 12º lugar está “Krig-ha, Bandolo!”, de 1973, e no 53º lugar “Novo Aeon”, de
1975;
11. A música “Let me sing, Let me sing” é a
primeira na história da música brasileira popular que mistura rock com baião.
Essa música foi classificada no VII Festival Internacional da Canção, em 1972;
12. A parceria com Paulo Coelho se iniciou
em 1973 no disco “Krig-ha, Bandolo!”. O nome do disco é o grito de guerra do
Tarzã, significando “Cuidado, aí vem o inimigo”;
13. Depois de conhecer Paulo Coelho, Raul começou
a mostrar em seus shows a revistinha “A fundação de Krig-Há”. Esta,
falava dos fundamentos da sociedade alternativa. A partir daí começou a ser
perseguido pelo regime militar e foi para o exterior em 1974, mais precisamente
para os Estados Unidos, em companhia de Paulo Coelho;
14. O lançamento de “Gita” aconteceu em
1974, maior sucesso da carreira de Raul com 600 mil cópias vendidas, concedendo
o primeiro disco de ouro da carreira do Maluco Beleza;
15. A música “Gita” é inspirada num livro
sagrado hindu, que tem mais de seis mil anos;
16. A cantora baiana Maria Bethânia diz no
DVD, “Tempo, Tempo, Tempo, Tempo”, que gosta muito da canção “Gita”. “Essa
canção me liberta, toda vez que eu canto. Ela me liberta, exorciza. Adoro
cantar ‘Gita’ e adoro quando implicam com ela. Porque é minha bandeira. De
tanto que gosto dela”;
17. A primeira versão da novela “O Rebu”, em
1974, da Rede Globo tem a trilha sonora assinada por Raul Seixa e Paulo Coelho.
Uma das canções, “Gospel”, foi censurada pela ditadura militar. A canção sofreu
modificações nos versos e entrou na novela;
18. O
primeiro videoclipe gravado em cores no Brasil foi da música “Gita”;
19. Gilberto Gil fez o arranjo e tocou violão
na gravação da canção “Que Luz é Essa” do disco “O Dia em que a Terra Parou”,
em 1976;
20. “Rock das Aranhas” foi proibida pela
Ditadura Militar e foi liberada depois da intervenção do musicólogo Ricardo
Cravo Albin, em histórica sessão do Conselho Superior de Censura, no Ministério
da Justiça, em 1979;
21. Em 1982 Raul foi confundido com um
impostor em show realizado na cidade de Caieiras, em São Paulo. O cantor chegou
a ser preso e agredido;
22. Em 1983 lançou a música “Carimbador
Maluco” pela gravadora Eldorado. Neste período Raul já passava por problemas de
saúde decorrente do vício em drogas e álcool. Este disco, intitulado “Raul
Seixas”, teve a participação da cantora Wanderléa e rendeu seu segundo disco de
Ouro;
23. Raul Seixas morreu no dia 21 de agosto
de 1989, em São Paulo, vítima de uma parada cardíaca. Os problemas com álcool e
a diabetes podem ter sido decisivos para os eu falecimento;
24. Em 23 de março de 2002, o médium Nelson
Moraes, diz ter psicografado uma carta de Raul Seixas. No texto o cantor fala
sobre drogas e a sociedade alternativa: “Nesse conceito equivocado, tudo se
torna lícito, até mesmo o que não convém. Os que viveram esse tipo de liberdade
na Terra, como eu, hoje superlotam os vales das sombras à semelhança de larvas,
arrastando-se entre o limo e as escarpas dos abismos espirituais, situação que,
em alguns casos, pode se prolongar por longos séculos. Antes de questionar a
vida, questione a si mesmo, analise seus conceitos, seus sentimentos, sua
gratidão por aqueles que o ajudaram a renascer na Terra e, com certeza, você
encontrará uma grande razão para viver e lutar contra o único inimigo que pode
derrotá-lo: você mesmo!”;
25. Em 2014 a peça infantil “Mania de
Explicação”, com Luana Piovani, ganhou trilha sonora de Raul Seixas, organizada
pelo maestro mineiro Ernani Maletta.