Cultura

Artistas de Belo Horizonte se reúnem para entregar a maior empena grafitada do interior de Minas

Os trabalhos autorais levarão mais cores para o ambiente industrial e cotidiano dos moradores, criando um circuito cultural de amplo acesso a todos e aproximando a cidade da prática da arte urbana


Créditos da imagem: Divulgação
Maior empena grafitada do interior de Minas Gerais terá 18 metros de altura e 50 de comprimento

Redação Sou BH

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29/07/21 às 09:49
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Transformar paredes cinzas em murais cheios de arte, cores e vida. Esse é o objetivo de 15 artistas que vão criar a maior empena grafitada do interior de Minas Gerais, com 18 metros de altura e 50 de comprimento, em João Monlevade, Região Central do Estado, distante 120 quilômetros da capital. Cinco dos que embarcaram para o interior são de Belo Horizonte, sendo quatro mulheres: Gabriella Biga, Ana Carolina Bobylly, Mariana Marinato, Lídia Viber e Sérgio Ilídio.

Os trabalhos autorais levarão mais cores para o ambiente industrial e cotidiano dos moradores, criando um circuito cultural de amplo acesso a todos e aproximando a cidade da prática da arte urbana. A iniciativa é da Fábrica de Graffiti, fomentada pela siderúrgica ArcelorMittal via Lei de Incentivo à Cultura e realizada pela em comemoração aos 100 anos de operação do segmento de Aços Longos no Brasil.

“Nosso objetivo é humanizar espaços industriais por meio da valorização da street art e capacitar novos artistas, valorizando o potencial local. São projetos de grande impacto nas cidades anfitriãs”, afirma a co-fundadora da Fábrica de Graffiti, Paula Mesquita Lage. “A maioria dos projetos de grafite conhecidos no Brasil são realizados em regiões centrais das respectivas cidades e em empenas, explorando a verticalidade do local e não a linearidade como a gente”.

“Nosso trabalho vai além, preparamos toda a infraestrutura, como a reforma dos muros, fazemos a interface com todos os agentes para a realização dos trabalhos, como empresas e poder público, e realizamos cursos de desenvolvimento de habilidades artísticas e sociais de crianças e jovens de escolas públicas da localidade”, completa o co-fundador da Fábrica de Graffiti, Vitor Canesso.

Em 2021, o Fábrica de Graffiti se consolida como o maior projeto de grafite do Brasil. Além da ação em João Monlevade, no segundo semestre, estão previstas ações em Sabará, na Grande BH, também junto à ArcelorMittal, e em Rio Claro (SP), em parceria com a TIGRE.

No próximo ano, a multinacional portuguesa de energia sustentável EDP convidou a Fábrica de Graffiti para realizar dois ciclos do seu curso profissionalizante em arte urbana no município de Tramandaí, no Rio Grande do Sul. Se as condições geradas pela pandemia forem favoráveis, serão atendidos cerca de 200 alunos de escolas municipais e produzido um grande painel de grafite na cidade com a temática de energia sustentável. 

Conheça 15 artistas selecionados para o desafio João Monlevade do Fábrica de Graffiti

1. Barbara Daros (Belo Horizonte, MG) – Mulher artista multimídia, parte da pintura em direção a diferentes linguagens artísticas. Trabalha com diversos suportes, desde o corpo, com a tatuagem e a dança, até as telas e muros. Pesquisa a linguagem da abstração, do movimento da forma e da cor, em um universo de sistemas e relações orgânicos. @barbaradaros_

2. Ítalo Nanais (Ipatinga, MG) – Nascido em 1987, descobriu sua vocação ainda na infância. Logo na adolescência se envolveu com o pixo e o graffiti, chave que abriu as portas para o mundo da tatuagem. Hoje o artista explora o mundo com seus trabalhos que envolvem tattoo, graffiti, pintura e desenho. Sua interação com a arte se dá através de experimentação energética, concentra na maioria das vezes seu trabalho como tatuador no estilo black and grey e no graffiti onde ele criou seu próprio personagem com suas críticas sociais. Italo Nanais é um artista complexo que não se define em um estilo único e é dividido em fases, sempre à procura de um novo e desconhecido sentido pessoal artístico.@italonanais

3. Gabriella Biga (Belo Horizonte, MG) – Desde criança já tinha a criatividade de desenhar, quando conheceu a cultura hip hop em sua adolescência na região Noroeste de BH. Começou no graffiti em 2011 fazendo “bombs” e, desde 2013, vem trabalhando uma linha artística com seus pássaros e traços com inspirações e influências na psicodelia, natureza e seu cotidiano. Atualmente mantém sua essência fazendo letras e seus desenhos pela cidade. Participou de diversos coletivos e eventos, como Movimento Gentileza, Instituto Amado, Encontro Nacional Graffitação, Duelo de MCs, e Telas Urbanas. É ganhadora do primeiro “Confronto Urbano – Duelo de Tags”. @gabriellabiga

4. Bruna Pimenta (Ribeirão das Neves, MG) – Teve seu primeiro contato com a cultura hip hop em 2007, na escola onde estudava, através do graffiti, se estendendo alguns anos depois para o breaking. Hoje é pedagoga em formação, educadora social, b-girl e grafiteira. Trabalha com produção cultural ao hip hop, buscando a potencialização da mulher e a valorização da cultura negra. Tem construído iniciativas de empoderamento para jovens e mulheres da periferia, visando a democratização e descentralização do direito à arte e à cultura. Participou do Festival Cura, do Circuito Municipal de Cultura, foi uma das empreendedoras premiadas pelo Projeto Corre Criativo do Fa.Vela. É integrante da Nunca fui Barbie crew e Ladies letters crew. @pimenta_one

5. Sãmela Moreira (Timóteo, MG) – É arquiteta urbanista por formação e artista por instinto, dedicação e coragem. As diversas telas são cúmplices de uma mulher que resolveu voltar a rabiscar, imaginar e literalmente ‘riscar’ paredes. De porcelanas delicadas ao concreto bruto, o seu principal objetivo é tocar a vida do outro por meio da sua arte. @samelamoreira.art

6. Fernando Pinto dos Santos, Fhero (São Paulo, SP) – Paulista de nascença e mineira de coração, deu início a sua carreira no graffiti em 1997. E desde sempre as letras estiveram presentes em suas criações, por influência das tags – tipografia originária do graffiti. Tudo isso mesclado com uma paleta de cores fortes e contrastantes. Seus trabalhos buscam dialogar com o cotidiano das pessoas. Tem em seu currículo exposições solos e exposições coletivas. Faz parte de um dos grupos mais influentes do cenário nacional e internacional de graffiti, a “PDF CREW” e com ela tem murais e exposições espalhadas pelo Brasil. Participou de eventos de graffiti no Chile e na Colômbia. E no início de 2019 pintou a fachada de um shopping popular do centro de Belo Horizonte, o Xavantes, totalizando 1.200 metros quadrados de pintura. Atualmente o artista reside em Belo Horizonte. @fhero.pdfcrew

7. Kaká Chazz (Três Pontas, MG) – A paixão pelo desenho sempre esteve presente em sua vida, e desde a sua infância mostrava predisposição para o desenho. Sua obra é influenciada pela pintura clássica, contemporânea e Street Art. Outra influência muito forte em sua obra é a presença da retratação da cultura mineira, onde busca inspiração nas histórias de pessoas, formas e cores da região para suas criações. Começou a pintar nos muros em 2008. Seus murais estão espalhados por vários estados do Brasil. Kaká Chazz se intitula o Semeador de Arte, por isso as sementes estão presentes em todas as suas obras. @kaka.chazz

8. Silvana Assunção (Ipatinga, MG) – Desde criança se interessou por desenhos, cores e técnicas de pintura. Quando entrou para a faculdade de arquitetura, ampliou possibilidades de ilustração. Assim, Sil começou a fazer artes em paredes internas e externas representando a fauna e a flora. Já participou de eventos culturais e do Coletivo-Pé-de-Cabra, foi integrante dos projetos Histórias Bordadas e Contos e Pontos, do Programa Mais Cultura nas Escolas. @sil.estudio

9. Ana Carolina (Belo Horizonte, MG) – Bobylly, como é conhecida, é mineira de Belo Horizonte e tem no sangue muita criatividade que herdou da sua família de artistas. Desde criança já se arriscava nos desenhos. Em 2018 iniciou seu trabalho em pontilhismo, assim como seu primeiro graffiti, Sempre inovando e preocupada com o meio ambiente, ela transforma materiais geralmente vistos como lixo em ferramentas para as suas pinturas. @_bobylly

10. Mariana Marinato (Belo Horizonte, MG) – Nascida na capital belo-horizontina, respira arte. Estudante de artes plásticas, também trabalha com pintura em tela, desenho, ilustração, tatuagem e graffiti, sendo esta sua grande paixão. Foi na pintura das ruas que Mariana despertou um olhar curioso sobre os suportes deteriorados da cidade e se sentiu realmente à vontade para expressar seu trabalho lúdico e afetuoso, capaz de despertar poesia às pessoas que passam pelas ruas. @marianamarinatos

11. Alberto Tadeu (Contagem, MG) – Tot, seu nome artístico, teve seu primeiro contato com o graffiti no ano 2000. Especialista em técnicas de realismo, 3D e cenários, Tot também é agente cultural, promovendo oficinas e painéis temáticos. Ao longo da sua carreira, já participou de diversos eventos de graffiti pelo país, além de alguns trabalhos divulgados em revistas no Brasil e no exterior. Atualmente, Tot é integrante do grupo nacional de 3D @pdfcrew_ . Nas redes sociais ele é @totpdfcrew

12. Sérgio Ilídio (Belo Horizonte, MG) – Mago dos stencils, é artista visual autodidata nascido e criado em BH. Atua na cena do graffiti desde 1998 com a estética desenvolvida a partir da técnica de stencil, além de trabalhar também como tatuador. Suas criações têm como temática principal o retrato de representatividades regionais, culturais e personalidades. Sua família é de João Monlevade, desta vez ele vai representar a sua própria história, que é ligada à história da siderúrgica. @sergio_ilidio

13. Thiago Moska (Janaúba, MG) – Seu nome é Thiago, mas é conhecido como Moska por onde passa. Residente de Ipatinga, permeia seus trabalhos entre os estilos pop arte e realismo. Com experiência em Graffiti há mais de 15 anos, e vivendo exclusivamente da sua arte há 10 anos, teve o seu primeiro contato com o meio ainda na escola. @thiagomoska301

14. Pedro Stryper (Governador Valadares, MG) – Pedro Henrique, mais conhecido como Pedro Stryper, atua na cena há mais de 10 anos. A paixão pelos tons marcantes do preto e cinza vem do cinema, principalmente de filmes em preto e branco, onde essa combinação de cores é fundamental para a expressão dos personagens. A paleta de cor dos seus trabalhos é essencial para a conexão das pessoas com sua arte. O realismo e a tatuagem são influências fortes no seu trabalho. @stryperpedro

15 – Lídia Viber (Belo Horizonte, MG) – O nome é Lídia, mas é conhecida como Viber. Nascida e criada na Zona Leste de BH, Viber teve seu primeiro contato com o graffiti aos 15 anos em uma oficina social, descobrindo a possibilidade de se expressar pelos seus desenhos nos muros de todo lugar. A partir daí, ela começou a escrever sua história na Arte Urbana. Hoje, seu trabalho transita por um universo lúdico, onírico, e é inspirada pelo realismo mágico. Nessa linguagem, busca estimular reflexões sobre imposições, sonhos, desejos, inseguranças e aceitação, sejam eles apresentados em telas, aquarelas, graffiti ou em grandes murais. @lidiaviber