De 11 a 26 de março serão exibidos 21 filmes que dialogam com o movimento musical
Nesta sexta-feira (11), Belo Horizonte vai ganhar novas salas de cinema. O Minas Tênis Clube, que já conta com galeria de arte, biblioteca e teatro, vai inaugurar duas salas voltadas para a sétima arte. Cada uma terá capacidade para 41 espectadores, contando com espaço para cadeirante e cadeira para obeso. Para inaugurar as salas, será promovida, entre os dias 11 e 26 de março, a mostra de cinema que celebra os 50 anos do lançamento do disco Clube da Esquina.
Intitulada “Mais fundo que o mar: o cinema, a música e as esquinas”, a mostra conta com 21 filmes, oficinas, workshops e palestras. A programação é inédita no que tange apresentar o Clube da Esquina retratado com base nos filmes que influenciaram o movimento. Os ingressos para as sessões custam R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia) e podem ser adquiridos na bilheteria do cinema ou no site do Minas Tênis Clube. As entradas para as outras programações da mostra são gratuitas, com inscrições no site do Minas.
Samuel Marotta, cineasta, idealizador e curador da mostra “Mais fundo que o mar: o cinema, a música e as esquinas” explica que, no seu entendimento, o Clube da Esquina foi forjado na sétima arte. “A mostra surge com o objetivo de responder a hipótese de que o Clube da Esquina começou no cinema”, conta o cineasta. “No momento que eu começo a leitura de “Os sonhos não envelhecem: história do Clube da Esquina”, do Márcio Borges, percebi que é um livro mais sobre memórias cinematográficas do que sobre memórias musicais. Então eu falei: agora eu posso imaginar que o Clube da Esquina antes de ser música, era cinema”, lembra Samuel. A mostra é fruto da vontade e da necessidade de dar luz a uma questão na cultura de Belo Horizonte: o estreitamento entre cinema e música a partir da geração dos anos 1960 e 1970.
A relação do Clube da Esquina com o cinema é constante. Na pesquisa de Samuel, os encontros nas salas de cinema da capital e as conversas que aconteciam depois das sessões foram de suma importância para a criação musical dos meninos do Clube. “No livro, Márcio Borges citava muitos filmes e tudo era em torno do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), que é onde todo mundo se reunia, depois saía para os bares de Belo Horizonte e ficava falando de cinema, de música, de política, de literatura e de tudo que se possa imaginar”, revela o curador da mostra. Samuel lembra a passagem do livro de Márcio sobre a composição de três pérolas do cancioneiro nacional. “Milton Nascimento (Bituca) e Márcio Borges foram ver a sessão do filme “Jules e Jim”, do diretor francês François Truffaut. Eles assistiram três sessões do filme, e, sob efeito daquelas imagens, compuseram, na mesma noite, as músicas “Novena”, “Gira-girou” e “Crença”.
Além da pesquisa, Samuel e muitos de seus colegas se identificam com os rapazes do Clube da Esquina. “Era uma efervescência cinefílica e, de certa forma, me despertou uma espécie de relação, porque minha geração também é de realizadores que fazem coisas muito parecidas, sempre depois das sessões no Cine Humberto Mauro, a gente ia discutir os filmes nos bares, e dali surgiram novas ideias”, revela Samuel.
Sobre as Salas de Cinema
As salas de cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas possuem 41 lugares cada, incluindo assentos acessíveis. O conforto do público foi a principal diretriz do projeto, mas, também, novas premissas de salubridade em decorrência da pandemia da Covid-19, como assentos mais largos com apoio de braço individual e revestimentos de fácil higienização. As salas têm revestimentos neutros e elegantes, em tons escuros, com o objetivo de reforçar a experiência de imersão no filme. A iluminação é um diferencial, formada por pequenos pontos, ao mesmo tempo é também um elemento funcional e ornamental que desaparece ao ser apagada. Os projetores são 4K DCP e o sistema de som é o 7.1 Dolby.
Além de uma consultoria especializada em salas de cinema, feita por Quintino Vargas, da QR Soluções, o projeto contou com a participação de uma equipe de acústica que cuidou para que as salas atingissem um alto nível de isolamento e conforto. O projeto de acústica foi integrado e compatibilizado com o projeto de climatização, garantindo níveis muito baixos de ruído.
A diretora Institucional do Instituto Unimed-BH, Mercês Fróes, ressalta a importância da inauguração das salas de cinema e da entrega de um complexo cultural para a região metropolitana de Belo Horizonte. “É com imenso prazer que a Unimed-BH e o Instituto inauguram mais esse espaço para a população, promovendo lazer e gerando trabalho e renda para profissionais do setor. O investimento em arte e cultura é um dos nossos eixos de atuação, por isso, agradeço especialmente a todos os nossos colaboradores e cooperados, que por meio de suas doações ao Programa Sociocultural Unimed-BH, viabilizam iniciativas que certamente geram impacto social em nossa área de atuação”, afirma.