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Como o mapa cultural de BH cresceu em cinco anos

Enquanto o Teatro Francisco Nunes ganhava novos ares, os belo-horizontinos ganhavam novos espaços culturais



Créditos da imagem: Divulgação
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Teatro Francisco Nunes
Redação Sou BH
20/01/15 às 20:37
Atualizado em 01/02/19 às 19:57

Por Débora Gomes, jornalista Sou BH

Em 2009, Belo Horizonte perdeu um de seus teatros mais queridos: o Francisco Nunes. Com instalações comprometidas, o espaço, inaugurado em 1950, fechou suas portas para reforma, voltando à ativa em abril deste ano em grande estilo.

Para a reinauguração, o Chico Nunes, como é carinhosamente conhecido, ganhou poltronas e um moderno sistema de som e luz, além de salas para o setor administrativo, novos banheiros e lanchonetes. “O Teatro Francisco Nunes é uma edificação que faz parte da história de Belo Horizonte e poder contribuir em trazê-lo de volta à cena, trabalho em conjunto com o saudoso Raul Belém Machado, me enche de orgulho e satisfação”, exalta a arquiteta responsável pela reforma do teatro, Mariluce Duque.

Mas, durante esses cinco anos em que o Teatro Francisco Nunes ficou fechado, Belo Horizonte ganhou novos espaços culturais. Cine Theatro Brasil Vallourec, Centro Cultural Banco do Brasil, Sesc Palladium, Teatro Bradesco, Memorial Minas Gerais Vale e Teatro Espanca! chegaram para dar um gás na área cultural da cidade. 

A reportagem do Sou BH esteve em três desses espaços para contar o que eles têm de melhor. 

Cine Theatro Brasil Vallourec

No coração de Belo Horizonte, o Cine Theatro foi reaberto em outubro do ano passado. Inaugurado em 1932, o espaço, considerado então como o maior cinema do país, foi símbolo da alta cultura e charme da década de 30. Porém, em 1999, com a concorrência com os cinemas dos shoppings, o espaço entrou em decadência e fechou suas portas, que só foram reabertas em 2006. A partir daí, foram sete anos de reforma e restauração, para que o espaço fosse devolvido aos belo-horizontinos sem perder suas características e valor.

Com sistema de isolamento de som (de dentro, não se ouve nenhum barulho feito do lado de fora), o novo Cine Brasil parece nos convidar a um passeio pela história da década de 30. O local possui três entradas: uma pela rua dos Carijós, outra pela avenida Amazonas e a principal na Praça Sete, que só funciona em dias de espetáculo.

Apesar de ser moderno em instalações, o teatro não perde o estilo Art-Déco que inspirou sua arquitetura, já que toda a reforma aconteceu priorizando seus detalhes originais. No Teatro de Câmara, por exemplo, as 200 cadeiras são as mesmas de antigamente, que passaram por um trabalho minucioso de restauração.  O piso do quinto e sexto andar também foi totalmente reparado, assim como as janelas, que oferecem uma ampla visão do Centro de BH. Parte da pintura das paredes também é original: durante a reforma, foram descobertas várias figuras no hall e grande teatro, que estavam cobertas por cerca de sete camadas de tinta.

Para conhecer as outras surpresas que o Cine Theatro Brasil Vallourec reserva, é preciso agendar uma visita pelo telefone (31) 3201-5211. 

Dica: apesar dos elevadores, vale um passeio utilizando as escadas. Não são muitos degraus por andar e é bem mais agradável fazer o trajeto “a pé”. 

Pontos positivos: 

- acessibilidade a portadores de necessidades especiais; 

- uma livraria no pavimento da Amazonas do Cine Theatro;

- o Café Cine Brasil (localizado ao lado da entrada na rua dos Carijós), oferece, além de lanches e bebidas, almoço executivo.

Pontos negativos: 

- não possui estacionamento.

CCBB

Inaugurado em agosto de 2013, o Centro de Cultura Banco do Brasil - CCBB Belo Horizonte – faz parte do Circuito Cultural Praça da Liberdade. O prédio, no entanto, foi construído em 1926 e sediou o Comando Geral das Forças Revolucionárias durante a Revolução de 1930. Posteriormente, abrigou a Secretaria da Defesa Social e a Procuradoria Geral do Estado, sendo que em 2009, os trabalhos de restauração e adaptação de suas instalações tiveram início para receber o CCBB. 

A reforma valeu a pena e transformou o prédio em um espaço de dar orgulho ao belo-horizontino. Logo na entrada, uma escadaria de acesso ao segundo andar remete aos grandes palácios antigos, sempre preservando a arquitetura original da década de 30. 

O centro cultural esconde ainda várias surpresas. No térreo, a Livraria da Praça é um verdadeiro achado, com livros de literatura, arte e cultura, além de mimos, como cadernetas, caixinhas de música e cartões, ótimas opções para presente. Subindo um pouco mais, no segundo piso, a galeria reservada para exposições permanentes faz uma viagem pelo tempo, com móveis de madeira das décadas de 1920 a 50. Além de espaços para exposições, o CCBB possui um grande teatro, reservado para espetáculos diversos, com capacidade para até 264 pessoas.

Mas o melhor ainda está por vir: um pátio enorme, coberto por uma estrutura de vidro que permite apreciar o céu, enquanto você saboreia um Pethit Gateau no Café com Letras, ou um cappuccino gelado no Soul Café. O espaço recebe também exposições e, esporadicamente, abre para oficinas ou pequenos eventos.

O local fica aberto a visitas de 9h às 21h, de quarta a segunda-feira.

Pontos positivos: 

- localização; 

- a entrada para os cafés fica aberta até meia-noite.

Pontos negativos: 

- não abre às terças-feiras

- só funciona até o terceiro andar (os demais ainda não foram inaugurados).

Sesc Palladium

Em 1999, os belo-horizontinos viram mais um espaço se fechar. O Cine Palladium, localizado no centro da capital, encerrava suas atividades para, 13 anos depois, reabrir como Centro Cultural Sesc Palladium.

Com modernas instalações, o espaço tem como destaque o Grande Teatro, com capacidade para 1.321 pessoas. E não para por aí. Em suas duas entradas (uma na avenida Augusto de Lima e outra na rua Rio de Janeiro), o Centro Cultural possui dois foyers, destinados a recitais e pequenas recepções.

Sem perder suas origens, o espaço reserva também uma sala alternativa, oferecendo sessões gratuitas de filmes nacionais e internacionais, além do pequeno Teatro de Bolso Júlio Mackenzie, com 82 lugares, recebendo apresentações musicais, literárias e teatrais. 

E se bater aquela vontade de tomar um café quentinho? No cardápio do Café Sesc Palladium, expressos regionais, aromatizados, capuccinos, macchiatos e coquetéis a base de café agradam a qualquer paladar. 

O espaço fica aberto de segunda-feira a domingo, das 7h às 23h. Porém alguns espaços como o cinema, o Grande Teatro e o Teatro de Bolso só abrem em dias de espetáculo.

Pontos positivos:

- o Sesc possui um acervo artístico e literário, destinado à pesquisa, com livros de arte disponíveis para consulta e internet gratuita;

- espaço do teatro.

Marília de volta

Outro espaço que voltou para BH em 2014 é o Teatro Marília. Fechado a pouco mais de um ano para reforma, sua capacidade passou de 185 lugares para 257, além de receber cadeiras mais modernas, iluminação, pintura nova e revestimento acústico. "O Chico Nunes e o Marília são os dois teatros municipais de Belo Horizonte. Isso por si só já demonstra a importância deles”, enfatiza Leônidas Oliveira, presidente da Fundação Municipal de Cultura de BH. Segundo ele, ambos os espaços são fundamentais para as artes da cidade “não só como mais um espaço para apresentações cênicas e musicais, mas por ser literalmente espaço público”, conclui.