Com curadoria de Luiz Lemos, Gabriela Carvalho, Eduardo de Jesus e Brígida Campbell, 2ª edição do evento contará também com oficinas e palestras
Cinco anos após a estreia do Festival Camelo de Arte Contemporânea em Belo Horizonte será realizada a segunda edição do projeto, entre os dias 18 de setembro e 14 de novembro, com curadoria do artista e idealizador Luiz Lemos, da artista e pesquisadora Gabriela Carvalho , do professor e pesquisador Eduardo de Jesus e da artista, professora e pesquisadora Brígida Campbell. O evento vai apresentar quatro exposições inéditas, além de oferecer oficinas e outras palestras.
Por meio de uma convocatória virtual realizada no início deste ano, se inscreveram artistas de todo o Brasil e até de outros países, como Canadá e Senegal. Das 582 propostas encaminhadas, a equipe examinadora selecionou quatro que vão estar expostas no Viaduto das Artes, localizado no Barreiro. Luiz explica que a ideia inicial do projeto era ocupar diversos espaços independentes da cidade, mas em razão da pandemia os planos iniciais foram revistos.
“Esse é um projeto que foi aprovado na Lei Municipal de Cultura antes da pandemia. E naquela época, nós achamos que seria muito interessante oferecer essa possibilidade de cada artista ocupar um espaço e as pessoas poderem circular pelos diferentes locais, em uma rede de exposições simultâneas, mas, neste momento de enfrentamento da pandemia, nós entendemos que estimular esse tipo de circulação pode não ser o ideal. Então, as pessoas que visitarem o Viaduto Das Artes vão poder fruir as quatro exposições num mesmo lugar”, conta o curador e idealizador.
Cada artista vai apresentar uma perspectiva distinta e instigante para se pensar o modo como a arte contemporânea é diversa e, no festival, abrange debates que permeiam questões ligadas às noções de identidade, natureza ou raça, dentre outras. “Laryssa Machado, por exemplo, vai apresentar uma série de fotografias e um vídeo, além de ocupar os arredores do Viaduto com alguns lambe-lambes. Ela cria umas imagens fantásticas que nos leva a pensar nos processos de colonização e invasão que formaram a cultura brasileira”, pontua Luiz.
Já Rafael Ribeiro, que vive entre São Paulo e Itamonte (SP), vai apresentar a exposição “Ressurgências” com instalação, vídeo e fotografias. A instalação será criada nos fundos do Viaduto das Artes e é um trabalho em que Rafael cria uma grande estufa de plantio. “Esse será um trabalho em que Rafael vai tratar das relações entre arte e ecologia, algo que ele está estudando em seu mestrado na USP”, sublinha o idealizador.
“Ele vai criar uma espécie de estufa de plantio e ativará a instalação com sua presença em pesquisa no local. A instalação/ação visa receber pessoas e o artista promoverá conversas sobre o assunto”, detalha Luiz. Além da exposição, Rafael vai realizar a oficina “arte/ecologia no tempo das catástrofes – como e por que intervir?” com a presença dos artistas Fernando Limberger e Brígida Campbell, que tratarão do tema em aulas on-line em outubro.
“Acho que trazer o trabalho do Rafael neste momento em que se constatam os maiores desmanches de políticas públicas de prevenção é muito significativo. Então, há o interesse de que os trabalhos também conversem com o nosso contexto social e político. E não só o trabalho do Rafael possibilita isso, mas os outros três artistas também estão sintonizados com essa ideia”, completa Luiz.
Marcel Diogo, artista de Contagem, por exemplo, convidou os artistas Estandelau e Will, e juntos eles conceberam a mostra “Exposição de pessoas que constantemente são abordadas pela polícia”. “O próprio título da mostra já chama atenção para a discussão que eles estão propondo. Os três trazem esse olhar para essa relação entre a arte, a periferia, a discriminação de minorias, além de lançar um olhar para o problema do racismo estrutural”, comenta Luiz.
Marcel ainda participará, no dia 14/10, da palestra “Desnorteada: práticas curatoriais entre iniciativas independentes, mediada pela curadora Gabriela Carvalho com participação de Eduardo de Jesus.
Juliana Oliveira, de Belo Horizonte, vai organizar uma exposição de pinturas. “Ela apresentará sua pesquisa que pode ser explicitada como uma série de retratos de afetos. Juliana retrata sua comunidade, seus amigos vizinhos e situações do dia a dia. Seu trabalho é excepcional”, elogia Luiz.
Em comum, todos esses artistas desenvolvem trabalhos de impacto discursivo que ampliam as perspectivas de interpretação sobre diversos temas. Essa qualidade interessa ao Festival, uma vez que a ideia é chamar atenção para algumas vertentes e discussões percebidas no âmbito da arte contemporânea, além de oferecer aos artistas uma possibilidade maior de circulação de suas pesquisas e criações.
“Nós entendemos que todos eles são artistas que de alguma maneira estão atuando nas frestas. A Juliana, por exemplo, é uma artista que está se formando na UFMG e essa exposição vai permitir a ela experimentar e apresentar seu trabalho com uma liberdade muito grande e em diálogo com os curadores”, completa Luiz.
Cursos e oficinas
Dia 29/9, das 18h às 21h30
Minicurso sobre exposições: do conceito a realização
Ministrado por Lucas Dupin
Online e gratuito mediante inscrição no site do Festival: festivalcamelo.com
De 7/10 a 28/10
Arte/ecologia no tempo das catástrofes – como e por que intervir?
Participantes: Rafael Ribeiro, Fernando Limberger, Brígida Campbell
Organização: 4 encontros de 1:30h cada, toda quinta-feira de outubro, das 19:30 às 21:00, sendo Aula 1: Rafael Ribeiro (7/out); Aula 2: Rafael Ribeiro e Fernando Limberger (14/out); Aula 3: Rafael Ribeiro e Brígida Campbell (21/out); Aula 4: Rafael Ribeiro (28/out). Online e gratuito mediante inscrição no site do Festival: festivalcamelo.com
Palestras
14/10, das 19h às 21h
Desnorteada: práticas curatoriais entre iniciativas independentes
Participantes: Gabriela Carvalho, Eduardo de Jesus e Marcel diogo
Online e gratuito mediante inscrição no site do Festival: festivalcamelo.com
4/11, das 19h às 21h
Ameaça às águas – aprendendo a viver-com no antropoceno.
Participantes: Rafael Ribeiro, Rodrigo Lemos, Stelio Marras.
Online e gratuita mediante inscrição no site do Festival: festivalcamelo.com
Serviço
Abertura do 2º Festival Camelo de Arte Contemporânea
Data: 18/9, das 18h às 22h.
No Viaduto das Artes (Av. Olinto Meireles, 45, Barreiro)
Visitação: de 20 a 14/11
(2ª, 3ª, 4ª e 6ª-feira, das 10h às 17h; 5ª-feira, das 13h às 21h)