Até 30 de setembro, será possível conferir o trabalho de 24 artistas, entre espetáculos e cenas circenses
Começa nesta sexta-feira (24) a segunda edição virtual do Festival Mundial de Circo. Até 30 de setembro, será possível conferir 24 trabalhos de artistas originários do Brasil, Canadá, Espanha, França e Holanda – entre espetáculos e cenas circenses, além de mesas de conversa, exposição e ações formativas.
A abertura conta com o espetáculo “Andar Abaixo”, novo trabalho dos artistas Pedro Sartori do Vale e Maíra Cesarino, com co-direção de Tiago Mafra (Grupo Trampulim). Outro destaque da programação é a live inédita “QFC – Batalhas Improvisadas Versão Palhaços”, no domingo (26), às 17h, com a Cia Quintal (SP), pioneira no Brasil e referência internacional na improvisação teatral.
O encerramento do festival conta com uma mesa de conversa entre representantes de Escolas Internacionais de Circo, sob mediação de Marco Bortoleto (UNICAMP/SP). O público tem acesso gratuito ao festival pelo endereço www.festivalmundialdecirco.com.br.
Assim como na primeira edição virtual, o público é transportado para a atmosfera mágica do circo, dando a sensação de ser remetido ‘para dentro do picadeiro’. “Já que estamos no ar, nas redes, vamos colocar o circo também suspenso, acima das nossas cabeças, para gente se lembrar que a arte estará sempre ali. É só esticar a mão e pegar ou ter acesso pela rede”, explica a coordenadora e idealizadora do evento, Fernanda Vidigal.
A estrutura da plataforma foi desenhada pelo diretor audiovisual e artista plástico Conrado Almada. Com alguns cliques, o espectador entra numa espécie de ‘cidade circense flutuante’, com lonas, balões e dirigíveis. Do conforto de casa, o público mais uma vez pode navegar e vivenciar experiências em ambientes diversos: Lona Espetáculos (com dois novos espetáculos), Mostra Adulta e Mostra infantil (com 22 trabalhos nacionais e internacionais), Globo da Morte, Ações Formativas e Exposição.
“Por exemplo, você clica na Lona Espetáculos e assiste ao espetáculo “Andar Abaixo”. Em Globo da Morte a pessoa experimenta a sensação de estar dentro daquela estrutura de metal circular, com motociclistas dando voltas completas. Acredito que mesmo no digital, a arte tem o poder de transformar o cotidiano e criar espaços de identificação com o público, de aconchego, emoção e alegria”, afirma Fernanda Vidigal.
A segunda edição virtual possui trabalhos, de média a curta duração – muitos deles criados em contexto de pandemia -, e que trazem um panorama da produção contemporânea circense brasileira e mundial, com diversidade de estética, estilo e técnicas da arte do circo, como o trapézio, o malabarismo, o tecido, o contorcionismo, o bambolê, a palhaçaria, o ilusionismo, entre outras.
“Além das mostras adulta e infantil, que o público vai poder rever nesta segunda fase, para a seleção dos novos espetáculos, foi considerada a qualidade do trabalho apresentado. Não bastava ter a obra gravada em vídeo. A proposta que se preocupou em considerar a linguagem audiovisual, teve prioridade na escolha”, explica.
Com cenas criadas e gravadas durante a pandemia, o espetáculo “Andar Abaixo”, novo trabalho de Pedro Luís Sartori e Maíra Cesarino, abre a programação do Festival, no dia 24.09. O casal de circenses subverte as regras da lei da gravidade ao fazer o chão virar teto e o teto virar chão. O espetáculo traz acrobacias no mastro chinês e passeio aéreo, em cinco cenas curtas em que os artistas se relacionam e jogam com os aparelhos e entre si.
De acordo com Fernanda Vidigal, o cenário da peça é uma estrutura em que o passeio aéreo aparece em uma plataforma entre dois mastros chineses. “Pedro e Maíra fazem jogos acrobáticos escalando e descendo os tubos verticais do mastro e caminhando de ponta à cabeça com os pés presos às alças do passeio aéreo. Além de criadores, os circenses também assinam a elaboração do aparelho”, explica. O espetáculo, que conta ainda com a co-direção de Tiago Mafra (Grupo Trampulim) e trilha de Thiakov, pode ser visto até 30 de setembro.
Outro destaque é a live inédita do espetáculo “QFC – Batalhas Improvisadas Versão Palhaços” da Cia Quintal (SP) – pioneira no Brasil e referência internacional na improvisação teatral. Dirigida por César Gouvêa, a apresentação mistura a improvisação com o universo da luta, onde os palhaços irão fazer o impossível para mostrar suas habilidades. “Um apresentador conduz o show e media o embate entre lutadores/palhaços, que ao longo da luta, vão revelando sua personalidade”, explica Fernanda Vidigal.
Segundo a produtora, as improvisações partem de desafios nos quais os lutadores devem respeitar determinadas regras para realizar a cena. No final, o internauta decide o ganhador da disputa: “os temas das improvisações serão dados pelos próprios espectadores, ao vivo, que serão responsáveis também por dizer qual palhaço será o ganhador do tão sonhado cinturão de grande campeão do QFC”, adianta.
A live acontecerá no dia 26, às 17h, e terá sua gravação disponibilizada na plataforma até o dia 30. As demais obras apresentadas nesta edição passeiam por temáticas contemporâneas distintas, como gênero, relações amorosas, dilemas do ofício, os desafios da comunicação e as novas tecnologias, a solidão humana e o isolamento social em contexto de pandemia.
E para encerrar a programação, o público assiste ao Diálogos em Rede –“Escolas Internacionais de Circo”, no dia 30 de setembro, às 15h, pelo Zoom (com transmissão pelo Youtube ou pela plataforma do festival. “Vamos conversar com algumas escolas internacionais de circo e propor questões sobre como elas atuaram durante a pandemia? Qual é a centralidade e a importância da Escola Superior para a produção artística do país? Qual a expectativa para o ingresso dos estudantes: quais características a Escola procura no candidato? Há acompanhamento dos profissionais recém-formados? Em caso positivo, de que forma? Qual o futuro das Escolas Superiores? ”, contextualiza Fernanda Vidigal. Sob mediação de Marco Bortoleto (UNICAMP/SP), o encontro é voltado para artistas, alunos e futuros alunos de circo, formadores e interessados em geral e conta com a participação das Escolas da França, Holanda, Espanha e Canadá.
As ações formativas desta edição são gratuitas e podem ser realizadas pelo site do www.festivalmundialdecirco.com.br. O Festival irá disponibilizar ainda, na plataforma, a exposição “A deriva da linha ou o mistério que salta”, da artista visual e circense há mais de 20 anos, Clarice Panadés, formada na Spasso Escola Popular de Circo em 2008, e integrante do Coletivo Na Esquina. “A deriva artística começou com o circo, na prática diária de atividades corporais, manipulação de objetos, equilíbrio invertido da parada-de-mãos e o exercício da presença na cena. O desenho surge como um vestígio do movimento no mundo, no desejo de revelar o invisível do gesto. Não importa a técnica a ser utilizada – vídeo, caneta, tinta, palavra escrita – mas o modo como a tradução do acontecimento acrescenta algo ao instante”, explica Clarice Panadés.
Ao longo de duas décadas, o Festival Mundial de Circo construiu um público cativo nas redes sociais. Segundo a coordenadora Fernanda Vidigal, uma edição toda online é uma oportunidade para trazer novas plateias, mesmo no pós-pandemia. “Depois que gente voltar a fazer ações presenciais, certamente vamos continuar com parte da programação no virtual, porque você acaba ampliando o seu público”, afirma. O Festival Mundial de Circo – edição LAB é realizado com os benefícios da Lei Aldyr Blanc. Realização: Agentz Produções Culturais e CIRC – Centro de Intercâmbio e Referência Cultural.