Obra resgata memórias ocultas da mineração na cidade e revela, através de arquivos raros, histórias de exploração e resistência
Relato histórico é narrado pelo artista Mauricio Tizumba
O documentário “Mineiro não se Dobra” estreia nesta quarta-feira (26), às 19h, no Museu da Imagem e do Som, em Belo Horizonte. A exibição contará com legendas, tradução em Libras e uma conversa com os diretores. Outras mostras estão previstas para Nova Lima, no dia 28, e para o Museu da Moda, na capital, em 2 de dezembro. A entrada é gratuita.
Leia também:
Dirigida por Hortência Abreu e Ricardo Burgarelli, a produção tem cerca de 30 minutos e constrói uma leitura visual da história da mineração em Nova Lima, guiada pela voz de Mauricio Tizumba. O filme combina materiais diversos, como imagens históricas, colagens animadas, stop motion e intervenções artísticas.
O ponto de partida do roteiro é o livreto “Os Horrores nas Minas de Morro Velho”, escrito em 1931 por Francisco Soares de Oliveira. Ele foi um trabalhador da mina que registrou, em primeira pessoa, as condições brutais às quais os operários eram submetidos. O manuscrito permaneceu guardado no acervo do DOPS (MG) e se tornou peça central da pesquisa que deu origem ao filme.
Além de revisitar o cotidiano difícil dos mineiros, a obra aborda a formação social da própria cidade, com o uso de trabalho escravizado, a posterior chegada de imigrantes europeus e as sucessivas transformações que moldaram Morro Velho ao longo do século XX.
Em meio às referências pessoais que atravessam o projeto, Hortência Abreu relata que parte de sua família trabalhou na mina — incluindo o tataravô Jesus Otero Anta e um parente que faleceu em serviço, sem que os parentes recebessem documentação oficial da morte.
O documentário também sublinha a dimensão política do trabalho minerador: greves que ganharam repercussão nacional, episódios de repressão durante a ditadura militar e o impacto duradouro de doenças e acidentes associados à extração do ouro.
Lançamento do filme “Mineiro não se Dobra”, com entrada franca