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Misturando Minas com Pará, Tutu com Tacacá lança primeiro single do disco de estreia

“Canto de Moçambique/Tutu com Tacacá” chega às plataformas digitais no dia 10 de setembro, misturando carimbó, congado e outras referências musicais mineiras e paraenses



Créditos da imagem: Bruna Brandão
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O álbum “Tutu com Tacacá” traz oito canções autorais, entre elas dois pout-pourris. As músicas foram criadas depois de uma residência artística feita no Pará por Marina Araújo, que assina cinco faixas, e Ana Luísa Cosse, autora de uma música
Redação Sou BH
06/09/21 às 10:17
Atualizado em 06/09/21 às 10:17

Um som inspirado no carimbó paraense, com jeitinho mineiro; um passeio por referências estéticas de Minas ao Pará; uma fusão de ritmos e cantos de Belém a BH. Essas são algumas das definições possíveis para o Tutu com Tacacá, cujo nome traz uma mistura de pratos típicos dos dois estados, transposta de forma saborosa e contemporânea para a música. Formada em Belo Horizonte, em 2016, a banda lança nas plataformas digitais, no dia 10 de setembro, seu primeiro single, “Canto de Moçambique/Tutu com Tacacá”. A faixa traz referências sonoras do congado e do carimbó, evidenciando a proposta artística do Tutu com Tacacá, que se prepara para o lançamento seu primeiro disco, homônimo, em novembro deste ano.

Cartão de visitas do grupo, o single se divide em duas partes: enquanto "Canto de Moçambique" é inspirada nas irmandades de Minas, "Tutu com Tacacá" propõe uma releitura do carimbó, criando um diálogo entre os instrumentos tradicionais mineiros e paraenses. Curimbós e maracas do Pará unem-se a caixas de folia e patangomes de Minas Gerais, entrecortados por guitarra, baixo, bateria, flauta e voz. “A cultura popular brasileira é muito diversa, mas tem raízes comuns. Então, as expressões culturais sempre dialogam. O ponto de partida para a mistura das musicalidades de Minas e do Pará foi o tambor: a caixa das irmandades e o curimbó”, conta Marina Araújo, percussionista da banda.

Após a primeira faixa, será lançado mais um single, antes do disco de estreia, em novembro. “A próxima música chama-se ‘Mineira no Carimbó’ e conta como a mineira dança o carimbó, com seu jeitinho característico. No arranjo, temos a presença da viola caipira, dos sapateados inspirados na catira mineira e do banjo tradicional do carimbó, produzido artesanalmente pelo Mestre Nego Ray”, de Icoaraci, distrito de Belém (PA), adianta a vocalista Ana Luísa Cosse. “As pessoas que já acompanham a banda por meio dos shows podem esperar um som feito com muito respeito e amor, inspirado com toda a reverência nas culturas populares”, completa, ressaltando que o disco tem arranjos coletivos e do produtor do disco, Luiz Camporez.

O álbum “Tutu com Tacacá” traz oito canções autorais, entre elas dois pout-pourris. As músicas foram criadas depois de uma residência artística feita no Pará por Marina Araújo, que assina cinco faixas, e Ana Luísa Cosse, autora de uma música. “Há, também, uma composição de Shari Simpson (flauta) e uma de Pedro Fonseca, ex-guitarrista e vocalista da banda”, afirma Cosse. A vocalista afirma que o álbum, que está em processo de gravação e mixagem, traduz uma vontade antiga da banda. “Queríamos muito gravar nossas composições autorais e, assim, entrar nas playlists das pessoas, permitindo que elas nos ouçam e dancem ao nosso som quando quiserem. Era, também, uma cobrança de quem segue o nosso trabalho”, afirma.

Somando a experiência de palco desses cinco anos de história, o Tutu com Tacacá buscou levar para o estúdio a energia contagiante que marca suas apresentações. “O carimbó é dançante, é ancestral. Combina com sorriso no rosto, interação, brincadeira, felicidade. Nos shows, a emoção se retroalimenta. A banda envia energia para o público, que envia de volta. É um ciclo que faz a alegria crescer e tomar conta do ambiente”, afirma Cosse. “Temos um público que se empolga, que quer fazer parte, que adquire o figurino, que aprende as coreografias e as letras. São paraenses que vivem em BH e gostam de ir aos shows para lembrar de sua terra, e mineiros que apreciam a cultura do Norte e curtem o som da banda. O retorno deste público é muito gratificante, e fizemos o disco pensando, também, neles”.

Sobre o Tutu com Tacacá

Nascido em 2016, o Tutu com Tacacá é fruto do encontro entre musicistas do Grupo Folclórico Aruanda (dedicado à pesquisa das culturas populares tradicionais brasileiras), que queriam experimentar novas possibilidades estéticas e musicais. Antes da banda, porém, esse núcleo de artistas pediu a “bença” da tradição para levar o carimbó ao Carnaval de rua de Belo Horizonte, criando o Bloco da Fofoca. “A fofoca é uma vestimenta íntima que utilizamos embaixo da maioria dos trajes das danças pesquisadas pelo Aruanda. Começamos a dançar vestidas de fofoca e decidimos que o nosso bloco seria o bloco das ‘fofoqueiras’. Já existia uma pesquisa de carimbó no Aruanda, conhecíamos as sonoridades e as movimentações da dança. Então, sempre foi um ritmo apaixonante e envolvente para nós”, conta a vocalista, Ana Luísa Cosse.

O primeiro desfile do Bloco da Fofoca foi a fagulha para a criação de um projeto que se estendesse durante todo o ano, surgindo então o Tutu com Tacacá. “Fomos ao Pará, participamos de rodas de carimbó, conversamos com mestres e movimentadores para entendermos como se dava a manifestação. Tocamos carimbó com os instrumentos mineiros junto com o grupo Tambores do Pacoval, da Ilha do Marajó. Voltamos inspiradas e com muita vontade de apresentar a cada vez mais pessoas a delícia do ritmo do carimbó”, relembra Cosse. “As sonoridades mineiras foram chegando aos poucos e espontaneamente. Nossas composições são inspiradas nas tradições paraenses e mineiras, mas as letras refletem nossas vozes, nossos posicionamentos, o que temos vontade de dizer ao mundo”.

No que tocam às referências, o Tutu com Tacacá reverencia as irmandades mineiras, em especial as guardas de Moçambique e Congo, bem como as Folias de Reis. Também são referências para nós a Vesperata de Diamantina, Milton Nascimento e o Clube da Esquina”, conta a percussionista Marina Araújo. Do Pará, a banda busca referência em diversos nomes, tais como Mestre Verequete, Dona Onete, Pinduca, Mestre Lucindo, Mestre Diquinho, Mestre Chico Braga, Grupo de Tradições Marajoara Cruzeirinho, Grupo Tambores do Pacoval, Grupo Eco Marajoara, Grupo Sancari, Grupo Cheiro do Pará, Grupo Frutos do Pará. “Também nos inspiram artistas como Lia Sophia, Fafá de Belém, Joelma, Gaby Amarantos, Felipe Cordeiro e Félix Robatto”, completa.

A formação do Tutu com Tacacá conta ainda com Camila Menezes (baixista), Leléo Lima (percussionista), Shari Simpson (flautista) Stênio Galgani (guitarrista) e Viviane Cosse (vocalista e maraqueira). Nesses cinco anos de história, o Tutu com Tacacá já realizou shows em eventos como 13º Festival de Verão da UFMG (2019), Mostra de Cinema de Tiradentes/MG (2019) e I Festival Sindical da Canção (2017). A banda também foi vencedora do concurso “Sarau Minas Tênis Clube”, em 2019, no qual realizou um show em homenagem à cantora Dona Onete, diva do carimbó paraense; e recebeu o Prêmio Cultural Aldir Blanc, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, em 2020, na categoria Linguagens Artísticas.