Nova edição do Festival CURA começa com pintura de empenas na praça Raul Soares
Vão expor a arte no festival Kassia Rare Karaja Hunikuin, Sadith Silvano, Ronin Koshi e Ed-Mun
Começou a sexta edição do CURA - Circuito Urbano de Arte, em Belo Horizonte. Desta vez, o festival que colore com o graffiti as paredes de prédios da capital mineira acontecerá na praça Raul Soares.
Nesta edição, Ed-Mun é o artista anfitrião. Um dos maiores grafiteiros de BH, famoso pela maestria na técnica para criar graffitis realistas, é quem dá as boas vindas. Conhecido internacionalmente dentro da cena de graffiti caligrafia 3D, vai realizar um sonho ao fazer sua primeira empena. Ed-Mun vem coroar essa edição trazendo a cultura da rua.
"Me sinto muito honrado com o convite desse projeto maravilhoso. Sempre sonhei em pintar uma empena, em qualquer lugar que fosse, aconteceu desse lugar ser muito especial. Estou muito ansioso para iniciar esse trabalho, espero que corra tudo bem, que o clima ajude, e que as pessoas aprovem, pois uma arte assim é para todes", conta.
Sobre o que vai fazer, Ed-Mun adianta que será uma homenagem a escrita, a comunicação por símbolos e grafismos, inspirado na arte marajoara, na pintura rupestre, mas com um estilo urbano contemporâneo que é o graffiti 3D.
“E com um pouco de anamórfico, que dará uma ilusão de ótica para quem for ver a pintura, ter uma impressão que ela vem de dentro do prédio", explica.
Além de Ed-Mun, também vão expor a arte no festival Kassia Rare Karaja Hunikuin com o Coletivo Mahku (Acre), Sadith Silvano e Ronin Koshi, artistas Shipibo (Peru).
Novidades
Pela primeira vez o CURA conta com uma vivência, guiada por Tainá Marajoara entre os dias 30/10 e 02/11 e conta ainda com a participação de Patrícia Brito (BH/MG), Silvia Herval (BH/MG) e Mayô Pataxó (Ubaporanga/ MG).
"A Raulzona nos fez ver a magia da cultura Marajoara tatuada no centro da nossa cidade. E nos levou a essa mulher incrível que é a Tainá Marajoara, cozinheira, artista, realizadora cultural e pensadora indígena. Ela vai guiar / liderar uma vivência com mais 3 mulheres que trabalham com comida, cura e arte. O futuro é coletivo e esse coletivo formado por Tainá Marajoara, Mayo Pataxó, Silvia Herval e Patricia Brito vai compartilhar saberes e experimentar o território" adianta Janaína Macruz, idealizadora e curadora do festival.
Já o Coletivo Viva JK participa através de uma projeção, um retrospecto histórico que vai localizar, por meio de manchetes e trechos de reportagens a partir da década de 60, como a praça Raul Soares passou a ser disputada: por um lado, uma sociedade que desejava reprimir a população LGBTQIA+.
Dirigida pelo videoartista Eder Santos, sobrepõe as representações negativas das pessoas LGBTQIA+ a fotografias de mulheres trans e travestis, registros que são parte do acervo pessoal da saudosa Anyky Lima e do fotógrafo Lucas Ávila. As pessoas fotografadas representam a ancestral luta por reconhecimento da própria identidade, sendo entidades da comunidade queer belo-horizontina. Já as reportagens são parte da pesquisa de Luiz Morando, autor do livro “Enverga mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte“.
Além dos retratos e reportagens, a projeção usa cenas do videoclipe "Duas Pessoas", de Aldrin Gandra e dirigido por Barão Fonseca, e cenas uma batalha de Vogue gravadas na boate Matriz, no edifício JK, cedidas pelo cineasta Leonardo Barcelos.
O Vogue é um estilo de dança pautado por performances que, entre outras coisas, comunicam o orgulho LGBTQIA+. Surgiu no Harlen, em Nova Iorque, e, no Brasil, fez de BH sua capital. A projeção traz ainda grafismos que remetem à praça Raul Soares, localizando o território.
Os textos de jornais de época e as fotos de mulheres trans e travestis serão localizados geograficamente, indicando que lugares são esses atualmente. O trabalho de design será feito pelo artista gráfico Fred Birchal, apaixonado por arquitetura e urbanismo, morador do JK desde 2019.