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O humor na arte do improviso, segundo Adnet

Espetáculos como “Z.É. Zenas Emprovisadas” e “220 Volts” trazem o riso para BH em novembro



Créditos da imagem: Marco Alonso
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Z.É. Zenas Emprovisadas apresenta uma nova forma de fazer humor
Redação Sou BH
20/01/15 às 19:58
Atualizado em 01/02/19 às 20:01

Por Camila de Ávila jornalista Sou BH

O ser humano é o único animal capaz de rir e de ver graça nas coisas boas ou ruins. Entendemos as situações e apresentamos a capacidade de ver nelas um motivo para gargalhar. E, no mês de novembro, BH recebe peças que tem como mote o riso frouxo, a graça e o “tirar sarro” da cara do outro. “Z.É. Zenas Emprovisadas”, “Eri Pinta Johnson Borda” e “220 Volts”.  O Sou BH conversou com o ator Marcelo Adnet, um dos expoentes da nova fase do humor brasileiro sobre esse jeito de fazer rir.

Atualmente, o humor é feito de um jeito mais leve e mais livre, sem se prender a textos. Isso começou com o stand up, teatro de humor no qual o artista fica sozinho no palco fazendo piadas. Essa forma teatral chegou ao Brasil na década de 1960, mas se popularizou mesmo no início dos anos 2000, com artistas como Rafinha Bastos, Danilo Gentilli, Bruno Motta e alguns grupos, como o Comédia em Pé, Comédia ao Vivo e ImproRiso.  Marcelo Adnet afirma que a inovação se deu por causa da internet. “O humor não ficou diferente, o que mudou foi a relação dele com as pessoas e a internet ajudou nessa  mudança. Ficou  mais acessível”, afirma.

Por estar na internet e ser de fácil acesso a todos, o limite do humor vem sendo muito debatido. “As pessoas não são obrigadas a aceitar qualquer piada, e a discussão é saudável girando em torno de quem faz, quem cria e quem assiste”, explica Adnet. Para ele, há um limite em fazer comédia. “Acho que não é legal fazer piada sobre o oprimido que está naquela situação por motivo de força maior e não por uma escolha”, diz. Adnet é um dos artistas de comédia que nunca sofreram críticas por suas piadas serem de mau gosto.

O humorista estará em BH no dia 16 de novembro com o espetáculo “Z.É. Zenas Emprovisadas”, acompanhado de Gregório Duvivier, Fernando Caruso e Rafael Queiroga. Para completar o time do riso, os artistas ainda convidam o diretor Fernando do Val. “Primeiramente o Z.É. é uma espetáculo de improvisação, a liberdade da interpretação é o que comanda”, conta Adnet.  O ator explica que a graça está também no formato. “O legal é que no improviso você vê a construção da piada. O cara tá nu no palco criando na frente do público. Quando dá certo é um milagre! Esse tipo de trabalho é para pessoas muito corajosas porque é um risco muito grande”, explica.

O humorista destaca que este tipo de humor, o do improviso, necessita de horário para ser realizado. “O humor só acorda às três da tarde. A partir daí dá para reagir com normalidade. Acredito que as sete da manhã ainda estamos meio dormindo e não reagimos com a rapidez que o improviso exige”, diz em meio a risos. Outra importante observação de Adnet é sobre a bagagem. “O mecanismo para criar improvisações é estar sempre com o cérebro aquecido. É uma coisa muito espontânea e o estado de espírito influencia. Mas é necessário ter uma bagagem. Por exemplo, o cara que vai na favela sabe fazer muito melhor o morador do local do que quem nunca foi lá”, afirma.

Não há como falar com este artista de humor sem falar de política, em especial pelo momento atual de fim de eleição. “A política dá muita comédia”, ressalta. O artista lembrou o seu personagem Marco Graco que surgiu nas eleições de 2010 e voltou a ser viral agora em 2014. “Quando brincamos com a política é sempre relevante. O humor é político e nem todo mundo percebe isso”, afirma. “As pessoas precisam ver o humor como uma arma poderosa que ele é”, conclui.