Cultura

Pássaro Vivo reinventa interior mineiro futurista no show ‘O Segundo Depois do Caos’

Banda de Patos de Minas apresenta novo disco na Autêntica, com participação de Mariana Cavanellas


Créditos da imagem: Junior Silva/Divulgação
Pássaro Vivo é Lucas de Paula (voz, viola caipira e violão), Ciro Nunes (bateria e flauta transversal), Cello (voz), Xandy (guitarra e violão) e Alan Delay (baixo)

Bossuet Alvim

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12/11/22 às 06:00
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Uma viola caipira e contemporânea, capaz de tocar com leveza em pautas duras como o embrutecimento do cotidiano na modernidade ou as relações pessoais redefinidas após a pandemia. Parece complexo, mas o som da banda Pássaro Vivo flui por temas espinhosos de forma tão espontânea, e por vezes tão singela, que ecoa próxima e afetuosa aos ouvintes mineiros. As composições do grupo de Patos de Minas têm sabor de música regional e trazem influência de expressões artísticas que são joias na cultura do estado, como o Reinado e as modas executadas por dedos hábeis.

“O Segundo Depois do Caos”, disco que a banda apresenta em BH pela primeira vez neste sábado (12/11), na Autêntica, traz a ideia de um ressurgimento desde o título. Trata-se do segundo álbum do grupo, e o rótulo do caos aqui cabe tanto aos efeitos da recente pandemia quanto à visão crítica de uma configuração esmagadora do capitalismo, motivo de reflexão em boa parte das composições.


 

Nascido ao longo dos períodos de distanciamento social e isolamento pessoal dos músicos, o projeto funciona como uma jornada poética por um interior mineiro imaginário, mítico e inusitadamente futurista — graças à formação de baixo, guitarra, bateria, flauta e samplers, que dão roupagem fresca e vibrante à viola. 

As influências da Tropicália são notáveis, assim como é perceptível entre as inspirações a presença de Secos & Molhados e dos cantautores nordestinos dos anos 70 e 80, de Alceu Valença a Elomar. Já disponível nas plataformas de streaming, o álbum recém-lançado sucede “Sobre Asas e Raízes” (2019) e amplia a trajetória da banda que, em quatro anos de estrada, já subiu aos pódios de diversos festivais de música autoral em Minas e em outros estados.  

Mariana Cavanellas amplia o ato

Para a estreia do novo show em BH, os músicos de Patos dividem o palco com Mariana Cavanellas. A artista mineira, conhecida pelo trabalho com as bandas Lamparina e Rosa Neon, também tem farto material solo e já integrou outro espetáculo da Pássaro Vivo, em Uberlândia.

“Mariana Cavanellas é sem dúvida uma das vozes mais potentes e incríveis da música brasileira. Trazê-la ao nosso show abre a possibilidade de fazer um contra ponto ao lado conceitual do nosso novo álbum, linkando nossa parte pop com ela”, observa Lucas de Paula, violeiro e um dos vocalistas da Pássaro.

Outra atração da noite é o grupo brasiliense Remobília, formado por ex-integrantes da Móveis Coloniais de Acaju, que apresentam o álbum de estreia “Ponto Final” (2022) pela primeira vez ao vivo em BH. O trabalho reúne os músicos após experiências em outros projetos distantes do Móveis, e conta com a colaboração de nomes como Moreno Veloso e Marcelo Callado.

Serviço
Noite Festival Timbre com Pássaro Vivo e part. especial Mariana Cavanellas e Remobília (DF)
Local: Autêntica  (Rua Álvares Maciel, 312 – Santa Efigênia, Belo Horizonte – MG, 30150-250)
Data: 12 de novembro de 2022
Horário: a partir das 20h
Ingressos: R$ 20 a R$ 60 no site
Classificação indicativa: 18 anos