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Pelas lentes de Sebastião Salgado

Em cartaz no Palácio das Artes, exposição Genesis reúne 245 fotografias do fotógrafo mineiro



Créditos da imagem: Divulgação
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Sebastião Salgado
Redação Sou BH
20/01/15 às 20:31
Atualizado em 01/02/19 às 19:57

Por Débora Gomes jornalista Sou BH

Até o dia 24 de agosto, a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard e o Espaço Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes, apresentam a exposição Genesis de Sebastião Salgado com entrada franca.

“Fotografar é colocar na mesma linha: cabeça, olhos e coração”. Ao dizer essa frase, o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson não imaginava o quanto ela ecoaria por diversos cantos. Assim como ao ter seu encontro definitivo com a fotografia, na década de 1970, Sebastião Salgado também não imaginava o quanto seu trabalho inspiraria e conquistaria tantos por essa arte.

“Acho que a primeira vez que eu ouvi o nome do Sebastião Salgado foi em uma aula de fotografia”, lembra o fotógrafo Paulo César. De lá para cá, o interesse de Paulo por Salgado cresceu ainda mais depois de adquirir “Terra”, livro que reúne fotografias tiradas entre 1980 e 1996, retratando a condição de vida de trabalhadores rurais sem-terra, mendigos, crianças de rua e outros grupos excluídos no Brasil. “Aí foi amor à primeira vista. Depois disso comecei a pesquisar mais sobre ele e conhecer um pouco melhor a sua obra, até finalmente poder ver uma das suas exposições”, conta o fotógrafo, que fez questão de visitar a exposição em BH.

A relação de Paulo César com a fotografia, no entanto, é coisa antiga e foi por meio dela que o fotógrafo descobriu um novo jeito de se expressar. “Um dia na minha casa me veio um desejo incontrolável de simplesmente sair com a câmera por aí e registrar algo. Eu não sabia o quê, mas tinha de fazê-lo. E o fiz. Acho que a partir desse dia a fotografia me acompanha, não só como profissão, mas como uma necessidade”, conta. 

A história de Paulo quase se repete com a da estudante de arquitetura Maria Clara Antunes. A diferença é que a jovem não fotografa profissionalmente, mas já conhecia alguns trabalhos de Salgado, como “Serra Pelada” e “Êxodos”. “Um amigo me mostrou o trabalho dele uma vez e comecei a pesquisar porque achei bem interessante a profundidade das imagens e a verdade que elas passam para quem tem contato com elas”, explica Maria Clara.

Essa admiração cresceu ainda mais quando a estudante visitou “Genesis”, exposição que reúne 245 imagens do fotógrafo mineiro no Palácio das Artes. “É impressionante como ele consegue capturar tanta beleza e mais impressionante ainda é poder ter contato com isso tão de perto”, afirma Maria Clara.

Genesis: um outro olhar sobre o mundo

Sebastião Salgado tem como marca as fotos em P&B e, em “Genesis”, sua mais recente exposição (e talvez último grande trabalho do fotógrafo) não é diferente. Em cartaz até o fim de agosto nas galerias do Palácio das Artes, a série fotográfica é um registro de uma pesquisa - que começou em 2004 e só teve fim em 2012 - realizada em cerca de 30 regiões, entre elas o Alasca, a Patagônia, a Etiópia e a Amazônia.

“As fotos trazem um tipo de reflexão que não estávamos acostumados a ver em suas obras”, analisa o fotógrafo Paulo César. Isso porque, um pouco diferente dos outros trabalhos de Salgado, Genesis explora paisagens, lugares e suas peculiaridades, mas sem deixar de lado o povo que pertence a alguns deles.

“Os belíssimos registros da fauna e flora nos dão a sensação de que aqueles ambientes estão intocados. Que o ser humano nunca passou por ali. Aí que acontece a grande mágica”, considera Paulo. “Genesis poderia se limitar somente a registros de paisagens, mas é impossível pensar em um trabalho de Sebastião Salgado em que não vá existir uma reflexão sobre o ser humano”, completa.

A exposição fica em cartaz até o dia 24 de agosto, com visitações gratuitas de terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h; e domingo, das 16h às 21h.