'Tempos Modernos' de Chaplin ganha sessão com trilha sonora tocada por orquestra
Academia Jovem Orquestra Ouro Preto interpreta canções assinadas pelo diretor
Retrato das transformações sociais provocadas pelo avanço da tecnologia, 'Tempos Modernos' (1936) tem quase 90 anos e ainda levanta questões pertinentes aos dias atuais. Obra-prima de Charlie Chaplin (1889-1977), o filme lançado já nos últimos dias do cinema mudo ficou eternizado por cenas como aquela em que o protagonista, Carlitos, acaba preso nas engrenagens da fábrica onde trabalha.
Neste sábado (20 de abril), o longa ganha sessão especial em BH, com a trilha sonora original tocada pela Academia Jovem Orquestra Ouro Preto, composta por talentos em formação na música de concerto, acompanhados por solistas convidados. O concerto ocorre às 20h no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046 - Centro).
"Levar ao público a beleza e a atemporalidade da obra de Chaplin vai ao encontro e fortalece o caminho que a Orquestra Ouro Preto e sua Academia têm trilhado", observa o maestro Rodrigo Toffolo, diretor artístico e regente titular da Orquestra Ouro Preto.
Palladium como nos velhos tempos
O concerto da Academia Jovem Orquestra Ouro Preto resgata o charme de uma função primordial do Sesc Palladium. O prédio histórico que hoje abriga o centro cultural costumava sediar o Cine Palladium, um dos cinemas de rua mais importantes da capital mineira, fechado em definitivo há 25 anos.
"Tocaremos a trilha do filme 'ao vivo', enquanto ele é exibido, relembrando o antigo Cine Palladium. Uma experiência única para toda a família", destaca o maestro Rodrigo Toffolo, em referência a época em que os filmes do cinema mudo eram exibidos com acompanhamento de músicos que se apresentavam durante as sessões.
Diretor também era compositor
Além de escrever, dirigir e estrelar o longa, Charlie também assina parte das canções usadas no filme. "Chaplin era um exímio músico, um artista completo, com uma sensibilidade ímpar, que, sabendo das ferramentas que podia usar na época, trabalhava a música de forma muito rica em suas criações", comenta o maestro Toffolo.
Em 'Tempos Modernos', ele recorreu às condições rudimentares da época para a reprodução de som junto com a película, uma tecnologia que contava apenas 10 anos quando a produção foi filmada. Ao invés de priorizar os diálogos, contudo, Chaplin escolheu enfatizar a música que embalaria seu filme mais conhecido.
"Já que não tinha diálogos no cinema mudo, toda a ambientação era construída pela música e, como o filme passava pelas mãos e pela cabeça dele, Chaplin fazia com que essa imersão fosse completa, já que escrevia pensando na música e compunha pensando no filme", contextualiza o maestro.
Carlitos atemporal
Em 'Tempos Modernos', o artista britânico finalmente cedia à pressão da indústria de entretenimento e dava adeus ao cinema mudo, chegando a incluir algumas sequências faladas. A maior parte da obra, porém, é conduzida somente com efeitos sonoros e a trilha sonora original. O longa toma como alicerce o carisma de seu personagem principal, provavelmente um dos rostos mais conhecidos em toda a história do cinema.
Com seu chapéu-coco, bengala e bigode inconfundíveis, o personagem mais famoso de Chaplin apresentou ao mundo as visões do diretor sobre desigualdade e contradições na sociedade daquele início de século 20. Carlitos para os brasileiros e Little Tramp na versão original, a figura que melhor representa a carreira do cineasta estrela a comédia de situações por vezes absurdas, sem abrir mão de um viés crítico.
Ingressos
As entradas estão à venda pela internet e na bilheteria do Sesc Palladium, a R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50 (inteira). Uma cota de 30 ingressos gratuitos estará disponível para retirada na bilheteria do teatro, mediante apresentação do cartão Bolsa Família ou Cad Único. Este benefício é limitado a 2 ingressos por CPF. Classificação: 10 anos. Mais informações: (31) 3270-8100.