Uma parte de Inhotim que ninguém viu
Mostra em parceria com a Fundação Clóvis Salgado exibe obras pertencentes ao acervo do museu de Brumadinho
Por Débora Gomes, jornalista do Sou BH
Imagine poder vislumbrar parte do acervo de Inhotim dentro da cidade. Acha difícil? Mas não é. Até o dia 8 de março de 2015, as galerias do Palácio das Artes recebem cerca de 50 obras nunca expostas no museu localizado em Brumadinho, formando a mostra “Do Objeto para o Mundo – Coleção Inhotim”. Paralelamente, o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, também abre suas portas para a exposição, com a videoinstalação “Homo Sapiens Sapiens”, de 2005, filmada em Inhotim antes de sua abertura à visitação livre. Ficou curioso para conhecer as obras? Em uma visita guiada para jornalistas, realizada na quarta-feira (10), os curadores Rodrigo Moura, Inês Grosso e Julia Rebouças adiantaram um pouquinho do que os visitantes poderão contemplar a partir de sexta-feira (12).
No primeiro piso, a Grande Galeria do Palácio das Artes é organizada em quatro capítulos, sempre mesclando obras históricas e contemporâneas. Ali, é possível encontrar trabalhos de Hélio Oiticica logo no primeiro momento. Ligia Clark e Lygia Pape também aparecem, acompanhadas das cores fotográficas de Décio Noviello e das caixas em mármore de Iran do Espírito Santo. Cildo Meireles também integra a mostra, com seus “pensamentos materiais” expressos em notas de dinheiro, carimbadas com mensagens que incluem slogans políticos.
O interessante é que, diferente do que costuma acontecer em exposições na Grande Galeria, os vidros que dão acesso à rua não são tampados completamente, de forma que quem está do lado de fora, consegue ter ideia do que está exposto. De acordo com Rodrigo Moura, isso foi proposital, com a intenção de aproximar o público das obras. “A exposição foi pensada para o espaço. Queríamos fazer algo acolhedor, para que as pessoas entrem e fiquem bastante tempo. Os vidros abertos fazem com que as pessoas tenham essa vontade de entrar e participar da mostra”, avalia o curador.
Já entre os trabalhos nas Galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima, o que chama a atenção é a obra de Rivane Neuenschwander, chamada de “Zé Carioca nº 2, A volta dos três cavaleiros”. Na parede, os quadrinhos perdem as imagens, restando apenas um fundo colorido e os balões de diálogo. “O público vai ter giz e apagador à disposição, para criar e recriar os diálogos conforme a imaginação, podendo dar sequência às histórias ou começar novas”, explica a curadora da Coleção Inhotim, Julia Rebouças.
A Galeria Mari’Stella Tristão é reservada a Thomas Hirschhorn. Conhecido por suas instalações e esculturas, o artista empresta às galerias o “Carro Conceito” (ou Concept Car). A obra consiste em um automóvel adornado com diversos objetos que, segundo a curadora Inês Grosso, enfatizam a estética do acúmulo, visando mexer com o imaginário coletivo. “É uma espécie de crítica à sociedade”, completa. A cada volta pelo carro, um objeto novo é descoberto: livros, brinquedos de borracha, CDs, fitas K7. “Tudo formando uma espécie de crítica às marcas e à cultura de consumo”, enfatiza Inês.
Atividades paralelas
Além da exposição, serão promovidas rodadas de conversa com artistas, realizadas na Sala Juvenal Dias, em dezembro e fevereiro. “Essas atividades funcionam como estratégia de inclusão do público”, avalia Rodrigo Moura.
A visita pela exposição é gratuita, de terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h, e domingo, das 16h às 21h.