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Uma parte de Inhotim que ninguém viu

Mostra em parceria com a Fundação Clóvis Salgado exibe obras pertencentes ao acervo do museu de Brumadinho



Créditos da imagem: Divulgação
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Fotografia de Décio Noviello, exposta na Grande Galeria do Palácio das Artes
Redação Sou BH
12/12/14 às 01:38
Atualizado em 01/02/19 às 20:03

Por Débora Gomes, jornalista do Sou BH

Imagine poder vislumbrar parte do acervo de Inhotim dentro da cidade. Acha difícil? Mas não é. Até o dia 8 de março de 2015, as galerias do Palácio das Artes recebem cerca de 50 obras nunca expostas no museu localizado em Brumadinho, formando a mostra “Do Objeto para o Mundo – Coleção Inhotim”. Paralelamente, o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, também abre suas portas para a exposição, com a videoinstalação “Homo Sapiens Sapiens”, de 2005, filmada em Inhotim antes de sua abertura à visitação livre. Ficou curioso para conhecer as obras? Em uma visita guiada para jornalistas, realizada na quarta-feira (10), os curadores Rodrigo Moura, Inês Grosso e Julia Rebouças adiantaram um pouquinho do que os visitantes poderão contemplar a partir de sexta-feira (12).

No primeiro piso, a Grande Galeria do Palácio das Artes é organizada em quatro capítulos, sempre mesclando obras históricas e contemporâneas. Ali, é possível encontrar trabalhos de Hélio Oiticica logo no primeiro momento. Ligia Clark e Lygia Pape também aparecem, acompanhadas das cores fotográficas de Décio Noviello e das caixas em mármore de Iran do Espírito Santo. Cildo Meireles também integra a mostra, com seus “pensamentos materiais” expressos em notas de dinheiro, carimbadas com mensagens que incluem slogans políticos.

O interessante é que, diferente do que costuma acontecer em exposições na Grande Galeria, os vidros que dão acesso à rua não são tampados completamente, de forma que quem está do lado de fora, consegue ter ideia do que está exposto. De acordo com Rodrigo Moura, isso foi proposital, com a intenção de aproximar o público das obras. “A exposição foi pensada para o espaço. Queríamos fazer algo acolhedor, para que as pessoas entrem e fiquem bastante tempo. Os vidros abertos fazem com que as pessoas tenham essa vontade de entrar e participar da mostra”, avalia o curador.

Já entre os trabalhos nas Galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima, o que chama a atenção é a obra de Rivane Neuenschwander, chamada de “Zé Carioca nº 2, A volta dos três cavaleiros”. Na parede, os quadrinhos perdem as imagens, restando apenas um fundo colorido e os balões de diálogo.  “O público vai ter giz e apagador à disposição, para criar e recriar os diálogos conforme a imaginação, podendo dar sequência às histórias ou começar novas”, explica a curadora da Coleção Inhotim, Julia Rebouças.

A Galeria Mari’Stella Tristão é reservada a Thomas Hirschhorn. Conhecido por suas instalações e esculturas, o artista empresta às galerias o “Carro Conceito” (ou Concept Car). A obra consiste em um automóvel adornado com diversos objetos que, segundo a curadora Inês Grosso, enfatizam a estética do acúmulo, visando mexer com o imaginário coletivo. “É uma espécie de crítica à sociedade”, completa. A cada volta pelo carro, um objeto novo é descoberto: livros, brinquedos de borracha, CDs, fitas K7. “Tudo formando uma espécie de crítica às marcas e à cultura de consumo”, enfatiza Inês.

Atividades paralelas

Além da exposição, serão promovidas rodadas de conversa com artistas, realizadas na Sala Juvenal Dias, em dezembro e fevereiro. “Essas atividades funcionam como estratégia de inclusão do público”, avalia Rodrigo Moura.

A visita pela exposição é gratuita, de terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h, e domingo, das 16h às 21h.