Emprego em Minas tem o pior abril desde 2003

Em 12 meses, 63.644 postos de trabalho foram fechados em todo o Estado

Créditos da imagem: Banco de imagens
Emprego em abril registra índices negativos
Redação Sou BH
26/05/15 às 16:46
Atualizado em 01/02/19 às 19:17

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Por Tatiana Lagôa, do Diário do Comércio

Minas Gerais registrou saldo negativo de empregos em abril. O resultado foi o pior para o mesmo mês de toda a série histórica ajustada, iniciada em 2003. Pela primeira vez, a diferença entre número de admitidos e demitidos ficou negativa nesse período em todas as bases de comparação. Em 30 dias, a baixa nos postos de trabalho do Estado foi de 6.964, e no acumulado do ano, de 18.674. A crise está tão grande que, em 12 meses, 63.644 vagas foram fechadas em terras mineiras, sem data marcada para reversão do quadro.

Os dados compõem o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo a pesquisa, em abril, foram contratadas 164.195 pessoas em todo o Estado. Mas, como foram demitidas 171.159, o resultado final ficou negativo em 6.964.

No acumulado do ano, o número de admitidos chegou aos 713.559. O número também foi inferior aos 732.233 demitidos no mesmo período, com diferença negativa de 18.674. Essa é a única base de comparação que houve queda em outro ano para o mês de abril. Mas foi apenas em 2009, quando o País sentia os reflexos da crise iniciada em 2008. Na época, foram contratadas 604.804 pessoas e demitidas outras 607.472, gerando uma queda de 2.668 no nível de empregos. Em 12 meses, houve uma retração na empregabilidade da ordem de 63.644, frutos de uma admissão de 2,278 milhões e demissão de 2,342 milhões.

No acumulado do ano, o comércio foi o setor que registrou o pior saldo em Minas. Foram demitidas, nos quatro primeiros meses de 2015, 183.163 trabalhadores no segmento. Como a contratação foi de apenas 163.270, o saldo ficou negativo em 19.893.

Impactos - O economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) Guilherme Almeida explica que não é comum acontecer tantas demissões nessa época do ano. Tanto que, nos anos anteriores, os resultados foram positivos. "Estamos diante dos impactos do cenário de incertezas que está perdurando na economia nacional. As empresas desistem de investir e de contratar", afirma.

No caso do comércio, o que está ocorrendo não é simplesmente a falta de contratação. O setor já chegou ao nível de fechamento de vagas. E a explicação, ainda segundo Almeida, é a queda real nas vendas e margens, aliada à falta de perspectivas positivas para os próximos meses.

Na mesma base de comparação, a construção civil fechou 7.086 vagas, com demissão de 183.163 trabalhadores e contratação de 163.270. Segundo o presidente da Câmara da Indústria da Construção Civil da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Teodomiro Diniz Camargos, o fechamento de vagas está ligada diretamente à redução dos lançamentos em Minas Gerais. "Estamos com um volume enorme de obras sendo entregues. Como não estão sendo lançados projetos os trabalhadores estão sendo demitidos", afirma.

Além disso, com várias construtoras em investigação na Operação Lava Jato, muitos funcionários estão sendo demitidos. Para Camargos, a tendência é de piora do cenário, com maior retração do mercado de trabalho no setor.

A indústria de transformação fechou 5.010 vagas, ao demitir 123.086 e contratar 118.076 no acumulado do ano. Na extrativa mineral, a baixa foi de 2.098 postos de trabalho, com demissão de 5.880 pessoas e admissão de outras 3.782.

O setor de serviços seguiu na contramão e alcançou saldo positivo, de 7.787. Nos quatro primeiros meses do ano foram admitidas 255.925 pessoas e demitidas 248.138. A agropecuária também teve resultado positivo (6.233), com contratação de 58.798.