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Falta de espaços afeta turismo de negócios em Belo Horizonte

Taxa de ocupação dos hotéis, hoje, não ultrapassa 40%, índice insuficiente para manter as operações



Créditos da imagem: Divulgação
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O Minascentro, projetado em 1926, recebeu poucos investimentos nas últimas décadas e, hoje, necessita de várias reformas estruturais
Redação Sou BH
12/05/15 às 13:27
Atualizado em 01/02/19 às 19:41

Por Daniela Maciel, do Diário do Comércio

Números divulgados pela Secretaria de Estado de Turismo (Setur) revelam que o Turismo de Negócios é responsável pelos maiores períodos de permanência de visitantes no Estado. Em média, 9,8 dias, o que gerou receita de R$ 5,66 bilhões em 2014. Belo Horizonte, claramente vocacionada para o segmento, entretanto, enfrenta uma grave crise, com reclamações das entidades do setor, especialmente da hotelaria, baseadas principalmente na falta de espaços para eventos.

O impasse jurídico que impede a construção do centro de convenções municipal na avenida Cristiano Machado, na região Nordeste, e a falta de interessados no edital de ampliação do Centro de Feiras e Exposições George Norman Kutova (Expominas), na região Oeste, no fim do ano passado, são apontados pelo trade como grandes empecilhos para o desenvolvimento do turismo na cidade e para a chamada crise na hotelaria, que viu a taxa de ocupação despencar depois da Copa do Mundo, em julho, e as margens de lucro diminuírem.

De acordo com a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Patrícia Coutinho, as taxas de ocupação não ultrapassam os 40%, índice insuficiente para sustentar as operações. "Para atrair investidores, o poder público concedeu incentivos, prometeu investimentos em espaços de eventos, mas não cumpriu. Estudos mostravam que a Capital precisava de 13 mil unidades habitacionais (UHs), já temos 13,5 mil e ainda existem outras 2 mil para ser inauguradas. Algumas já foram fechadas e cerca de 35% dos colaboradores contratados na época da Copa perderam seus empregos", reclama Patrícia Coutinho.

Do outro lado da questão, o novo presidente da Companhia Mineira de Promoções (Prominas), Fernando Viana Cabral, não vê uma solução no curto prazo. Responsável pela administração dos dois dos principais espaços para eventos da Capital - Expominas e Minascentro (no hipercentro) -, e reclama das condições em que encontrou os equipamentos.

"A Prominas é mantida, única e exclusivamente, com o arrecadado na locação do espaço, não existe nenhuma ajuda do Estado, nem mesmo para a folha de pagamento. 2014, como ano eleitoral, dificultou a captação de recursos e esse ano, com as dificuldades econômicas, a procura está abaixo da média. Algumas vezes somos criticados pela política de preços, mas ela precisa acompanhar o mercado para custear a Prominas", explica Cabral. 

Expominas

Principal esperança dos promotores de eventos e hoteleiros, a expansão do Expominas não parece ter uma solução simples ou rápida. A sugestão do presidente da Prominas é reduzir o edital para apenas a área do Centro de Feiras e abandonar a ideia original que incluía a construção de um shopping e um hotel.

"O que eu posso dizer em relação à expansão é que vou defender, junto ao governo, que partamos para algo menos grandioso. Eu defendo que façamos uma licitação apenas para o espaço de eventos e deixar os outros dois empreendimentos para a inciativa privada, de acordo com o que ela julgue interessante e lucrativo", afirma o presidente da Prominas, que projeta que a nova licitação aconteça até o fim do ano.

Algumas reclamações existentes em relação ao Expominas, porém, podem ter soluções mais céleres. "O Expominas tem hoje dois problemas estruturais: o primeiro relativo ao incêndio que aconteceu em janeiro de 2014 na arena (espaço de 3,5 mil metros quadrados e capacidade para 2 mil pessoas) e a solução junto à seguradora; e os galpões que perderam as divisórias acústicas. Buscamos, junto à Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais), informações e soluções. Também já nos reunimos com a empresa responsável pelo estacionamento, no sentido de modernizar a estrutura, e passaremos a fiscalizar não apenas os contratos, mas também a execução deles. Nós entendemos como corresponsáveis por tudo que acontece ali dentro e não podemos admitir, por exemplo, que um evento tenha metade dos seguranças exigidos, como já aconteceu", denuncia.

Maior espaço de eventos no centro de Belo Horizonte, o Centro de Convenções Israel Pinheiro da Silva, o Minascentro, ocupa uma imponente construção, em estilo neoclássico, projetado em 1926 pelos arquitetos Francisco Couchet e Arquimedes Memória. Em seus mais de 33 mil metros quadrados, pode receber até três grandes eventos simultâneos. Atualmente, tem sido alvo de críticas quanto à conservação e também o uso, abrigando eventos sociais que não causam impacto turístico.

"O Minascentro é um prédio tombado e que recebeu pouquíssimos investimentos nas últimas décadas e várias críticas são pertinentes. Já estamos licitando equipamentos para os banheiros, cortinado para o palco, cadeiras para obesos - de acordo com a legislação vigente - e novo tratamento para o piso. Também estamos preparando uma licitação para o tratamento acústico do Auditório Ouro. E, principalmente, estamos investindo em uma nova relação com o trade. Não chamo mais as pessoas que usam o Minascentro de clientes, mas de parceiros", destaca.