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Som, Letra e Harmonia

Toquinho conversou com Sou BH e detalhou momentos inesquecíveis de sua vida



Créditos da imagem: Rafael Ferreira
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Júnior Castro
22/11/19 às 20:00
Atualizado em 22/11/19 às 21:54

“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo. E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo. Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva. E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva”. Toquinho nos faz viajar em suas letras e melodias. Nesse mesmo embalo, o músico bateu um papo com o Sou BH e detalhou momentos inesquecíveis de sua vida.

São 54 anos de carreira e uma trajetória de imenso sucesso. Aos 14 iniciou aulas de violão com Paulinho Nogueira, em seguida estudou harmonia com Edgar Janulo, violão clássico com Isaías Sávio, orquestração com Leo Peracchi e Oscar Castro Neves. Contudo, a música surgiu em sua vida ainda na infância. “A primeira referência que tive foi o violino de minha mãe que, inclusive, era escondido em um guarda-roupa. Esse foi o primeiro instrumento que peguei nas mãos. Depois disso, o que entrou na minha casa foi a voz de João Gilberto, Tom Jobim, a Bossa Nova”, recorda.

Em entrevista ao Jornal da Tarde, na Rede Manchete, em 1996, ao lançar o disco À Sombra de um Jatobá, Toquinho discorreu sobre sua fascinação pelo instrumental. Ao Sou BH, ele detalhou um pouco mais sobre essa paixão. “Sou um violonista, basicamente, e gosto mesmo é de tocar violão. O compositor veio na sequência e o intérprete, posteriormente. Mas o que gosto, realmente, é tocar meu violão, é como me divirto. Gosto do aprimoramento técnico, de visitar canções antigas e tocá-las melhor, fazer uma digitação mais fluente. É uma busca pela perfeição, embora ela não exista”, explica.

Toquinho, sem dúvidas, é um dos músicos mais versáteis e aplaudidos do Brasil. Capaz de agradar a todos os públicos, ele nos contou como suas canções têm ultrapassado gerações. “Eu busco a emoção e não suporto a arte sem ela. O que não me emociona, coloco de lado, e procuro passar esse sentimento através da simplicidade, de uma coisa fluente, da harmonia com o ouvido humano, nunca com agressões. A música tem que explicar, informar, emocionar e passar verdade. Eu trabalho em consonância, harmonia, melodia, letra e intenção musical”, ressalta.

Durante o período da ditadura e da repressão militar, o artista morou durante um ano na Itália. De volta ao Brasil, Toquinho teve seu primeiro contato com o poeta Vinícius de Moraes. “Eu tinha gravado um disco na Itália, com o Vinícius, mas sem a participação física dele. Gravei a parte do violão e, quando ele recebeu o disco, quis saber quem era o músico. Nessa época eu tinha acabado de voltar e, como ele havia interrompido a parceria com Dorival Caymmi, me chamou para trabalhar. Foram várias canções, uma identificação muito grande. Foram dez anos e meio de parceria, confiança e muitos shows”, lembra.

Dando um salto no tempo, chegamos ao show que Toquinho fará ao lado de Badi Assad, no Grande Teatro do Palácio das Artes. A parceria entre os dois, por outro lado, vem de longa data, com vários espetáculos pelo Brasil e no exterior. “Um dia me falaram sobre a Badi e acabei ouvindo um CD dela. E tudo o que a gente precisa na vida é uma mulher bonita que toque violão e jogue sinuca. Ela não jogava sinuca, mas tocava violão. Aí fiquei com muita vontade de conhecê-la, fui a um show e, realmente, ela é muito exuberante. Ela transborda musicalidade, sensualidade, talento e técnica violinística. Então, eu tive muita vontade de trabalhar com ela e conseguimos”, explica Toquinho sobre seu primeiro contato com Assad.

Para o espetáculo, que ocorre dia 30, às 21h, eles preparam, além de grandes clássicos da MPB, novidades. “São canções e junções do meu repertório e coisas que nem sei direito, mas prefiro deixar para fazer surpresa”, faz suspense e completa sobre sua relação com o público mineiro. “Tenho uma intimidade muito grande com Minas Gerais. Fui casado 24 anos com uma mineira e tenho dois filhos com ela, ou seja, dois filhos meio mineiros. Além do que, vocês são um público cauteloso, ouvem mais, têm reações mais moderadas. Eu sinto que o público está ouvindo, talvez mais que em outros lugares”, conclui.