Toquinho conversou com Sou BH e detalhou momentos inesquecíveis de sua vida
“Numa
folha qualquer eu desenho um sol amarelo. E com cinco ou seis retas é fácil
fazer um castelo. Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva. E se faço
chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva”. Toquinho nos faz viajar em suas
letras e melodias. Nesse mesmo embalo, o músico bateu um papo com o Sou BH e
detalhou momentos inesquecíveis de sua vida.
São
54 anos de carreira e uma trajetória de imenso sucesso. Aos 14 iniciou aulas de
violão com Paulinho Nogueira, em seguida estudou harmonia com Edgar Janulo,
violão clássico com Isaías Sávio, orquestração com Leo Peracchi e Oscar Castro
Neves. Contudo, a música surgiu em sua vida ainda na infância. “A primeira
referência que tive foi o violino de minha mãe que, inclusive, era escondido em
um guarda-roupa. Esse foi o primeiro instrumento que peguei nas mãos. Depois
disso, o que entrou na minha casa foi a voz de João Gilberto, Tom Jobim, a
Bossa Nova”, recorda.
Em
entrevista ao Jornal da Tarde, na Rede Manchete, em 1996, ao lançar o disco À
Sombra de um Jatobá, Toquinho discorreu sobre sua fascinação pelo instrumental.
Ao Sou BH, ele detalhou um pouco mais sobre essa paixão. “Sou um violonista,
basicamente, e gosto mesmo é de tocar violão. O compositor veio na sequência e
o intérprete, posteriormente. Mas o que gosto, realmente, é tocar meu violão, é
como me divirto. Gosto do aprimoramento técnico, de visitar canções antigas e
tocá-las melhor, fazer uma digitação mais fluente. É uma busca pela perfeição,
embora ela não exista”, explica.
Toquinho,
sem dúvidas, é um dos músicos mais versáteis e aplaudidos do Brasil. Capaz de agradar a todos os públicos, ele nos contou como suas canções têm
ultrapassado gerações. “Eu busco a emoção e não suporto a arte sem ela. O que
não me emociona, coloco de lado, e procuro passar esse sentimento através da
simplicidade, de uma coisa fluente, da harmonia com o ouvido humano, nunca com
agressões. A música tem que explicar, informar, emocionar e passar verdade. Eu
trabalho em consonância, harmonia, melodia, letra e intenção musical”, ressalta.
Durante
o período da ditadura e da repressão militar, o artista morou durante um ano na
Itália. De volta ao Brasil, Toquinho teve seu primeiro contato com o poeta Vinícius
de Moraes. “Eu tinha gravado um disco na Itália, com o Vinícius, mas sem a
participação física dele. Gravei a parte do violão e, quando ele recebeu o
disco, quis saber quem era o músico. Nessa época eu tinha acabado de voltar e,
como ele havia interrompido a parceria com Dorival Caymmi, me chamou para
trabalhar. Foram várias canções, uma identificação muito grande. Foram dez anos
e meio de parceria, confiança e muitos shows”, lembra.
Dando
um salto no tempo, chegamos ao show que Toquinho fará ao lado de Badi Assad, no
Grande
Teatro do Palácio das Artes. A parceria entre os dois, por outro
lado, vem de longa data, com vários espetáculos pelo Brasil e no exterior. “Um
dia me falaram sobre a Badi e acabei ouvindo um CD dela. E tudo o que a gente
precisa na vida é uma mulher bonita que toque violão e jogue sinuca. Ela não
jogava sinuca, mas tocava violão. Aí fiquei com muita vontade de conhecê-la,
fui a um show e, realmente, ela é muito exuberante. Ela transborda
musicalidade, sensualidade, talento e técnica violinística. Então, eu tive
muita vontade de trabalhar com ela e conseguimos”, explica Toquinho sobre seu
primeiro contato com Assad.
Para
o espetáculo, que ocorre dia 30, às 21h, eles preparam, além de grandes
clássicos da MPB, novidades. “São canções e junções do meu repertório e coisas
que nem sei direito, mas prefiro deixar para fazer surpresa”, faz suspense e
completa sobre sua relação com o público mineiro. “Tenho uma intimidade muito
grande com Minas Gerais. Fui casado 24 anos com uma mineira e tenho dois filhos
com ela, ou seja, dois filhos meio mineiros. Além do que, vocês são um público
cauteloso, ouvem mais, têm reações mais moderadas. Eu sinto que o público está
ouvindo, talvez mais que em outros lugares”, conclui.