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Beer Chef ressalta a arte da harmonização cervejeira

Restaurantes foram desafiados a harmonizar pratos e cervejas e o resultado foi surpreendente



Créditos da imagem: Ana Garcia
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Prato do Kobes que uniu Alemanha e Itália
Redação Sou BH
21/01/15 às 20:24
Atualizado em 01/02/19 às 20:01

Por Camila de Ávila, jornalista Sou BH

Não há quem nunca ouviu ou falou a seguinte frase: “Hoje vou tomar uma cerveja gelada!” A cerveja é uma paixão nacional, e o Beer Chef, primeiro circuito gastronômico dedicado exclusivamente às cervejas especiais brasileiras, teve sua conclusão com três pratos harmonizados por semelhança ou contraste como vencedores, que foram escolhidos por um júri especializado. Os restaurantes Rimas dos Sabores, Kobes e Expresso 500, apresentaram receitas ousadas, criativas e cheias de aromas.

O primeiro lugar foi para o Rima dos Sabores do chef Juliano Caldeira intitulado Carvão Bock. Segundo Caldeira, “o prato foi feito para seguir nossa especialidade que é de usar ingredientes exóticos e, neste caso especifico, de mexer com três sentidos, visão (tinta preta para o file ficar parecendo um carvão), olfato (usamos um mini defumador para aromatizar a carne na hora de ir para a mesa e dar a sensação que acabou de sair de uma churrasqueira) e paladar (misturar isso tudo com sabores que se completem, molho feito com malte de cerveja e açúcar mascavo e canela para acompanhar a cerveja)”, explica.

O Rimas dos Sabores optou por fazer a harmonização do prato por semelhança já que a cerveja sugerida para o seu restaurante trabalhar foi a Eisenbahn Weizenbok, que tem como característica o forte aroma de banana, cravo e gosto de torrado. “Utilizamos um malte bem caramelado junto com canela, que é bem parecido com os maltes utilizados pela Eisenbhan. Jogando sobre o queijo coalho, que foi colocado no molho para dar consistência, que é neutro, misturando com o aroma de fumaça e a carne vermelha, achamos que essa mistura completa a cerveja”, explica. Caldeira afirma que “colocando juntos na boca se harmonizam sem nenhum deles se sobressair mais”. Juliano Caldeira diz que “o prêmio só nos inspira a cada dia ousar ainda mais”.

Já o restaurante Kobes criou uma receita que fundiu a Itália e a Alemanha. O chef Afonso Jorge Alves diz que “a receita foi uma experiência minha e da minha esposa, que é de Passo Fundo. Lá tem uma festa da colheita, chama Chapada Festa, e foi dessa lembrança que criamos o prato”, conta. O prato Fritz e Giuseppe, é composto por salaminho defumado e fatiado, cozido e grelhado na churrasqueira, acompanhado por pepino temperado à moda alemã, mais o molho da nonna, com tempero italiano, polenta frita e geleia de pimenta. “Fizemos a harmonização por contraste e semelhança com a cerveja Vinil 33- Bohemia Pilsen. Nessa bebida os lúpulos aparecem de forma muito intensa”, explica.

Afonso conta que a receita foi uma viagem à memória dele e de sua esposa. “Fizemos uma mistura de Alemanha e Itália. A minha mulher, Nair Gehrke, tem ascendência alemã, e nos conhecemos na Chapada Festa. Ela finalizou o prato que, para nós, é carregado de símbolos”, conta. Para o chef este prêmio é uma celebração. “O Chef Beer tem tudo a ver com a nossa casa, pois já temos um público cervejeiro”, afirma.

A terceira colocação ficou para o prato Floreado, do restaurante Expresso 500.  Segundo o chef Bruno Guimarães a produção deste prato foi muito pesquisada. “Produzir o Floreado foi muito trabalhoso. Inicialmente eu sabia que tinha que ter peixe, pelo meu gosto pessoal mesmo. Foi muita pesquisa para chegar no ponto do molho, sabe?”, conta. A cerveja sugerida para o Expresso 500 foi a Grimor 21, que tem em sua receita pétalas de rodas e hibiscos. A coloração é avermelhada e o sabor muito sutil. “Fizemos a harmonização por semelhança pensando em deixar o prato tão sutil quanto a cerveja. Por isso usamos o salmão com purê de mandioca e um molho agridoce de hibiscos levemente picante”, explica.

Para Bruno, que é chef há três anos e abriu o Expresso 500 em fevereiro deste ano o prêmio foi uma grande surpresa. “Este prêmio é uma motivação para nós. Concorremos com chefs e restaurantes de peso”, ressalta. Outro aspecto abordado por Bruno foi o que o circuito proporcionou para chefs e clientes. “Durante todo o Beer Chef tivemos cursos sobre a bebida e divulgação da arte da cerveja artesanal”, diz.