No competitivo cenário das cervejarias artesanais, destacar-se entre os gigantes não é tarefa fácil. Apesar do pouco tempo de existência, a Läut, cervejaria artesanal mineira fundada em 2016, em Belo Horizonte, tem rapidamente conquistado espaço não apenas em Minas Gerais, mas em outros estados do país.

Atualmente, a empresa não só produz cervejas, mas também expandiu seu portfólio para incluir uma linha de Gin próprio, o Jimmy, e adquiriu recentemente a Like Wine, marca de vinho em lata. Além disso, o lançamento do Venm, um drinque pronto, e da nova marca de vodka, a Jimmy Vodka, evidencia a busca contínua da Läut por inovação e novos mercados.

Em uma entrevista exclusiva ao Sou BH, o CEO Henrique Miranda abre as cortinas dos bastidores do universo das cervejas artesanais, revelando estratégias, desafios e planos futuros da Läut.

Como começou sua trajetória no mundo das cervejas artesanais?

Minha trajetória no mundo das cervejas artesanais começou profissionalmente há cerca de dois anos. Nos últimos 20 anos, estive como executivo do mercado financeiro em uma grande multinacional e tomei a decisão de galgar outros voos empreendendo. Nesse caminho, surgiu a oportunidade na cervejaria Läut, onde tenho me dedicado nos últimos dois anos ao trabalho de gestão da companhia. Apaixonado por cervejas desde então, descobri um mercado repleto de oportunidades. Falando especificamente da fundação e motivação da criação da Läut, isso se deve ao mérito do nosso sócio fundador, Henrique Neves. Apaixonado por cervejas artesanais, ele decidiu começar a fabricar cervejas de alta qualidade no fundo do escritório de advocacia do qual é proprietário, proporcionando à população um produto com excelente custo-benefício. Essa sempre foi a ideologia dele, um produto de qualidade, com bom custo-benefício e que pudesse agradar ao paladar de toda a população.

Como competir e se destacar em um mercado com grandes players, como a Ambev?

Competir com os grandes players do mercado não é fácil, não só no mercado cervejeiro, mas em outros também, onde existem grandes grupos concentrados. No entanto, acredito que o mercado busca algo diferente, novas experiências. Aqui na Läut, buscamos oferecer produtos de qualidade, proporcionando uma experiência e um paladar únicos. O Brasil é vasto e há espaço para todos. Passo a passo, estamos conquistando nosso espaço, começando em Belo Horizonte e expandindo para outros estados do Brasil.

Como você descreveria a filosofia por trás da produção de cervejas na Läut?

Por trás da filosofia de produção das cervejas da Läut, temos a premissa da qualidade, tanto no processo de produção quanto no produto final entregue à mesa da população. Essa é a principal premissa na qual não abrimos mão, de entregar um produto diferenciado, de altíssima qualidade. Temos uma diversidade muito grande de produção, com oito rótulos disponíveis atualmente, todos seguindo essa filosofia de qualidade e preço acessível.

Hoje qual é a produção da Läut, a cerveja está em quantas cidades e estados, qual o rótulo mais vendido e o faturamento anual?

Hoje, a Laut está presente em quatro estados e em mais de 60 cidades com unidades próprias, que são as nossas Laut Express, representantes exclusivos da nossa marca, responsáveis pela expansão do produto na cidade e região onde estão localizadas. Há uma grande concentração em Minas Gerais, mas também estamos presentes em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.

Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas mostra que, desde 2019 até o fim de 2022, as cervejarias absorveram 52,8% do aumento dos custos de produção. O repasse aos preços foi, segundo a entidade, de 14%. Como manter um negócio saudável com essa escalada dos preços dos insumos?

Sem dúvidas nenhuma, o desafio de absorção de custos versus o repasse na ponta para o consumidor final é o grande desafio que temos na gestão da companhia e no mercado cervejeiro como um todo. Os sindicatos, como o Sindibebidas, têm apoiado bastante em negociações coletivas para a compra de insumos, ajudando na negociação de preço, sobretudo para as companhias menores que competem com os grandes players do mercado.

A Läut e muitas outras cervejarias estão desbravando novos mercados, como o de gin. Qual é o motivo dessa expansão para os destilados?

Dentro da nossa companhia, tratamos como uma plataforma de bebidas, e isso está estipulado há mais de dois anos. Iniciamos com o gin, expandindo para o RTD (Ready-To-Drink), como o Venm, uma bebida mista que foi um sucesso. Recentemente, estabelecemos uma parceria com o Like Wine, lançando o primeiro espumante em lata do Brasil. Estamos lançando também nossa própria vodka, o Jimmy Vodka. Buscamos manter essa diversificação, mas sempre mantendo como pilar principal a produção de cerveja.

Falando em expansão, vocês adquiriram recentemente a marca de vinhos Like Wine. Como foi esse negócio?

Falando especificamente de expansão e da parceria com a Like Wine, foi algo disruptivo para nós. O produto é extremamente inovador e de alta qualidade. As sócias fundadoras do Like Wine sempre trataram esse produto com muito carinho e cuidado, desde a marca até a qualidade do produto e a apresentação. Temos sido muito bem recebidos ao desbravar um mercado com muito potencial de consumo. Acreditamos na embalagem em lata, que proporciona liberdade e praticidade ao consumidor. Estamos animados com as possibilidades que essa parceria traz para o futuro da Läut.

Poderia compartilhar uma história particularmente memorável ou um marco significativo na história da Läut?

Uma história recente e memorável que se tornou um marco para nós na companhia foi o lançamento do Venm. No carnaval deste ano de 2024, estivemos presentes no carnaval de Belo Horizonte e no carnaval do Rio de Janeiro. Especificamente, fizemos o lançamento oficial do produto na Sapucaí, durante o desfile das escolas de samba. Vivemos um momento memorável ao ver nossa marca como destaque de todas as escolas de samba que desfilavam na Sapucaí. Levar a experiência de um produto mineiro para terras cariocas foi marcante, e fomos muito bem recebidos. Sem dúvida, esse lançamento será lembrado como um marco na história da companhia.