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Cafés da rua da Bahia fizeram história na cidade

Rua da capital mineira abriga muitas histórias sobre encontros de poetas, pensadores e intelectuais mineiros



Créditos da imagem: Divulgação
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Gruta Metrópole
Redação Sou BH
15/06/15 às 03:29
Atualizado em 01/02/19 às 19:57

A rua da Bahia, localizada na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, nasceu como importante via de ligação entre o centro comercial da capital (Praça da Estação) e o administrativo (Praça da Liberdade).E, desde a década de 1920, a rua marca a história da cidade. Primeiro por se tornar, naquela época, centro da efervescência cultural de BH e, em segundo lugar, por abrigar uma série de estabelecimentos que eram frequentados por grandes pensadores, poetas e intelectuais.

Os “cafés” da rua da Bahia, na verdade, eram uma mistura de bares, confeitarias, mercearias, livrarias e padarias. “Eram ambientes familiares. Tinha bares grandes, cafeterias com bares no fundo que serviam cafés pequenos, cafeterias misturadas com confeitaria, todos frequentados pela elite intelectual e pela famosa família mineira. Ao longo do tempo esses estabelecimentos fecharam ou foram substituídos por outros”, explica Neuma Horta, historiadora e assessora da Diretoria de Marketing da Belotur.

Os mais famosos eram o Bar do Ponto, que ficava onde hoje é o Othon Palace Hotel. Ele tinha esse nome porque ficava em frente ao ponto de parada de bondes (hoje o Mercado das Flores). O Bar e Restaurante Colosso, que também foi muito importante nas décadas de 1920 e 30. Já o Bar do Grande Hotel funcionava onde hoje se encontra o Edifício Maletta. Ele ficava dentro do hotel mais famoso de Belo Horizonte e era frequentado por muitos intelectuais, jornalistas, políticos, artistas e outros.

Entre muitas livrarias, charutarias e lanchonetes, completavam o reduto dos intelectuais, lugares como o Bar Trianon, famoso por seu chope e empadinhas, e a Gruta Metrópole, que vendia produtos finos e importados e que funciona até hoje. “Todos os dias chega uma pessoa nova contando uma história engraçada que vivenciou aqui na Gruta. As pessoas dizem que as mesas eram redondas, cobertas por toalhas brancas e no teto tinham lustres luxuosos”, conta Regina Souza, gerente do estabelecimento hoje.Dessa forma, por meio dos depoimentos, Regina vai resgatando a história da casa, ao mesmo tempo em que lida com o saudosismo dos belo-horizontinos que passaram por ali há 40, 45 anos. Na Gruta de hoje, os pontos fortes são os pratos servidos no almoço, como a feijoada, carnes grelhadas e saladas.

Nesses espaços também eram realizados eventos de homenagem a pessoas ilustres e exposições de pinturas, já que Belo Horizonte ainda não possuía grandes centros culturais como hoje. Dessa forma, se tornaram locais de convivência de personalidades como Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Emílio Moura, Abgar Renault, João Alphonsus, Martins de Almeida, Gustavo Capanema e Milton Campos. 

Até os dias de hoje, a rua da Bahia é um importante espaço boêmio da cidade. Repleta de bares, lanchonetes e cafés, o local abriga um pouco da diversidade gastronômica mineira. O Café Metrópole, por exemplo, enfrenta picos de movimento na parte da manhã com uma demanda grande pelo tradicional pão de queijo com cafezinho, que retrata bem a identidade mineira. Já o Café Cultura Bar, localizado na esquina com Timbiras (e que não serve café), tem como ponto forte as porções servidas no happy hour da casa. “Os sanduiches e a carne de sereno são as especialidades. A música boa é que completa o ambiente, explica Matheus Leite, um dos três proprietários do local.

Homenageada pelo compositor Rômulo Paes (Rômulo Pais) com a frase "A minha vida é esta, subir Bahia e descer Floresta", que está gravada em um monumento na Praça Afonso Arinos, a rua da Bahia também já foi citada em textos de escritores renomados, como Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava.