Gastronomia

Cozinheiras que carregam sabedoria e tradições de Minas são homenageadas no Dia da Mulher

Mulheres de luta da cozinha mineira são tema de documentário do Circuito Gastronômico de Favelas


Créditos da imagem: Circuito Gastronômico de Favelas/Divulgação
Tributo a Lia, Marlene e Dirce também faz reverência à figura da mulher como guardiã de saberes e tradições ancestrais

Bossuet Alvim

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06/03/23 às 15:08
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Elas dominam o fino equilíbrio dos temperos, sabem de cor as técnicas mais tradicionais e conhecem a fundo as propriedades dos ingredientes que só existem por aqui. Sem as mulheres periféricas, mães e chefes de família que apuram e repassam o conhecimento ancestral ao longo dos anos, não teríamos a herança culinária que tanto orgulha os mineiros. As que dedicaram suas vidas a cozinhar, e que mantêm vivos os saberes produzidos na boca do fogão, são homenageadas pelo Circuito Gastronômico de Favelas, que apresenta neste Dia das Mulheres (8/3) vídeos documentais sobre três cozinheiras de BH: Dona Dirce do Alto Vera Cruz, Dona Lia da Barragem Santa Lúcia e Dona Marlene, do Taquaril.

As produções focam no que elas sabem e transmitem sobre a cozinha mineira, mas também abrem espaço para que estas mulheres revivam suas memórias de guardiãs deste conhecimento ancestral sobre a cozinha e o que comemos. Dona Marlene, que nasceu na capital, mas viveu seus primeiros anos às margens do Rio Doce, trouxe da vida ribeirinha os segredos de ervas e das plantas comestíveis que a natureza dá – e que exigem olhar treinado de quem já conhece seus potenciais. “A gente vivia na roça, não ia à farmácia, não comprava remédio, não ficava medindo pressão. O que a gente fazia era tomar uns chás todos os dias, um bom café, com broa ou mesmo cubu, uma quitanda originada da mistura de várias culturas”, ela se recorda.

Dona Lia, bem mineira, tem na fala a humildade de quem encanta sem pretensão. “Eu achava que eu não sabia cozinhar, mas pelo jeito, as pessoas gostam do que eu faço”, diz. Desde cedo em contato com a cozinha, seus talentos são conhecidos na Barragem Santa Lúcia e em toda a cidade – e também a levaram a atuar, com propriedade, em palestras sobre o assunto. 

Também acostumada ao sucesso de seu tempero, Dona Dirce representa a experiência e versatilidade da culinária de Minas, com sua vastidão de ingredientes e maneiras de construir sabor. “Já trabalhei em várias cozinhas, muitos restaurantes, grandes, pequenos e de vários estilos. Sou do interior e lá porco, galinha e peixe não falta”, ela explica. Mais uma vez, contudo, o segredo do sucesso que essa comida faz mora no conhecimento passado por tradição. “Eu aprendi a cozinhar com minha mãe. Todo domingo a gente matava uma galinha e fazia uma galinhada”, lembra Dona Dirce.

As homenagens às três cozinheiras de BH vão ao ar pelo canal Casulo Cultura no Youtube, no dia 8/3 a partir das 10h. Conheça mais sobre o Circuito Gastronômico de Favelas no Instagram do projeto.