Acidente do Barreiro: Câmara encaminha moção de repúdio contra sindicato e empresa de ônibus

Polícia Civil afirma que o inquérito deve ser concluído em 30 dias

Créditos da imagem: Abraão Bruck/CMBH
Redação Sou BH
09/03/18 às 20:05
Atualizado em 01/02/19 às 19:25

Representantes da BHTrans e da Polícia Civil responderam, em audiência realizada na Câmara Municipal, questionamentos sobre as possíveis causas e o andamento das apurações sobre o acidente ocorrido no dia 13 de fevereiro com ônibus do Barreiro que deixou cinco mortos e 16 feridos. Durante a reunião, que teve a presença de familiares das vítimas, ainda ficou decidido que a Comissão vai encaminhar moção de repúdio contra o Sindicato das Empresas de Transporte (Setra-BH) e a empresa Transoeste, além de requerer a comprovação do cumprimento de todas as normas do setor.

O Setra-BH e a empresa Transoeste, responsável pela linha, não compareceram à audiência da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário e afirmaram que não irão se posicionar antes da conclusão do inquérito e que estão fornecendo todo o suporte às vítimas e a suas famílias. Já os familiares presentes desmentiram que estejam recebendo qualquer apoio da empresa ou de alguma seguradora contratada por ela. 

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Diante da afirmação das famílias afetadas, os parlamentares anunciaram o encaminhamento de uma Moção de Repúdio pela omissão dos responsáveis e de uma solicitação ao prefeito Alexandre Kalil (PHS) para que convoque empresários e vítimas para tratar da questão.

Vistorias e contratação de seguro

O analista da BHTrans Sérgio Luís Carvalho, que representou o órgão, expôs as normas e padrões de vistoria determinados para as concessionárias do serviço e afirmou ter sido verificado o cumprimento, pela Transoeste, de todas as exigências previstas. Ele afirmou que a última vistoria do veículo acidentado, fabricado em 2010, foi realizada no último dia 26 de outubro e acatou a periodicidade determinada para os ônibus com mais de cinco anos de uso, além de atestar a regularidade de toda a documentação, inclusive a que se refere à contratação obrigatória de seguro de responsabilidade civil para respaldar os usuários. 

Reprodução/WhatsApp

Inquérito policial

Diante do acúmulo de ocorrências registradas no período do carnaval, que sobrecarregaram a delegacia, o titular da Delegacia Especializada em Acidentes de Veículos (DEAV) da  Polícia Civil, Roberto Barbosa Júnior, informou a escalação de uma equipe dedicada exclusivamente à apuração do acidente com a linha 305. Segundo ele, a empresa já enviou toda a documentação solicitada. Testemunhas e vítimas estão sendo ouvidas, incluindo os mecânicos que trabalham na manutenção dos veículos. Os proprietários e gestores da empresa serão intimados oportunamente. 

Questionado, o delegado garantiu que o resultado das perícias feitas no veículo e no local do acidente serão integralmente publicados ao final das investigações, sem qualquer omissão, e que os responsáveis serão devidamente penalizados conforme a lei. Com relação ao prazo para a conclusão do inquérito, ele informou que a previsão é de 30 dias para a conclusão.

Participação popular

Familiares e amigos das vítimas foram convidados a se sentar à Mesa e expuseram seus dramas e o descaso da empresa em relação às suas necessidades. Os testemunhos sustentam que as famílias não foram sequer procuradas pelos responsáveis pela linha, seguradora ou qualquer outra entidade vinculada a eles. Entre os feridos, há casos de perda de braço e amputação de perna, além de pessoas em estado de coma, o que gera traumas e dificuldades ainda maiores. Segundo eles, todos os sobreviventes relatam a falta de freio no momento do acidente, o que não poderá ser confirmado antes do término das apurações.

Motorista de ônibus aposentado, com 37 anos de experiência, que atualmente preside a associação de trabalhadores do transporte coletivo e suplementar, Jaderis Oliveira lembrou acidentes anteriores com ônibus na capital e alertou os participantes sobre as supostas irregularidades e abusos observados nas condições de trabalho e nas relações entre patrões e trabalhadores, sujeitos a sobrecargas e pressões responsabilizados por prejuízos decorrentes de evasão e assaltos.

Com Câmara Municipal de Belo Horizonte