Conheça os 30 pontos do Trem Vitória-Minas e entenda como funciona a viagem que liga BH ao ES, com paisagens, conforto e paradas.
Percurso do Trem Vitória-Minas revela paisagens do interior mineiro e capixaba ao longo dos 664 km entre Belo Horizonte e a região de Vitória
O Trem Vitória-Minas segue sendo uma das experiências ferroviárias mais singulares do país. Operado pela Vale, o serviço liga Belo Horizonte (MG) à região metropolitana de Vitória (ES) em uma jornada que percorre 664 quilômetros, passa por 30 estações e revela uma sequência de paisagens que vão de montanhas a rios serpenteando pelo interior dos dois estados.
Apesar de ser amplamente utilizado por moradores das cidades do trajeto, o trem também se transformou em atração turística. Para muitos viajantes, embarcar na composição significa resgatar uma memória ferroviária que, no Brasil, sobrevive em poucas linhas de passageiros.
A viagem dura cerca de 13 horas, mas o tempo parece correr em outro ritmo. Pelas janelas, surgem vilarejos, plantações, serras e trechos do Rio Doce, um cenário que acompanha boa parte do percurso. A cada parada, há um recorte da vida cotidiana do interior mineiro e capixaba.
Ao todo, são 21 estações em Minas Gerais e 9 no Espírito Santo, distribuídas entre municípios como Governador Valadares, Aimorés, Colatina e Baixo Guandu. Quem embarca não precisa ir até o destino final: o bilhete pode ser comprado para qualquer trecho, facilitando deslocamentos regionais e bate-voltas.
A composição conta com vagões climatizados, carro-restaurante, lanchonete e assentos divididos em classes que variam no nível de conforto. Há também estrutura adaptada para pessoas com deficiência, algo incomum em longos percursos ferroviários brasileiros.
O serviço é considerado o único trem diário de longa distância em operação regular no Brasil, um diferencial que reforça a relevância tanto para quem viaja por lazer quanto para quem depende da ferrovia como principal meio de transporte.
Por que tanta gente escolhe viajar de trem?
O apelo não vem apenas da nostalgia. Viajar sobre trilhos permite enxergar um Brasil que a estrada esconde, margens de rios, pequenas comunidades ribeirinhas, trechos de Mata Atlântica e rincões onde o acesso é mais difícil por rodovias.
Para além da contemplação, a passagem costuma ter valores competitivos e pode ser comprada para trechos curtos, médios ou até para a rota completa entre as capitais. A flexibilidade é um dos motivos que tornam o serviço essencial para moradores e atrativo para visitantes.
O trem parte diariamente da Estação Central de Belo Horizonte e termina na Estação Pedro Nolasco, em Cariacica, na Grande Vitória. De lá, ônibus urbanos ligam o passageiro às praias de Vila Velha e Vitória, fazendo da viagem uma alternativa econômica para quem busca o mar.
A partir de 2026, está prevista também a ampliação das viagens noturnas, o que deve aumentar a procura, especialmente na alta temporada.
O Trem Vitória-Minas não é apenas um meio de transporte: é uma travessia que resgata a memória ferroviária brasileira e convida o viajante a desacelerar. Em um país onde quase tudo se resolve de carro ou avião, cruzar dois estados pela ferrovia é, ao mesmo tempo, uma escolha prática e um respiro poético.