Descubra a canção de Milton Nascimento que inspirou histórias de recomeço e se tornou símbolo de superação para diversas pessoas
Símbolo de arte e resistência, a Alameda Travessia celebra o legado de Milton Nascimento e Fernando Brant.
Muitas pessoas ainda chamam o lugar de Alameda das Palmeiras ou Alameda Central. No entanto, o nome verdadeiro, Alameda Travessia, soa muito mais poético e carrega um significado profundo. A cidade escolheu esse nome para homenagear a música “Travessia”, que Milton Nascimento e Fernando Brant compuseram em 1967. Nessa obra, os autores misturaram amor, dor, crítica e esperança, revelando a sensibilidade de um Brasil que ainda enfrentava o peso da ditadura militar.
Ao longo dos anos, a Alameda Travessia abrigou inúmeros eventos importantes, inclusive políticos. Por isso, muitas pessoas afirmam que o nome simboliza a transição de um país silenciado pelo regime autoritário para uma nação que buscava liberdade e democracia. Esse sentido ganha ainda mais força porque o decreto que oficializou o nome foi publicado em 1984, justamente no período de redemocratização.
A canção “Travessia” também faz referência à última palavra do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, o livro que Fernando Brant mais admirava na época. A frase que inspirou o compositor diz: “O diabo não há! É o que eu digo, se for… Existe é homem humano. Travessia.”
Fernando Brant escreveu a letra, e Milton Nascimento a transformou em sucesso. Desde então, a canção conquistou o país e atravessou gerações. Com o passar do tempo, “Travessia”, obra emblemática do movimento Clube da Esquina, deu nome à alameda localizada na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.
A música inspirou inúmeras pessoas a recomeçarem. Entre elas, um advogado, uma empresária e um produtor cultural enfrentaram o fundo do poço, mas reencontraram forças para reconstruir suas vidas e abrir novos caminhos.
Consuelo Cavalcanti, empresária de 48 anos, enfrentou um período de grande dor em 2006, quando perdeu o marido, descobriu um câncer e soube da gravidez da filha adolescente. Mesmo abalada, reuniu forças para encarar o tratamento e superar a doença. O nascimento do neto representou, para ela, a renovação da vida. Hoje, curada e serena, Consuelo celebra a própria travessia com fé, gratidão e vontade de recomeçar.
Frederic Mozart Salles e José Machado Bueno também viveram suas jornadas de superação. Frederic, artista que tentou tirar a própria vida aos 30 anos, reencontrou sentido nas artes e aprendeu a valorizar a solidão e a liberdade. Já Bueno, advogado e aposentado, passou décadas preso à lembrança de um amor perdido, até que um problema de saúde o levou a repensar o futuro. Recuperado, ele se permite, enfim, acreditar em um novo amor e seguir em frente.
Assim, a Alameda Travessia não representa apenas um espaço urbano. Ela celebra a arte, a resistência e a capacidade humana de seguir adiante, mesmo diante das maiores dificuldades.