Descoberta científica foi feita em uma caverna na cidade de Pains, a cerca de 215 quilômetros de Belo Horizonte
Em uma expedição que une ciência e aventura, pesquisadores da PUC Minas, em colaboração com o Espeleogrupo Pains (EPA), fizeram uma descoberta significativa na cidade de Pains, a cerca de 215 quilômetros de Belo Horizonte. Durante as atividades de campo na Gruta João Lemos, foram encontrados fósseis da preguiça-gigante, um registro inédito para a região, conhecida por sua alta densidade de cavernas.
Os fósseis, que datam do Pleistoceno, período marcado pela presença da megafauna extinta no final da última era glacial, oferecem uma visão fascinante da biodiversidade que uma vez habitou a região. Cerca de 25% da ossada foi recuperada, incluindo partes críticas como o úmero esquerdo, ossos carpais, falanges, costelas, crânio fragmentado, vertebras esternais e osso palmar. Estes restos permineralizados fornecem evidências valiosas sobre a vida desses gigantes terrestres.
O Prof. Dr. Luiz Eduardo Panisset Travassos, docente do Departamento de Geografia da PUC Minas, destacou a importância do achado, não apenas para a paleontologia, mas também para a compreensão das características geográficas e ecológicas da região de Pains. A análise dos fósseis pode revelar detalhes sobre o habitat, comportamento e evolução da espécie Catonyx aff. cuvieri. “Podemos dizer que o animal atingiu a fase adulta pelas extremidades dos ossos longos, as epífises, estarem fundidas às diáfises, ou seja, corpo ósseo”, afirma.
Segundo o pesquisador Bruno Kraemer, o animal possuía uma estrutura corporal robusta, semelhante à de um novilho de 150 quilos, com um crânio tubular e membros atarracados equipados com garras poderosas. “A locomoção desse animal era peculiar e denominada de pedolateral, ou seja, pisava na face externa das patas. Além disso, seriam capazes de construir tocas no solo, para procriarem e se esconderem”, explica.
Os fósseis serão cuidadosamente preparados no laboratório do Programa de Pós-graduação em Geografia da PUC Minas e, posteriormente, integrarão a Coleção Paleontológica do Museu de Ciências Naturais da Universidade. Este museu abriga a maior coleção de mamíferos fósseis do Brasil e a segunda maior da América Latina.