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Era do gelo: fósseis de preguiça-gigante são encontrados em Minas Gerais

Descoberta científica foi feita em uma caverna na cidade de Pains, a cerca de 215 quilômetros de Belo Horizonte



Créditos da imagem: Ilustração Rodolfo Nogueira
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Simulação de uma preguiça-gigante, que habitou em Minas Gerais há mais de 10 mil anos
Redação Sou BH
05/02 às 13:48
Atualizado em 05/02 às 13:48

Em uma expedição que une ciência e aventura, pesquisadores da PUC Minas, em colaboração com o Espeleogrupo Pains (EPA), fizeram uma descoberta significativa na cidade de Pains, a cerca de 215 quilômetros de Belo Horizonte. Durante as atividades de campo na Gruta João Lemos, foram encontrados fósseis da preguiça-gigante, um registro inédito para a região, conhecida por sua alta densidade de cavernas.

Uma janela para o passado pré-histórico

Os fósseis, que datam do Pleistoceno, período marcado pela presença da megafauna extinta no final da última era glacial, oferecem uma visão fascinante da biodiversidade que uma vez habitou a região. Cerca de 25% da ossada foi recuperada, incluindo partes críticas como o úmero esquerdo, ossos carpais, falanges, costelas, crânio fragmentado, vertebras esternais e osso palmar. Estes restos permineralizados fornecem evidências valiosas sobre a vida desses gigantes terrestres.

Implicações científicas da descoberta

O Prof. Dr. Luiz Eduardo Panisset Travassos, docente do Departamento de Geografia da PUC Minas, destacou a importância do achado, não apenas para a paleontologia, mas também para a compreensão das características geográficas e ecológicas da região de Pains. A análise dos fósseis pode revelar detalhes sobre o habitat, comportamento e evolução da espécie Catonyx aff. cuvieri. “Podemos dizer que o animal atingiu a fase adulta pelas extremidades dos ossos longos, as epífises, estarem fundidas às diáfises, ou seja, corpo ósseo”, afirma.

Características únicas da preguiça-gigante

Segundo o pesquisador Bruno Kraemer, o animal possuía uma estrutura corporal robusta, semelhante à de um novilho de 150 quilos, com um crânio tubular e membros atarracados equipados com garras poderosas. “A locomoção desse animal era peculiar e denominada de pedolateral, ou seja, pisava na face externa das patas. Além disso, seriam capazes de construir tocas no solo, para procriarem e se esconderem”, explica.

Preservação e exposição dos fósseis

Os fósseis serão cuidadosamente preparados no laboratório do Programa de Pós-graduação em Geografia da PUC Minas e, posteriormente, integrarão a Coleção Paleontológica do Museu de Ciências Naturais da Universidade. Este museu abriga a maior coleção de mamíferos fósseis do Brasil e a segunda maior da América Latina.