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Bom exemplo! Gari da SLU transforma plástico em objetos para o dia a dia

Gerson de Castro aproveita as horas vagas para criar suas artes e ainda ajudar o meio ambiente



Créditos da imagem: Divulgação/PBH
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Redação Sou BH
24/02/18 às 20:46
Atualizado em 01/02/19 às 19:22

O que seria lixo vira arte quando chega às mãos de Gerson de Castro, gari na Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) há 32 anos e artista nas horas vagas. Absolutamente consciente da importância do trabalho que desempenha, tanto dentro como fora da SLU, Gerson alerta que o reaproveitamento do plástico pode causar impacto positivo no meio ambiente. Segundo ele, reaproveitar transforma vidas.

Gerson teve seu primeiro contato com a arte ainda criança, quando morava no interior, em Taquaraçu de Minas. “Com sete anos eu comecei a criar algumas coisas com palha, fazia vários objetos. Sempre trabalhei na roça e isso me ajudou muito a ter habilidade e força com as mãos”, conta o gari que há seis anos descobriu uma grande paixão: usar o plástico descartado por madeireiras em peças de uso diário. 

“Comecei a trabalhar na SLU como capinador de rua, mas já passei por várias áreas aqui dentro.” afirma. Hoje, Castro trabalha no caminhão de coleta de caçamba e aproveita os horários livres para criar suas peças. “Chego bem cedinho, antes de pegar o serviço às 8h da manhã e faço um pouquinho, na hora do almoço também aproveito para criar. Uso meu tempo livre aqui no trabalho e em casa para fabricar minhas peças e faço tudo sozinho”, explica. Ele conta que fazer esse tipo de arte é prazeroso, mas não é muito fácil. “Teve até um colega aqui da SLU que gostou tanto dos produtos que pediu para aprender, mas não deu muito certo. “O Zé Francisco, quando viu que não dava muito dinheiro, desistiu”, conta. Fala com ar de quem sabe que a arte tem também o papel de despertar o olhar das pessoas para algo que deveria incomodar. “Sem contar que machuca muito a mão para fazer. Estou acostumado, mas muita gente desiste ainda aprendendo”, explica.


Divulgação/SLU

Durante a entrevista ele começou a criar uma de suas peças e em pouco tempo estava pronta. “Levo mais ou menos 15 minutos para fazer uma peça pequena e 1 hora e meia para fazer uma grande. Um dia e meio dá para fazer um sofá”, ressalta. Gerson utiliza apenas as mãos, uma faca e o resíduo para a fabricação das peças. É um trabalho minucioso que demanda tempo do gari, mas vale a pena ao ver o cliente satisfeito com as peças. “Tem peça minha em vários cantos do Brasil e até Estados Unidos”, afirma. Sobre a quantidade de peças já produzidas, Gerson foi preciso: “Tem seis anos que faço, com certeza já fiz mais de cinco mil peças”, garante.

As peças são utilizadas para enfeites de festa de aniversário, vasinho de flores, cestas para pão, cesta de café da manhã, de roupa suja, cesto de lixo e tem até casinha de cachorro, sofá, cadeira e kit de pesca.

  

Gerson já tem o futuro planejado. Ele pretende se aposentar e descansar, mas a fabricação das peças vai continuar. “Essa arte aqui a gente não para, né? a gente se acostuma a fazer. Vou continuar fazendo por encomenda”, garante. 

Impactos do plástico no Meio Ambiente

A matéria prima utilizada para a fabricação das peças é o plástico que é descartado pelas madeireiras. Este é um material difícil de ser compactado e gera um grande volume de lixo. Ao ocupar um grande espaço no meio ambiente, acaba dificultando a decomposição de outros materiais orgânicos. A durabilidade e a resistência do plástico viram problema após o descarte. Como é à prova de fungos e bactérias, sua degradação é extremamente lenta e pode demorar mais de 100 anos até sua decomposição completa. Gerson, com seu trabalho, está ciente do bem que faz ao meio ambiente com suas produções. “Reaproveitar é deixar um planeta melhor para as crianças. É pensar no futuro e cuidar do nosso ambiente”, conta.


Divulgação/SLU

Da PBH