Luiz Fernando Ferreira explica sobre os sinais dessa doença e a cirurgia que deve ser feita para que o animal não perca a visão
Da mesma forma que os humanos, os cães também podem desenvolver catarata. Até pouco tempo atrás era muito comum ouvir de veterinários que era “normal” um cachorro ficar cego, mas o cenário não é o mesmo de antigamente. E o Giro 4 Patas conversou com o Luiz Fernando Ferreira (@luizfernandolucasferreira), médico veterinário especializado na área, sobre os sinais dessa doença e a cirurgia que deve ser feita para que o animal não perca a visão.
A catarata é uma doença que deixa o aspecto do olho azulado, fazendo com que o animal perca a visão conforme a doença se desenvolva. Ela tem em cão fator hereditário e algumas raças são mais predispostas, como o Poodle, Cocker Spaniel, Schnauzer, Labrador e Golden Retriever. Conforme a evolução da doença, o animal passa a esbarrar em objetos e se tornar mais inseguro para andar, mostrando que está perdendo a visão.
Para Ferreira, os avanços na oftalmologia veterinária com o emprego de técnicas e tecnologias devolvem a qualidade de vida aos cães e gatos, mas o acompanhamento de um especialista desde o primeiro ano de vida é determinante para prevenir e corrigir problemas de visão. “Afinal, nós sabemos como identificar (e buscar solução) quando estamos com um problema de visão, certo? Mas e os pets? Quem fala por eles”, argumenta.
Primeiro profissional em Minas Gerais a realizar cirurgias de catarata por facoemulsificação (cirurgia menos invasiva), que consiste na retirada do cristalino e substituição por uma lente intraocular, Ferreira explica que o tratamento é exclusivamente cirúrgico.
A técnica, similar à utilizada na catarata em humanos, exige uma lente intraocular especial, devido às diferentes características do olho dos cães. Inclusive, Ferreira colaborou para o desenvolvimento da primeira lente fabricada na América Latina, a ioVet, lançada em 2022, voltada exclusivamente para os olhos de cães, em parceria com a equipe de P&D da ViZoo Oftalmologia Veterinária, empresa de Belo Horizonte.
“Trata-se de uma lente intraocular de micro-incisão, considerada a mais fina do mundo, que se adapta a diversos tamanhos de olhos e tem como diferenciais alta performance e segurança; por isso, favorece a recuperação pós-cirúrgica. É fundamental advertir que somente médicos veterinários especializados em oftalmologia podem realizar tal procedimento”, descreve o médico que já realizou mais de 200 cirurgias desse tipo até o momento.
Não existe um jeito de prevenir o aparecimento da catarata, salvo no caso de diabetes. Uma diabetes diagnosticada e controlada ajuda a prevenir o aparecimento da doença. Pode-se diminuir a incidência não reproduzindo animais afetados, por ter carácter hereditário.
Como toda doença, quanto antes o tutor perceber a mudança nos olhos do cachorro, melhor a chance de evitar a perda de visão nos pets, visto que uma série de alterações oculares são fatores de risco, tais como a catarata, ceratoconjuntivite seca, uveíte e o glaucoma.
“Com relação à catarata canina, nem sempre os tutores notarão uma opacidade dos olhos, embora a progressiva perda da visão venha acompanhada de mudanças no comportamento, como esbarrar em objetos e móveis, não subir escadas, não correr para pegar brinquedos, manifestar ansiedade ou apatia”, elucida o Ferreira.
Assim, a conscientização dos tutores é fundamental neste trabalho de prevenção.
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