Foram encontrados cerca de 200 fósseis dessa espécie que já está extinta
Imagine uma preguiça do tamanho
de um boi… Pois não é só imaginação! O paleontólogo do
Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, professor Cástor Cartelle Guerra,
descobriu uma nova espécie extinta de preguiça gigante.
Segundo o professor da universidade,
o animal tem porte médio, do tamanho de um boi, e é uma forma intertropical diferente
das primeiras espécies encontradas no sul da Argentina, e depois nos Estados
Unidos. “Essa descoberta mostra a adaptação de espécies pelos trópicos. Com
base nos fósseis encontrados, muito provavelmente esse animal vivia em São
Paulo e subiu para Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Pernambuco e Paraíba, e
foi até a Venezuela, sem ultrapassar os Andes. Essa espécie é importante para a
ciência porque amplia o conhecimento de algo tão peculiar na América do Sul,
que são as preguiças, que têm origem sul-americana, mas migraram para o norte”,
explica Cartelle, que conta que a descoberta é fruto de 20 anos de pesquisa,
intensificada nos últimos quatro anos.
Foram encontrados cerca de 200
fósseis dessa nova espécie, o que, segundo o professor, é um número bastante
considerável e raro de se achar em uma mesma região, nesse caso, a
intertropical, em maior número na Bahia. “Duas características nesses fósseis
foram determinantes para a descoberta. A primeira, os dois crânios encontrados,
que nitidamente são da mesma espécie, mas de sexo diferentes, o que não
acontece com outros animais, e a segunda é a presença de ossinhos dentro da
pele, que representa uma herança de antepassados como o tatu”, ressalta
Cartelle.
O animal recebeu o nome de Glossotherium
phoenesis em homenagem aos funcionários, professores, alunos e técnicos do
Museu de Ciências Naturais da PUC Minas que contribuíram com a recuperação do
local após incêndio ocorrido em 2013, que destruiu parcialmente seu acervo.
Cartelle explica que Glossotherium é o nome genérico do animal, que
não pode ser mudado, e que a nova espécie descoberta foi denominada phoenesis,
em referência ao pássaro fênix, que segundo a lenda grega ressurgia das
próprias cinzas.
Com esse achado, a equipe do
Museu de Ciências Naturais da PUC Minas chega a seu décimo holótipo, ou seja,
descrição original de uma espécie, que serve como referência para as novas que
forem encontradas posteriormente. “A razão de nos dedicarmos tanto é para dar a
conhecer essa riqueza do passado. Isso é o principal. É descrever uma espécie
que ninguém conhecia e que andou por aqui enriquecendo nossa fauna
esplendorosa”, reforça o professor da Universidade.
A descoberta contou com a ajuda
de Gerardo De Iullis, paleontólogo do Museu Real de Ontário (Canadá),
Alberto Boscaini e François Pujos, ambos do Conselho Nacional de Pesquisa
Científica e Técnica (Conicet) da Argentina. O artigo
com a descrição da espécie foi publicado no Journal of Systematic
Palaeontology, uma das principais revistas de paleontologia do mundo.