Especialista analisa e esclarece dúvidas sobre as reais alterações e as motivações da Reforma do Ensino Médio
A Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) é um documento que determina quais são as aprendizagens
essenciais que todo estudante brasileiro, tanto de escolas públicas quanto de
privadas, devem desenvolver ao longo da Educação Básica. Aprovada em 2017, a parte
da BNCC para a Educação Infantil e Ensino Fundamental já está em fase de
implementação em todo o país. Já a parte do Ensino Médio foi aprovada pelo
Conselho Nacional de Educação e homologada pelo Ministério da Educação e
Cultura (MEC) em dezembro de 2018, e agora, as escolas correm para se adaptar à
Reforma do Ensino Médio, que deve estar implementada até o início do ano letivo
de 2022.
Porém, apesar dos educadores
já estarem familiarizados e preparados para atuar dentro desse novo contexto
pedagógico, pais, responsáveis e até os jovens que estão chegando ao Ensino
Médio, ainda têm dúvidas sobre o que muda e quais os reais benefícios dessa adaptação.
Claudio Sassaki, mestre em Educação pela Universidade de Stanford e cofundador
da Geekie, esclarece os principais pontos.
Segundo Sassaki, a motivação para implementar a Reforma do
Ensino Médio tem base em análises do desempenho dos estudantes, conduzidas por
organizações como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). De
acordo com os resultados, no Brasil, 43% dos estudantes ficaram abaixo do nível
básico de proficiência em três áreas avaliadas, sendo 55% em Ciências, 68% em
Matemática e 50% em Leitura, o que reforçou a necessidade de questionar o
ensino e buscar novas formas para gerar experiências de aprendizagem capazes de
elevar esses resultados de aprendizado. “Esses números mostram que 50% dos
nossos jovens não conseguem identificar a ideia principal em um texto de
extensão moderada; mais da metade não consegue interpretar e reconhecer a
explicação correta de fenômenos científicos familiares. Então, a nossa forma de
ensinar não está endereçando os desafios da aprendizagem. Essa reflexão explica
a necessidade de repensar e remodelar a educação no Brasil”, detalha.
Cláudio ainda dá destaque para o quadro grave de evasão escolar
no Brasil. É um desafio para os educadores superar a falta de interesse dos
estudantes, e currículos que geram interesse e novas possibilidades de estudo
podem ser uma saída. De acordo com o especialista, se antes o aluno percorria
três séries do Ensino Médio com um currículo fechado e sem opções, com a
reforma, ele poderá criar diversos ambientes de aprendizagem, ou seja, pode
escolher algumas disciplinas. “Com a pandemia há uma preocupação muito grande
que esse processo de abandono da sala de aula se acentue. Nesse sentido, a
Reforma do Ensino Médio – que oferece ao aluno a possibilidade de escolher
disciplinas em sintonia como o plano de vida desse estudante – pode transformar
essa relação com a escola; acredito que aumentará a percepção de valor e
sentido no aprender”, avalia o especialista.
Para Sassaki existem três principais mudanças na Reforma do
Ensino Médio, e todas elas estão atreladas ao objetivo de trazer mais
protagonismo aos jovens, garantindo o exercício dos direitos de aprendizagem. A
primeira é a ampliação da carga horária de 2.400 para 3.000 horas até o início
do ano letivo de 2022; a segunda, a elaboração dos currículos com conteúdos
norteados pela Base Nacional Comum Curricular; e, por último, os estudantes
podem selecionar caminhos distintos de formação, optando pelos que estão mais
em sintonia com os projetos de vida deles.
No
site do MEC também é possível conhecer e tirar dúvidas sobre a Reforma, com
vídeos, perguntas e respostas, e documentos para download.