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Você sabia que resíduos de feiras e sacolões são usados para gerar vida em BH?

Após um processo que dura meses, restos de alimento se transformam em adubo usado em praças e parques



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Redação Sou BH
29/09/17 às 14:30
Atualizado em 01/02/19 às 19:08


Pedro Antônio de Oliveira/SLU

Já passou pela sua cabeça que aqueles restos (um tanto nojentos) de feiras e sacolões podem ser extremamente úteis para manter o belo horizonte da capital mineira - e gerar e sustentar vidas? Pois, em BH, resquícios de alimentos como 
frutas, verduras e legumes são reciclados e reutilizados. Cerca de 40 estabelecimentos - entre sacolões e restaurantes públicos e privados - separam os resíduos e os disponibilizam à Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). 

Após um processo que dura meses, os restos que poderiam ser descartados em algum lixão viram adubo para praças e parques de Belo Horizonte. 
A média anual de produção de composto orgânico é de 1,2 mil toneladas. “Existe uma coleta regular diária nos sacolões das regiões Centro-Sul, Noroeste, Norte e Oeste, a partir de uma rota preestabelecida”, conta Ronaldo Marcucci Barbosa da Silveira, biólogo que atua na Central de Tratamento de Resíduos Sólidos da SLU, na BR-040, no bairro Jardim Filadélfia.

Segundo o especialista, ao chegar aos Centros de Tratamento da SLU, os resíduos passam por uma triagem, momento em que são retirados materiais como plástico, madeira, papelão e outros rejeitos. 
O biólogo lembra que as nove gerências regionais de Jardins e Áreas Verdes, que são ligadas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, disponibilizam para a compostagem a poda recolhida na cidade, enviando esses resíduos à SLU. 


Pedro Antônio de Oliveira/SLU

Com isso, eles passam por um triturador de galhos e folhas, permanecendo armazenados para, em momento oportuno, serem misturados gradativamente aos restos de frutas, legumes e verduras do sacolão. 

Processo

“Eles [os resíduos] são misturados com poda triturada e revirados por trator em pátio aberto, onde ficam por aproximadamente quatro meses”, detalha Silveira. 
 “Nesse tempo, o material é transformado em composto orgânico, por meio da decomposição por microrganismos presentes na própria massa do resíduo.” O produto gerado no processo, uma espécie de adubo semelhante ao húmus, é usado, por exemplo, nas praças e parques da cidade.


Pedro Antônio de Oliveira/SLU

As pilhas de resíduos, tecnicamente denominadas leiras, são molhadas periodicamente. Durante o processo de decomposição, o material é revirado semanalmente para se desagregar, evitando a compactação excessiva; oxigenar-se e manter a temperatura ideal. Nas duas primeiras semanas, temperaturas altas, entre 60°C e 70°C, resultantes da intensa atividade microbiana sobre o material, eliminam as bactérias patogênicas. Espera-se que, após 30 dias, a temperatura comece a baixar, até alcançar a temperatura ambiente. Amostras são recolhidas em todas as fases para análises físicas, físico-químicas, químicas e microbiológicas. O acompanhamento ocorre nos períodos de sete, 30, 60, 90 e 120 dias. 

Depois desses quatro meses de monitoramento, o composto está pronto para ser utilizado no plantio de gramas, folhagens ornamentais e árvores de médio e grande porte. “Ao produzirmos diariamente essa mistura com os resíduos orgânicos coletados e juntarmos à poda triturada, temos, pelo menos, uma leira por semana. Ao final do ano, são mais de 50”, destaca.


Pedro Antônio de Oliveira/SLU

O biólogo chama a atenção para o modelo de compostagem simplificada que está sendo desenvolvido pelo Departamento de Políticas Sociais e Mobilização da SLU nas escolas da Regional Norte. Em espaços reduzidos, como apartamentos e escritórios, é possível produzir composto orgânico em pequena escala, sem sujeira e cheiro desagradável.

Com Prefeitura de Belo Horizonte (reportagem de Pedro Antônio de Oliveira)