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A terapia com a ajuda de cães

Projeto voluntário conta com a ajuda de animais no tratamento de várias doenças



Créditos da imagem: Divulgação
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O animal traz para a criança soluções para seu problemas, inclusive na autoestima
Redação Sou BH
13/01/15 às 11:21
Atualizado em 01/02/19 às 20:03

Por Débora Gomes, jornalista do Sou BH

Que eles são os melhores amigos do homem, não há como negar. Além de serem ótimos companheiros, os cães podem também servir de auxílio no tratamento de doenças como depressão, autismo, síndrome de down, paralisia, entre outras. E é com esse foco que, há três anos e meio, surgiu o Cão Amigo Terapia, projeto voluntário que alia a área de saúde e educação com o apoio dos animais.

De acordo com a coordenadora do projeto, Luciana Villela, estudos comprovam que o contato com animais é benéfico em diversos aspectos. “Aumenta a produção de oxitocina (hormônio do prazer) e diminui a produção de cortisol (hormônio relacionado ao estresse), diminui a pressão arterial, melhora estados depressivos e de agressividade, favorece a interação social, o que é fundamental no caso de pessoas com autismo. Enfim, são inúmeros benefícios”, explica. 

Luciana é professora e cinoterapeuta, área na terapia realizada com a ajuda de cães. De uma vontade de trabalhar com pessoas com deficiência, principalmente com TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), surgiu o Cão Amigo Terapia. “Atualmente atendemos pessoas entre crianças e adultos com diferentes tipos de deficiências. Também estamos direcionados a área da educação, atuando na Escola Municipal Especial Frei Leopoldo duas vezes por semana”, informa Luciana.

De forma voluntária, diversas atividades de interação são realizadas, a fim de estimular os pacientes. “Os cães favorecem a interação, promovem a socialização, não julgam, o que faz com que aqueles que têm baixa autoestima se sintam mais a vontade, ou aqueles que se frustram facilmente, por não conseguirem realizar algo, percam o medo de realizar determinadas coisas”, explica Luciana. E os benefícios não param por aí. “Em alguns casos, somente a presença do cão já é suficiente para promover alguma mudança”, completa.

De acordo com Luciana, desde que se tenha criatividade, são inúmeras as possibilidades do que se pode fazer, desde brincadeiras com objetos até atividades que estimulam o movimento, lembrando que tudo é acompanhado por profissionais. “Na época da Copa do Mundo, por exemplo, trabalhamos as cores verde e amarelo, fizemos bandanas com tinta e carimbos para os cães. Só nessas atividades várias coisas foram focadas: coordenação motora, interação social, atenção compartilhada, limites (muitos tem TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - e não conseguem esperar sua vez)”, conta. “As vezes fazemos atividades que trabalham afetividade, carinho no animal e no colega, abraços, beijos. Já trabalhamos higiene dental, e aí escovamos os dentes dos cães e com dedeiras eles também tinham que escovar os seus”, completa.

Seja um voluntário

O primeiro passo para ser um voluntário é entrar no site e clicar na logo do projeto na qual está escrito “Seja um Voluntário”. Aparecerá, então, um formulário que deve ser preenchido e, após analisado, os organizadores do projeto entram em contato. “Não é tão difícil quanto parece. Quando falo da dificuldade de conseguir voluntários é porque, normalmente, as pessoas que nos procuram querem primeiro levar o cão”, comenta Luciana.

Segundo a profissional, antes desse passo, a pessoa tem que conhecer o trabalho para só então ver se vai seguir no voluntariado. “Muitas não conseguem lidar com algumas realidades e vão uma vez e depois desaparecem”, completa.

Por isso, antes de se envolver com esse tipo de trabalho, é preciso pensar bastante e analisar se haverá disposição para participar regularmente das terapias. “O primeiro teste é com a pessoa. Depois, caso a pessoa goste, queira realmente participar e tenha disponibilidade, aí sim vamos pensar em colocar o cão, pois aí já vem outra etapa que é ver se o animal tem o perfil necessário, o adestramento ideal, se se dá bem com outros animais, que tipo de reações pode apresentar em determinadas situações”, completa Luciana.